Voltei para você onde passei dois meses sem ver a luz do sol, uma presa condicional, mesmo assim aceitei a prisão como castigo pelo crime que não havia cometido. Você me humilhou, chegou até a querer me vender como se fazia antigamente com as escravas e eu aceitei tudo porque ti amava. A prisão acabou e você falou que eu estava livre que iria confiar em mim outra vez. Saímos juntos pela primeira vez para olharmos o carnaval no centro da cidade. Estava tão fraca
que não consegui andar e pedi para voltar. Minha pernas trêmulas mesmo assim fui me habituando e consegui voltar ao normal. Nunca mais tive paz. Nessa altura eu já estava morando na casa de sua mãe, você havia alugado uma casa e trocou com ela. Seu irmão morava conosco. Depois sua mãe pediu a casa e trocamos. Tudo bem, com brigas, mas continuávamos vivendo juntos. Chegamos a viajar à Petrolina, Recife, Bom-Jardim, Rio Formoso, Tamandaré, Igarassu, Carpina, Juazeiro da Bahia, Orocó, Cabrobó etc. Todos esses passeios foram feitos com um Chevet vermelho que eu inaugurei com uma bela batida na traseira após ele ter tido feito o serviço de lanternagem onde chorei muito porque você havia gasto tanto dinheiro e eu acabei destruindo tudo aquilo que você havia gasto, mas fiquei admirada porque você nem falou nada. Tua irmã ficou sem casa e veio morar conosco, foi um inferno não podia nem lavar minhas roupas porque não tinha lugar para estendê-las devido ela acordar primeiro que eu e tomava conta do lavador e varal. Nossas brigas começaram ao ponto de você me por pra fora de casa, chegou até a me bater, mesmo assim não lhe deixei, aguentei calada a humilhação sabe por que? tinha um filho e queria criá-lo se eu lhe deixasse estava lascada, ruim com você pior sem você, estava só deixando ele crescer para resolver minha vida. Ela foi embora, sempre brigas e você havia se descontrolado. Já não havia respeito entre nós. Um dia resolvi procurar o espiritismo e foi pior o sofrimento. Certa vez você me bateu, me pôs pra fora de casa e eu sem querer sair fui arrastada pelos cabelos e eu me agarrando na grade do terraço, foi quando você deu um murro na minha boca que o sangue desceu. Corri para casa de sua mãe. Não queria mais voltar pra você. Depois você foi me buscar, sempre que você me machucava se desculpava chegava até a chorar, prometia mundos e fundos e eu sempre voltando e lhe perdoando. O tempo foi passando. Luz, água, aluguel tudo em dia e um presente para tornar a minha alegria, um TV colorida. Meu Deus jamais eu pensei em ganhar um presente na caixinha... Amanhecia o dia assistindo filmes. Outro presente desta vez foi uma bicicleta também na caixa para seu enteado inclusive veio a cor errada e você imediatamente mandou trocar pela cor vermelha. Quanta felicidade. O dinheiro que você ganhava era todo controlado.