DANIEL ALFONSO BROGINI INAJÁ GOMES NUNES
Hoje Deus me presentou com o maior tesouro aqui na terra. Todos os dias incansavelmente eu pedia a Deus que não me deixasse partir sem antes conhecer pelo menos por uma fotografia o meu filho que doei em São Paulo porque não tinha condições de criá-lo e um médico chamado Dr. Fabricio que se prontificou em adotar meu filho, me acompanhando no pré- natal, me dando remédios que não podia comprar e até mesmo o dinheiro da passagem para ir nos dias de consulta. Nove meses se passaram até que chegou o dia do seu nascimento. E no hospital de Santos na Beneficência Portuguesa as 18:00 nascia meu filho de parto normal porque não deu tempo de fazer uma Cesária para fazer minha laqueadura. Na hora que a criança estava nascendo falei que não queria saber o sexo, mas a enfermeira muito empolgada com aquela criança, segurou-a de cabeça para baixo e falou bem alto: Que menino lindo! Perfeito. Eu reclamei: Não falei que não queria saber o sexo? E ela levou meu filho. Sozinha naquele apartamento as dores já haviam passado eu comecei a chorar. Como pode, eu passar nove meses com meu filho e agora ter que doar porque não tenho condições de criá-lo? Por volta das 2:30 entra uma enfermeira com um meninão nos braços e pergunta: __ Tem leite mãe? Sim, chega que está transbordando. A enfermeira fala: Então amamenta esta criança que tem uma mãe desnaturada que não quer nem vê-lo e o bebê está com fome. E já ia colocando ele em meus braços quando eu li uma faixa enorme com meu nome escrito sobre ele. Falei alto: Tire-o daqui porque a mãe desnaturada sou eu, se por um acaso eu amamentá-lo não terei mais coragem de dar. Por favor leve-o embora. Foi aí que começou meu sofrimento. Meu filho amado, nunca mais o veria porque tinha dado minha palavra ao Dr. Fabrício que jamais o procuraria. Cheia de pontos me levantei e fui até o berçário, e através dos vidros pude ver de longe aquele pacotinho enrolado, contudo seu rosto não dava para ver só a faixa que estava escrito o meu nome. Saí dali arrasada. Dois dias se passaram até que recebi alta. Fui comunicada pelo Dr. que teria de levar a criança nos meus braços e que quando chegasse no térreo passaria para o casal que me iria me acompanhar, deveria manter minha cabeça baixa e não conversar. Quando cheguei no térreo entreguei o meu filho a uma senhora alta, magra, cabelos curtos e branca, ela não parecia ser brasileira. Daí pensei: Nunca mais vou ver meu filho. Ela então abriu a bolsa retirou de dentro uma manta linda e o envolveu aconchegando-o com tanto amor e carinho entrou no carro e partiu, enquanto eu, me sentei na calçada chorava tanto e ao mesmo tempo sangrava. Meu coração estava partido. Terminou minha vida ali. Como pude ter coragem de fazer uma coisa daquela? Fazendo: Sem casa para morar, sem marido, sem pai nem mãe, sozinha naquele fim de mundo, como iria sustentar meu filho? Iria ser moradora de rua? Não era meus planos, saí do interior de Pernambuco para o sul do País com um objetivo de subir na vida não regredir. Em Janeiro estava de volta a minha terra Natal. Não irei contar detalhes chega de tanto sofrimento e lamentações, não quero que me achem de coitadinha e tenha pena. Continuando...
Todos os dias eu pedia a Deus que não me deixasse morrer sem conhecer meu filho. Muitos anos se passaram e eu envelhecendo e pedindo a Deus que eu encontrasse meu filho. Fiz cartas para os programas de TV, mandava e-mail para pessoas que encontravam pessoas desaparecidas e nunca obtive resposta. E eu só chorava, era uma dor na alma que parecia uma lança transpassando meu coração. Hoje acordei com duas ligações do pai de meu filho. Em seguida a foto de um rapaz e escrito: Esse é teu filho que está te procurando. Deitada estava, deitada fiquei. Será que estou sonhando? Abri os olhos e olhei o celular e estava ali o meu maior tesouro perdido aqui na terra que era meu filho e que agora ele havia me encontrado. Através de áudios. errei o ano do seu nascimento. Estava tão nervosa que nem sabia o que falar a não ser chorar, desta vez não era de tristeza e sim de alegria. Depois que falamos ele disse que nem era preciso fazer o DNA porque falei coisa que só a mãe dele poderia saber. Marcamos para falar a noite porque ele estava trabalhando. Meu Deus amanhece e não chega 19:00 horas... Foi aí que ele mandou perguntar se poderia ligar. O coração disparou. Atendi a ligação de vídeo e paralisei. Olhava aquele homem fixamente e as lágrima caiam como cachoeira, até que o silêncio foi quebrado e falei com meu filho. Hoje foi o dia mais feliz de minha vida, pedi perdão a ele e expliquei o motivo pelo qual teria lhe doado. Conversamos três hora e mais alguns minutos, por mim ainda estaria conversando, afinal tanta coisa tinha para lhe contar... Ele falou que irá sair de férias em Maio e eu estou contando os dias para o receber em minha casa. Sair, passear, mostrar a praia do Sol que é meu refúgio, talvez ir até o lugar onde nasci ..... Muitos planos. Deus missão cumprida. O Senhor me deu tudo que eu queria agora posso descansar em paz porque conheci o meu filho perdido há 45 anos. Obrigada Senhor por receber essa dádiva divina.
OBS: São 4 horas da manhã e ainda não consegui dormir estava ouvindo os áudios do meu filho para ver se realmente estou acordada ou dormindo.
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