LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO


 Paulo discursa perante o  rei Agripa

26.1 A seguir, Agripa, dirigindo-se a Paulo, disse: É permitido que uses da palavra em tua defesa. Então Paulo, estendendo a mão, passou a defender-se, nestes termos: 2 Tendo-me por feliz, ó rei Agripa, pelo privilégio de, hoje, na tua presença, poder produzir a minha defesa de todas as acusações feitas contra mim pelos judeus;3 mormente porque és versado em todos os costumes e questões que há entre os judeus; por isso eu te pelo que me ouças com paciência. 4 Quanto a minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a conhecem; 5 pois na verdade eu era conhecido deles desde o princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião. 6 E agora estou sendo julgado por causa da esperança da promessa por Deus foi feita a nossos pais, 7 a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente de noite e de dia, almejam alcançar; é no tocante a esta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus. 8 Por que se julga incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos? 9 Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; 10 e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, contra estes dava o meu voto, quando os matavam. 11 Muitas vezes os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia. 12 Com estes intuitos parti para Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado. 13 Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo. 14 E caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões. 15 Então eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. 16 Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci pata te constituir ministro e testemunha, tanto das cousas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; 17 livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, 18 para lhes abrir os olhos e converte-los das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim. 19 Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente a visão celestial, 20 mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a  região da Judeia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento.21 Por causa disto alguns judeus me  prenderam, estando eu no templo, e tentaram matar-me. 22 Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequeno como a grande, nada dizendo senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer, 23 isto é, que o Cristo devia padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, anunciaria a luz ao povo e aos gentios.

Paulo é interrompido por Festo

24 Dizendo ele estas cousas em sua defesa, festo o interrompeu em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar. 25 Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso. 26 Porque tudo isto é do conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas cousas lhe é oculta; porquanto nada se passou ai, nalgum recanto. 27 Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que acreditas.29 Então Agripa se dirigiu a Paulo, e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão. 29 Paulo respondeu: Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porem todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.

Paulo teria sido solto, se não tivesse apelado para César

30 A essa altura, levantou-se o rei, e também o governador e Berenice, bem como os que estavam assentados com eles; 31 e, havendo-se retirado, falavam uns com os outros, dizendo: Este homem nada tem feito passível de morte ou de prisão. 32 Então Agripa se dirigiu a Festo, e disse: Este Agripa se dirigiu a Festo, e disse: Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César.

Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".

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Paulo perante Festo. Apela para César

25.1 Tendo, pois, Festo assumido o governo da província, três dias depois subiu de Cesaréia para Jerusalém; e logo os principais sacerdotes e os maiorais dos judeus lhe apresentaram queixas contra Paulo, e lhe solicitavam, 3 pedindo com favor, em detrimento de Paulo, que o mandasse vir a Jerusalém, armando eles cilada para o matarem na estrada. 4 Festo, porém respondeu achar-se Paulo detido em Cesaréia; e que ele mesmo muito em breve partiria para lá. 5 Portanto, disse ele, os que dentre vós estiverem habilitados que desçam comigo; e, havendo contra este homem qualquer crime, acusem-no. 6 E, não se demorando entre eles mais de oito ou dez dias, desceu para Cesaréia; e no dia seguinte, assentando-se no tribunal, ordenou que Paulo fosse trazido. 7 Comparecendo este, rodearam-no os judeus que haviam descido de Jerusalém, trazendo muitas e graves acusações, contra ele, as quais, entretanto, não podiam provar.8 Paulo, porem, defendendo-se, proferiu as seguintes palavras: Nenhum pecado cometi contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César. 9 Então festo, querendo assegurar o apoio dos judeus, respondeu a Paulo: Queres tu subir a Jerusalém e ser ali julgado por mim a respeito destas cousas? 10 Disse-lhe Paulo: Estou perante o tribunal de César, onde convém seja eu julgado; nenhum agravo pratiquei contra os judeus como tu muito bem sabes. 11 Caso, pois, tenha eu praticado algum mal, ou crime digno de morte estou pronto para morrer; se, pelo contrário, não são verdadeiras as cousas de que me acusam, ninguém para lhes ser agradável pode entregar-me a eles. apelo para César apelaste, para César irás.

