LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO
MAIO DE 1975

Mamãe já havia falecido há um mês e para minha surpresa estava grávida há dois meses. Meu Deus que vou fazer? Eu já tinha Paulinho, como Papai iria reagir? O pai do meu filho era justamente o vizinho que mamãe fazia muito gosto em me ver casada com ele pelo menos teria um nome já que naquela época 'mãe solteira  não tinha valor algum. Passamos uns seis meses namorando e ele nunca me tocou, também eu não conseguia esquecer meu Jaime querido, amor da minha vida, que me fez mulher e ao mesmo tempo desgraçou minha vida quando me abandonou. Um dia eu estava em casa e ele falou para mim que estava viajando à São Paulo no dia seguinte. Achei muito estranho de uma hora para outra ele querer ir embora e perguntei o motivo, ele falou que iria trabalhar para juntar dinheiro voltar e casar comigo. Daí fiquei sem saber o que fazer. Mamãe e Papai estavam no Recife,  daí   ele
falou que queria passar a noite comigo e me prometeu mundos e fundos. Fazia uns oito meses que eu não tinha contato com ninguém e um fogo danado não pensei duas vezes, quando menos esperei estava na cama com ele. Passamos a noite juntos, não sabia que aquela noite tinha sido a primeira e última vez. No dia seguinte ele viajou. A mãe dele não queria o nosso namoro e achou bom ele ter ido embora. Os dias se passaram, meses e eu não tinha notícias dele, porém depois de algum tempo tomei conhecimento que Jaime tinha dado a passagem dele porque não queria que eu me casasse com ninguém. Ele sempre me falou: Não quero mais você e também não deixo ninguém chegar perto de você nunca. Chorei muito, mas não me conformei. Em Setembro fui na maternidade pedir ajuda 
 a Iraci para que ela contasse a papai o que estava acontecendo comigo. Ele ficou muito aperreado, me esculhambou e foi à Recife pegar o dinheiro com meu irmão que trabalhava no Banco Português para que eu pudesse ir atrás do pai do filho que eu estava esperando. Fui embora, deixei papai e pai Joca  sozinhos. Só eu e Deus sabe como fui embora. Chegando na rodoviária comprei a passagem e entrei no ônibus. A viagem foi longa e logo fiz amizade com o vizinho de minha cadeira. Paulinho tinha um ano e um mês. No caminho um sacrifício maior do mundo. Eu de seis meses de barriga, Paulinho, mala, comida pouca, não tinha frauda descartável, era cocô, xixi, calor dentro daquele ônibus, meu filho pingava de suor, um aperreio danado, meu Deus não sei como suportei passar por tanta dificuldade na minha vida. Quando cheguei fui direto para casa do pai do meu filho que estava esperando. Não o encontrei. Chorei muito, o irmão dele falou que eu não podia ficar lá porque seu irmão não estava mais morando com ele. Entrei em desespero. Que vou fazer agora? Ele perguntou se eu não tinha algum parente por lá e eu me lembrei de Bêne uma prima. De imediato ele chamou o taxi e foi me deixar lá. Esse assunto está me fazendo mau não quero mais terminar ele agora.

12/04/2013