Estamos morando em
João Pessoa. Compramos uma casa, fizemos à mudança eu tinha
saído do emprego comprei a geladeira nova, ou melhor, dei a entrada, a casa era
nova tudo novo até o fogão era novo. Passaram-se os dias e viajamos a
Petrolina. Lá você pegou dinheiro e compramos um telefone. Nosso compadre apareceu para nos visitar daí vendemos a outra casa porque nós
não íamos voltar a morar lá. Você pegou uma parte em dinheiro me deu e outra parte paguei o restante da geladeira,
compramos uma moto. Mesmo morando aqui em João Pessoa você
voltou a trabalhar no Recife aonde ia na segunda-feira e só voltava na sexta-feira à noite
ou a tarde. As viagens estavam ficando cansativa daí você falou
para mim: Recife já deu o que tinha de dar, vou me aposentar, vou pendurar meu
alicate e montar um negócio para mim aqui.

Falei que estava tudo bem seria
melhor. Nosso compadre veio nos visitar outra vez e você fez outra troca. Pegou
a Brasília e deu a moto. Ficamos com o Chevrolet. Agora tínhamos o Chevrolet e a Brasília. Tornamos a viajar a
Petrolina onde trouxemos algum trocado, lá também não estava dando mais certo.
Daí você botou uma oficina de ventiladores, nesta época você já tinha trocado a
Brasília em outro carro, vendeu a troco de nada, tinha perdido também o Chevrolet porque começou a trabalhar com um político e tinha jogado o carro na campanha. Ou época ruim foi aquela... Tudo bem você arranjou um quebra galho mais eu
sofri três meses que para mim valeu por três anos. Suas saídas pela manhã às
vezes nem vinha almoçar e a noite dava só uma passadinha para dizer que estava
vivo e só vinha aparecer no outro dia. Sei de tudo quanto você pintou naquela
campanha, as mulheres com quem você saía depois da compra do fiteiro onde fui
trabalhar e o pessoal comentava: esta é a mulher daquele cara que saiu com
fulana e cicrana etc., Foram tantas mulheres que você me esqueceu. Quantas noites acordadas sentada no
terraço na cadeira de balanço contando os minutos, as horas, e vendo o dia
amanhecer e nada de você chegar, lembro-me um dia que já passava das 05h30min
da manhã eu estava chorando quando você chegou. Corri me deitei para não dar o
direito de dizer que estava acordada. Daí fiz que estava dormindo você chegou e
deitou-se. Na manhã seguinte fui reclamar e você falou brabo comigo dizendo que
estava trabalhando. Um dia passou com moças ou mulheres não sei em frente de minha casa, era uma galega
que estava sentada na frente parecendo que era sua esposa e no dia seguinte a
intimidade foi tanta que até a escova de cabelo estava dentro do cofre do
carro. Queria tanto trabalhar contigo você nunca deixou porque a safadeza era
demais e não adiantava dizer que era mentira porque você me rejeitava. Lembro-me que um dia eu estava com vontade de receber carinho, afeto, realmente
eu estava carente, você chegou era umas 02h00min horas da manhã te abracei e
fui te beijar você falou que tinha nojo de beijar minha boca, que isso era
nojento então te chamei para fazer amor e comecei a te acariciar em troca ouvi:
Você não tem vergonha, só pensa em fuder, fuder, você já está velha eu tinha apenas (trinta e dois anos) e ele 28 diferença de quatro anos. Se isso
foi da boca pra fora não sei, sei que quando a boca vem dizer o coração está
cheio. Virei-me para outro lado e mais uma vez ensopei meu travesseiro de
lágrimas.
Sentia-me desprezada, você só pensava nas mulheres de fora, nos brotinhos eu
pra você eu já era um osso desgastado sem carne e sem gosto. Um dia houve um Show na praia eu queria
tanto ir, mas fiquei sozinha você falava que não era ambiente para mim, mentira
já era encontros que você tinha marcado. Quando o homem despesa a mulher de
casa é prova que tem outra, eu só fazia chorar. Terminou a campanha cada qual
pro seu lado o político nem lhe procurou e você perdeu carro e mulher. Tudo bem
foi viver da oficina. Como você sabia rebolar, era desenrolado conquistou o povo e
fez freguesia. Minha feira de verdura parecia que era pra 15 pessoas, nunca vi
tanta fartura. Certa vez você foi para Recife pegou um trabalho bom e me comprou um fiteiro
ano 90. Desse fiteiro eu comecei a trabalhar e ter meus trocados daí começou o
aperreio você resolveu então se escorar em mim não querendo mais comprar nada
pra dentro de casa falando que o fiteiro dava pra me sustentar. Só fazia feira
de verdura e carne e os cereais, luz, água, telefone por minha conta. Depois
você comprou outro fiteiro e colocou em frente a sua oficina, As coisas estavam
melhorando, você pensou que estava rico e começou a pagar passagem de seu irmão
semanalmente para mandar feira para sua mãe no Recife.
Obs: Depois que ganhei esse fiteiro tudo mudou, minha vida tornou-se como queria e comecei a arranjar namorado, nossa foi minha melhor época me vinguei de tal forma que sentia o gosto do mel de tão doce que foram minhas traições, e olhe, não me arrependo de nada, fui muito feliz como todos, não citarei nomes porque alguns já morreram, outros estão casados, outros já eram casados e assim por diante. Saí muito com Biu, Zefinha, Rosa, Zinha, para dançar enquanto você estava viajando, e só chegava altas horas da noite, foi muito bom quem não gostava era meu filho que morria de vergonha do meu comportamento, agora o do pai tudo poderia fazer agora eu não. Não dava importância nenhuma aproveitei todos os momentos de minha vida.
Continua parte VI