Festo expõe a Agripa o caso de Paulo

13 Passados alguns dias, o rei Agripa e Berenice chegaram a Cesaréia a fim de saudar a Festo. 14 Como se demorassem ali alguns dias, Festo expôs ao rei o caso de Paulo, dizendo: Félix deixou aqui preso certo homem, 15 a respeito de quem os principais sacerdotes e os anciãos dos judeus apresentaram queixas, estando eu em Jerusalém, pedindo que o condenasse. 16 A eles responde que não é costume dos romanos condenar quem quer que seja, sem que o acusado tenha presentes os seus acusadores e possa defender-se da acusação. 17 De sorte que, chegando eles aqui juntos, sem nenhuma demora, no dia seguinte, assentando-me no tribunal, determinei fosse trazido o homem; 18 e, levantando-se os acusadores, nenhum delito referiram dos crimes que eu suspeitava. 19 Traziam contra ele algumas questões referentes a sua própria religião e particularmente a certo morto, chamado Jesus, a quem Paulo afirmava estar vivo. 20 Estando eu perplexo, quanto ao modo de investigar estas cousas, perguntei-lhe se queria ir a Jerusalém para ser ali julgado a respeito destas cousas. 21 Mas, havendo Paulo apelado para que ficasse em custódia para o julgamento de César, ordenei que o acusado continuasse detido, até que eu o enviasse a César. 22 Então Agripa disse a Festo: Eu também gostaria de ouvir este homem. Amanhã, respondeu ele, o ouvirás.

Festo de novo fala a Agripa

23 de fato, no dia seguinte, vindo Agripa e Berenice, com grande pompa, tendo eles entrado na audiência juntamente com oficiais superiores e homens eminentes da cidade, Paulo foi trazido por ordem de Festo.24 Então disse Festo: Rei Agripa e todos vos que estais presentes conosco, vedes este homem, por causa de quem toda a multidão dos judeus recorreu a mim tanto em Jerusalém como aqui, clamando que não convinha que ele vivesse mais. 25 Porem eu achei que ele nada praticara passível de morte; entretanto, tendo ele apelado para o imperador, resolvi mandá-lo. 26 Contudo, a respeito dele, nada tenho de positivo que escreva ao soberano; por isso eu o trouxe a vossa presença, e mormente a tua, ó rei Agripa, para que, feita a arguição tenha eu alguma cousa que escrever; 27 porque não me parece razoável remeter um preso, sem mencionar ao mesmo tempo as acusações que militam contra ele.


Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".


 Ananias e Tértulo acusam Paulo perante Félix

24.1 Cinco dias depois desceu o sumo sacerdote, Ananias, com alguns anciãos e com certo orador, chama Tértulo os quais apresentaram ao governador libelo contra Paulo. 2 Sendo este chamado, passou Tértulo a acusá-lo, dizendo: Excelentíssimo Félix: Tendo nós, por teu intermédio, gozado de perene; e também por teu providente cuidado, se terem feito notáveis reformas em benefício deste povo, 3 sempre e por toda parte isto reconhecemos com toda a gratidão. 4 Entretanto, para não te deter por longo tempo, rogo-te que, de conformidade com a tua clemência, nos atendas por um pouco. 5 Porque, tendo nós verificado que este homem é uma peste, e promove sedições entre os judeus esparsos por todo o mundo, sendo também o principal agitador da seita dos nazarenos, 6 o qual também tentou profanar o templo, nós o prendemos, [ com o intuito de julgá-lo segundo a nossa lei. 7 Mas sobrevindo o comandante Lísias, o arrebatou das nossas mãos com grande violência, 8 ordenando que os seus acusadores viessem a tua presença] Tu mesmo, examinando-o, poderás tomar conhecimento de todas as causas de que nós o acusamos. 9 Os judeus também concordaram na acusação, afirmando que estas cousas eram assim.

