Há mais de meio século em
uma cidade de um interior morava uma família muito pobre, onde as panelas eram
de barro e o fogo de lenha, em época de inverno a lenha estava verde, mas como
Deus dá inteligência ao homem e o que era feito: descascava a laranja, tirava a
tira inteira e pendura na ripa do telhado para que ela secasse e daí era igual
a gasolina. O pai naquela época muito trabalhador, mas sem estudo, vivia da
agricultura e tudo que pegava era para dentro de casa. O tempo ia passando e as
coisas iam ficando mais difíceis, e com quatro filhas para criar, sem ter ajuda
a não ser de Deus, muito embora a sua esposa trabalhava também, porém a carestia
na época era grande, fruta se tinha mais os supérfluos nem pensar, só quando
estava doente. Certo dia o pai chegou em casa já era tarde e tinha sobrado na
venda dos pães, um pão francês, suas quatro filhas estavam já dormindo, então
ele partiu aquele pão em quatro pedaços e acordando uma por uma foi colocando
aquela fatia na boca delas porque pensava: não irão ter fome, tá de barriguinha
cheia, tinha uma delas que nem queria, estava com tanto sono que não tinha
forças nem para mastigar, mesmo assim comia. Certo dia o pai chegou mais cedo
em casa e dessa vez trouxe um pão crioulo ( é aquele pão de dois lados) entregou
a sua esposa e ela cortou quatro rodelas deixou dentro de um prato e aguardou
chegar mais tarde para dar a cada uma seu pedaço, porque dentro daquela casa ninguém
poderia pegar nada, tinha que ser tudo igual, para um não comer mais que o
outro. Chegou a hora. Quando a mãe foi contar só tinha três. O rato não teria condições de levar um pedaço daquele, tinha que ser uma de suas filhas. Ela ficou brava e
perguntou; QUEM COMEU UM DOS PEDAÇOS? Todas
quatro de cabeça baixa e ninguém se acusava. Nossa parecia um quartel.Então ela foi pegou uma corda ( fininha, porque a grassa era fofa e não doía, boa mesmo era
aquela bem fininha e novinha chega que brilhava, parecia que tinha passado óleo
de peroba) e falou: Aquela que falar a verdade não irá apanhar porque já é
tarde, vamos quem comeu? Uma delas respondeu: fui eu. Sua mãe: por que não
disse logo? teria evitado tudo isso, agora já que você comeu o seu pedaço não
irá comer mais. Pegou e dividiu para as três. A verdadeira que tinha
comido, pesou a consciência e foi atrás da irmã e falou: tome, é seu, fui eu
que comi. Sua irmã chorava muito, com medo que todas pudessem apanhar daí ela
resolveu assumir um crime que não havia cometido. Mais a irmã que havia comido, fez de
tudo para que ela pegasse o pedaço de pão contudo não teve jeito, não pegou. Só
sei até aí porque o final quem me contou não lembra, mais eu duvido que ficou só
aí, tenho certeza que no dia seguinte sua mãe a chamou e falou: Não dei em você
ontem porque era a noite agora você vai apanha pra nunca mais mentir nem pegar
coisa que não deve (essa é minha dedução, que Deus tenha misericórdia de meus
pensamentos e me perdoe)
OBS: Essa é uma obra de
ficção, qualquer semelhança será mera coincidência.