LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO

Nesse momento ouço som alto na rua. Estamos numa pandemia mas as festas juninas continuam sem nenhuma preocupação, só está proibido mesmo os pequenos comerciantes de fazer suas vendas para sobreviver. Desde o dia 17 de março que está tudo paralisado, estamos em quarentena por tempo indeterminado. Durante esse período só saí umas cinco vezes mesmo assim muito rápido para não contrair esse maldito vírus porque sou de risco. Para mim o ano 2020 não existiu. Chove, escuto os fogos, tenho pena de minhas duas cachorras que não gostam de fogos. Estou como sempre sem sono e faz muito tempo que não escrevo nada, não tenho cabeça para fazer minhas poesias nem tão pouco contar histórias que o povo me conta, contudo me deu um aperto muito grande em meu coração hoje. Não quis falar com ninguém, porque hoje faz exatamente 42 anos que perdi meu avô (Pai Joca). Nessa época estava em São Paulo grávida de seis meses. Meu Deus como sofri por não poder ver meu avô pela última vez, ele que tanto me ajudou, me acolheu, compreendia meu sofrimento enquanto meu pai me expulsava de casa. Quando recebi a notícia não pude fazer nada a não ser chorar... chorar por não poder vê-lo, chorar porque estava há muitos quilômetros de onde morava, chorar por está grávida mais uma vez, longe de tudo e todos, se não fosse um homem que me estendeu a mão falando que o filho era dele para eu poder morar na casa de seu pai eu estaria frita naquela vila perigosa, porque o pai biológico havia me abandonado. Com pés inchados, o tornozelo parecendo que ia estourar de ficar sentada porque passava mais de 12 horas com as pernas penduradas, era uma cobradora de ônibus, profissão que uma mulher não poderia exercer naquela época, mesmo assim me orgulho de tudo que fiz, fazia a linha Santos Cubatão. 

Empregada doméstica, garçonete, cobradora de ônibus, caixa de supermercado e Deus honrou todo meu trabalho, mesmo com 17 anos, o livro da vida me ensinou a viver. Nunca vendi meu corpo nem tão pouco procurei ganhar dinheiro ilícito. Tive meu filho. Este ano no dia 16 de setembro fará 42 anos, não o conheço porque dei na hora que nasceu.  Era um menino lindo que a enfermeira me falou. Hoje tenho condições de procurá-lo, mas onde? Não tem um dia que eu não pense nesse filho. Pergunto a Deus todos os dias: Senhor, será que irei morrer sem conhecer meu filho? explicar a ele os motivos pelo qual não pude criá-lo? Falar que fui abandonada pelo  pai porque era muito novo, não sabia o que queria da vida, me magoou muito, me trocou por outra, me bateu, me humilhou, etc. hoje já encontrei com ele e não tenho mágoa nenhuma, tive que passar por aquilo, ninguém foge do destino. Ele tinha muita vergonha de mim, falou que jamais andaria de mãos dadas na cidade onde nasci, tudo isso porque eu era mãe solteira, nunca me deu valor, não sabia ele como eu era especial, inteligente, bonita, um futuro brilhante, estava só a espera de uma oportunidade para mostrar minhas qualidades. O tempo passou e aos poucos fui adquirindo tudo que imaginei. Terminei meus estudos já com 50 anos, fiz Pós Graduação, escrevi meu livro de poesias onde sou considerada uma Poetisa porque meu livro está registrado na Academia Brasileira de Letras, tirei minha habilitação, sou aposentada, comprei meu carro, tenho minha casa e um marido.    
Hoje tenho uma velhice tranquila que tanto pedi a Deus, nada tenho, tudo é do Senhor, mas Deus foi e é misericordioso para comigo que atendeu meu pedido. Agora com 64 anos sou uma mulher realizada onde procuro agora só colher o que plantei. Totalmente independente, vou pra onde quero, saio a hora que quiser, como o que gosto, não tenho obrigação com nada, totalmente livre para voar como uma GAIVOTA. Só tenho que agradecer a Deus por tudo que Ele fez e tem feito por mim, e estou aguardando agora a hora de ir me encontrar com Ele porque já alcancei todos meus objetivos, mas creio que Ele não me levará enquanto eu não encontrar meu filho. 

OBS: Essa não é uma obra de ficção. Sei que meu blog é lido no mundo inteiro e peço se alguém puder me ajudar a encontrar a criança que gerei ficarei muito grata

NASCEU NO DIA 16 DE SETEMBRO DE 1978 NA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE SANTOS ( SÃO PAULO). QUEM FICOU RESPONSÁVEL POR ELE FOI UM MÉDICO QUE SÓ LEMBRO O PRIMEIRO NOME DR: FABRÍCIO QUE FALOU PRA QUE EU NUNCA O PROCURÁ-LO  PORQUE IRIA CRIÁ-LO COMO SE FOSSE SEU FILHO, CONTUDO NO DIA UMA MULHER ALTA, MAGRA,CABELOS BEM CURTOS E UM SENHOR QUE NÃO OLHEI BEM FOI QUEM PEGOU MEU FILHO E O ENROLOU EM UMA MANTA E O ACOLHEU EM SEUS BRAÇOS, ENQUANTO EU ME SENTEI NO CHÃO DE UMA CALÇADA  E CHOREI COPIOSAMENTE . 


                                      24/06/2020.