Paulo apresenta a sua defesa

10 Paulo, tendo-lhe o governador feito sinal que falasse, respondeu: Sabendo que há muitos anos és juiz desta nação, sinto-me a vontade para me defender, 11 visto poderes verificar que não há mais de doze dias desde que subia a Jerusalém para adora; 12 e que não me acharam no templo discutindo com alguém, nem tão pouco amotinando o povo , fosse nas sinagogas ou fosse na cidade; 13 nem te podem provar as acusações que agora fazem conta mim. 14 Porem confesso-te isto que, segundo o Caminho, a que chamam seita, assim eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as cousas que estejam de acordo com a lei, e nos escritos dos profetas, 15 tendo esperança em Deus, como também estes a tem, de que haverá ressurreição, tanto de justos como de injustos. 16 Por isso também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens. 17 Depois de anos vim trazer esmolas a minha nação, e também fazer oferendas, 18 e foi nesta prática que alguns judeus da Ásia me encontraram já purificado no templo, sem ajuntamento e sem tumulto, 19 os quais deviam comparecer  diante de ti e acusar, se tivessem alguma cousa contra mim. 20 Ou estes mesmos digam que iniquidade acharam em mim, por ocasião do meu comparecimento perante o Sinédrio, 21 salvo estas palavras que clamei, estando entre eles: Hoje sou eu julgado por vós acerca da ressurreição dos mortos.

Paulo perante Félix e Drusila 

22 Então Félix, conhecendo mais acuradamente as cousas com respeito ao caminho, adiou a causa, dizendo: quando descer o comandante Lísias, tomarei inteiro conhecimento do vosso caso. 23 E mandou ao centurião que conservasse a Paulo detido, tratando-o com indulgência e não impedindo que os seus próprios o servissem.24 Passados alguns dias, vindo Félix com Drusila, sua mulher, que era judia, mandou chamar Paulo e passou a ouvi-lo  a respeito da fé em Cristo Jesus. 25 Dissertando ele acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro, ficou Félix amedrontado e disse: Por agora podes retirar-te e, quando eu tiver vagar, chamar-te-ei ; 26 esperando também ao mesmo tempo que Paulo lhe desse dinheiro; pelo que, chamando-o mais frequentemente, conversa com ele. 27 Dois anos mais tarde Félix teve por sucessor Pórcio Festo; e, querendo Félix assegurar o apoio dos judeus, mante Paulo encarcerado.


Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".


 Paulo perante o Sinédrio

23.1 Fitando Paulo os olhos no Sinédrio, disse: Varões, irmãos, tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência até ao dia de hoje. 2 Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam perto dele que lhe batessem na boca. 3 Então lhe disse Paulo: Deus há de ferir-te, parede branqueada; tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei, e contra a lei mandas agredir-me? 4 Os que estavam a seu lado disseram: Estás injuriando o sumo sacerdote de Deus? 5 Respondeu Paulo: Não sabia, irmãos, que ele é sumo sacerdote; porque está escrito: Não falarás mal de uma autoridade do teu povo. 6 Sabendo Paulo que uma parte do Sinédrio se compunha de saduceus, e outra de fariseus, exclamou: Varões, irmãos, Eu sou fariseu, filho de fariseus; no tocante a esperança e a ressurreição dos outros sou julgado. 7 Ditas estas palavras, levantou-se grande dissensão entre fariseus e saduceus, e a multidão se dividiu. 8 Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas cousas.9 Houve, pois grande vozearia. E levantando-se alguns escribas da parte dos fariseus contendiam, dizendo: Não achamos neste homem mal algum; e será que algum espírito ou anjo lhe tenha falado? 10 Tomando vulto a celeuma, temendo o comandante que fosse Paulo espedaçado por eles, mandou descer a guarda para que o retirassem dali e o levassem para a fortaleza.

