LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO
 Remexendo minhas coisas encontrei um pedacinho do meu passado. Nossa eu amo recordar tanto as coisas boas como as más. Vamos lá essa passagem é curtinha: Maio de 1974. Após sofrer bastante pelo mundo sem sossego, sem paradeiro, resolvi apelar pelo coração de mãe, pedir que me socorresse porque estava de barriga e não tinha onde morar. Depois de idas e vindas na casa dela, papai sem querer me
dar nenhuma chance, até mamãe convencê-lo deu trabalho, mesmo assim ele me aceitou sem me encarar. Peguei minha mala e cheguei. Parei em frente ao portão e olhei que Febo (cachorro) abanava o rabinho de felicidade e começou a lamber minhas pernas, nesse instante lembrei-me da música de Roberto Carlos que sempre esteve presente na minha vida por todos os momentos que passei, "O Portão". Meu coração bateu fortemente. Abracei  meu pai e pedi perdão mais uma vez. Eu não tinha jeito a minha vida foi aprontar e me arrepender falando que não fazia mais, depois esquecia que tinha prometido e fazia pior, e era assim, foi assim, e ainda continua assim, nunca consegui mudar para agradar a A ou a B. Voltando ao assunto, agora éramos em cinco: papai, mamãe, pai Joca , Ilna e eu. Este foi o meu primeiro dia na casa dos meus pais, no dia seguinte não me senti mais a vontade, me achava uma estranha, havia mudado muita coisa, eu sempre desconfiada, já não olhava mais nos olhos de meus pais, depois que saímos de casa e retornamos para morar não somos mais tratados como antes...Daí como se nada tivesse acontecido no meu pensamento que tudo voltaria ao normal com o tempo e que quis fazer antes desse tempo chegar falei pra mamãe: quero ir para barraca onde ela falou que não sairia mais de casa, os pagamentos que eram feitos por mim também fui dispensada, até o pão na padaria do senhor João Domingos que era minha obrigação de fazer o pagamento também não pude mais, agora tinha uma casa mais estava presa domiciliar só faltava a tornozeleira eletrônica porque não existia. Ficava o tempo todo dentro de casa, era horrível , mente desocupada, sem nada pra fazer se ao menos existisse uma internet, face book, e-mail etc. aí sim passaria o tempo, mas nem televisão eu assistia porque quando chegava a hora das novelas que os artistas davam aqueles beijos ardentes mamãe me olhava de tal forma que sentia vergonha e me retirava da sala. Pra não ficar tão monótona minha vida comecei a fazer o enxoval do meu filho. Enxoval... com que dinheiro? todo mundo pobre que sobrevivíamos só da barraca e costuras que mamãe fazia e também um salário mixuruca que ela recebia como professora? Mesmo assim sempre sobrava um trocadinho e mamãe com aquele carinho fazia as camisetinhas bordadas com rococó, franzido russo, casa de abelha etc. e tudo era um luxo só. Fomos à Recife e lá compramos: fraudas, mamadeiras, baú coisas da época que hoje não existe mais esse negócio de camiseta bordada. Pior de tudo é que eu nunca fiz um pré-natal, nunca tomei uma vacina, ultrassom nem se fala, por isso não sabíamos o sexo do bebê que foi a maior surpresa quando ele nasceu. Tudo estava pronto para o nascimento do meu filho. Para minha tristeza mamãe adoeceu. Meu Deus! mamãe doente não pode ser. Comecei a me preocupar porque há seis anos ou melhor no ano de 1966 ou 1967 ela havia feito uma cirurgia no seio esquerdo ou direito não lembro e o médio falou que a doença poderia voltar caso ela tivesse algum desgosto profundo. Não consigo terminar quando lembro desse assunto depois eu termino.


                         09/08/2014

  

Não sei o por quê desse ditado: mês de agosto, mês de desgosto. Realmente esse mês deveria ser para mim um mês de alegria e felicidade porque foi no finalzinho dele que nasceu meu primogênito. Nunca pude expor minha barriga, nem tão pouco fiz uma ultrassom. Nossa que tempo atrasado, hoje recordo como tudo aconteceu. Há 40 anos nascia no dia 29 ou 28 meu Deus me esqueci a data eu creio que foi
tanta ingratidão desse filho que me fez esquecer o dia exato de seu nascimento, só sei que foi em agosto de 1974, registrei-o um ano mais novo, porque quando fui dar os dados estava tão nervosa que errei o ano falei que era 1975. Meu Deus quanto desmantelo na minha vida, muitos altos e baixos ou seja mais baixo do que alto, agora melhorou um pouquinho, estou mais no alto devido minha estabilidade pessoal. Sou feliz e infeliz ao
mesmo tempo, tenho tudo e nada tenho porque sempre me falta o bem mais precioso de minha vida, meu pedacinho que saiu de dentro que mim, que dei a minha vida a ele, mas tudo é no tempo. Há tempo de plantar e há tempo de colher, estou na minha colheita, uns frutos apodrecidos, horríveis de degustá-los, contudo faço uma boa digestão ao digeri-los .Na minha plantação creio que reguei bem meu fruto, protegi-o das lagartas, da seca deixando-o bem molhado, adubei-o bastante para crescer forte, sobretudo não deu certo.
     Domingo dia dos pais, eu não tenho o meu para homenageá-lo mesmo assim não era querida por ele devido os vexames que o fiz passar, se fosse hoje tudo seria normal, não haveria nenhum preconceito e eu teria ganho tanto dinheiro em processar as pessoas daquela época que me descriminaram... eu sei o nome de todas, jamais esqueci, também como esquecer pessoas que nos causaram mau?
      Ontem fez um mês que escrevi algo, estava impossibilitada de escrever, levei cinco pontos no meu dedo mindinho agora estou quase boa. Não tenho mais face, aconteceu vários motivos para que eu o excluísse, fiquei apenas com meu blog onde escrevo o que quero, posto o que quero, e leem quem quer sem precisar fazer algum comentário, também se comentar tanto faz. Meu e-mail quase que fico sem ele também por pouco não o perdi, a sorte foi minha sobrinha que o recuperou, pelo menos recebo notícias de Guiomar que sempre quando pode me envia algumas mensagens.
       Por hora é só, já escrevi bastante, hoje não teve nenhuma obra de ficção, porém amanhã vou contar uma que me falaram, acho que vou me emocionar bastante quando relatar os fatos.


                                    08/08/2014

Obs. Estou de carro novo, mas tenho muita saudade do meu fusca.