O Senhor aparece a Paulo

12 Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não haviam de comer nem beber, enquanto não matassem a Paulo.13 Estes, indo ter com os principais sacerdotes e os anciãos, disseram Juramos sob pena de anátema, não comer cousa alguma enquanto não matarmos a Paulo. 15 Agora, pois, notificai ao comandante, juntamente com o Sinédrio, que vô-lo apresente como se estivésseis para investigar mais acuradamente a sua causa; e nós, antes que ele chegue, estaremos prontos para assassiná-lo. 16 Mas o filho da irmã de Paulo, tendo ouvido o trama, foi, entrou na fortaleza e de tudo avisou a Paulo. 17 Então este, chamando um dos centuriões, disse: Leva este rapaz ao comandante, porque tem alguma cousa a comunicar-lhe. 18 Tomando-o, pois, levou-o ao comandante, dizendo: O preso Paulo, chamando-me, pediu-me que trouxesse a tua presença este rapaz, pois tem algo que dizer-te. 19 Tomou-o  pela mão o comandante e, pondo-se a parte, perguntou-lhe: Que tens a comunicar-me? 20 Respondeu ele: Os judeus decidiram rogar-te  que amanhã apresentes Paulo ao sinédrio, como se houvesse de inquirir mais acuradamente a seu respeito.21 Tu, pois, não te deixes persuadir, porque mais de quarenta entre eles estão pactuados entre si, sob anátema, de não comer nem beber, enquanto não o matarem; e agora estão prontos, esperando tua promessa.22 Então o comandante despediu o rapaz. recomendando-lhe que a ninguém dissesse ter-lhe trazido estas informações. 23 Chamado dois centuriões, ordenou tende de prontidão, desde a hora terceira da noite, duzentos soldados, setenta de cavalaria e duzentos lanceiros para irem até Cesaréia; 24 preparai também animais para fazer Paulo montar e ir com segurança ao governador Félix, 25 a quem escreveu uma carta nestes termos:

Carta de Cláudio a Félix

26 Cláudio Lísias ao excelentíssimo governador Félix, saúde. 27 Este homem foi preso pelos judeus, e estava prestes a ser morte por eles, quando eu, sobrevindo com a guarda, o livrei, por saber que ele era romano. 28 Querendo certificar-me do motivo por que o acusavam, fi-lo descer ao Sinédrio deles; 29 verifiquei ser ele acusado de cousas referentes a lei que os rege, nada, porem, que justificasse morte, ou mesmo prisão.30 sendo eu informado de que ia haver uma cilada contra o homem, tratei de enviá-lo a ti, sem demora, intimando também os acusadores a irem dizer na tua presença o que há contra ele. [Saúde.]

Paulo no pretório de Herodes

31 Os soldados, pois, conforme lhes foi ordenado, tomaram a Paulo e, durante a noite o conduziram até a Antipátride; 32 no dia seguinte, voltaram para a fortaleza, tendo deixado aos de cavalaria o irem com ele; 33 os quais, chegando a Cesaréia, entregaram a carta ao governador, e também lhe apresentaram Paulo. 34 Lida a carta, perguntou o governador de que província ele era; e, quando soube que era da Cilícia, 35 disse:  Ouvir-te-ei, quando chegarem os teus acusadores, E mandou que ele fosse detido no pretório de Herodes.


Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".


 Paulo apresenta a sua defesa 

22.1 Irmãos e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós.2 Quando ouviram que lhes falava em língua hebraica, guardaram ainda maior silêncio. E continuou: 3 Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para como Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje. 4 Persegui este Caminho até a morte, prendendo e metendo em cárceres, homens e mulheres, 5 de que são testemunhas o sumo sacerdote e todos os anciãos. Destes recebi cartas para os irmãos; e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos. 6 Ora, aconteceu que, indo de caminho e já perto de Damasco, quase ao meio-dia, repentinamente grande luz do céu brilhou ao redor de mim. 7 Então caí por terra, ouvindo uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?8 Perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que me respondeu: Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues. 9 Os que estavam comigo, viram a luz, sem contudo perceber o sentido da voz de quem falava comigo.10 Então perguntei: Que farei, Senhor? E o Senhor me disse: Levanta-te, entra em Damasco, pois ali te dirão acerca de tudo o que te é ordenado fazer. 11 Tendo ficado cego por causa do fulgor daquela luz, guiado pela mão dos que estavam comigo, cheguei a Damasco. 12 Um homem, chamado Ananias, piedoso conforme a lei, tendo bom testemunho de todos os judeus que ali moravam, 13 veio procurar-me e, pondo-se junto a mim, disse: Saulo, irmão, recebe novamente a vista. Nessa mesma hora recobrei a vista e olhei para ele. 14 Então ele disse: O Deus de nossos pais de antemão te escolheu para conheceres a sua vontade, ver o Justo e ouvir uma voz da sua própria  boca, 15 porque terás de ser sua testemunha diante de todos os homens, das cousas que tens visto e ouvido. 16 E agora, por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele. 17 Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto  orava no templo, sobreveio-me um êxtase, 18 e vi aquele que falava comigo: Apressa-te, e sai logo de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito. 19 eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti.  20 Quando se derramava o sangue de Estevão, tua testemunham eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam. 21 Mas ele me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe aos gentios.

Paulo por ser cidadão romano não é açoitado

22 Ouviram-no até essa palavra, e então gritaram, dizendo: Tira tal homem da terra, porque não convém que ele viva. 23 Ora, estando eles gritando, arrojando se si as suas capas, atirando  poeira para os ares, 24 ordenou o comandante que Paulo fosse recolhido a fortaleza, e que, sob açoite, fosse interrogado para saber por que motivo assim clamavam contra ele. 25 Quando o estavam amarrando com correias, disse Paulo ao centurião presente: Ser-vos-á  porventura lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado? 26 Ouvindo isto, o centurião procurou o comandante e lhe disse: Que estás para fazer? porque este homem é cidadão romano. 27 Vindo o comandante, perguntou a Paulo: Dize-me, és tu romano? Ele disse: Sou. 28 Respondeu-lhe o comandante: A mim me custou grande soma de dinheiro este título de cidadão. Disse Paulo: Pois eu o tenho por direito de nascimento. 29 Imediatamente se afastaram os que estavam para o inquirir com açoites. O próprio comandante sentiu-se receoso quando soube que Paulo era romano, porque o mandara amarrar. 30 No dia seguinte, querendo certificar-se dos motivos por que vinha ele sendo acusado pelos judeus, soltou-o e ordenou que se reunissem os principais sacerdotes e todo o Sinédrio e, mandando trazer Paulo, apresentou-o perante eles. 

Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".


 Paulo chega a Tiro

21.1 Depois de nos apartarmos, fizemo-nos a vela e, correndo em direitura, chegamos a Cós; no dia seguinte, a Rodes, e dali, a Pátara. 2 Achando um navio que ia para a Fenícia, embarcamos nele, seguindo viagem. 3 Quando Chipre já estava a vista, deixando-a a esquerda, navegamos para a Síria e chegamos a Tiro; pois o navio devia ser descarregado ali. 4 Encontrando os discípulos, permanecemos lá durante sete dias, e eles, movidos pelo Espírito, recomendavam a Paulo que não fosse  a Jerusalém. 5 Passados aqueles dias, tendo-nos retirado, prosseguimos viagem, acompanhados por todos, com suas mulheres e filhos, até fora da idade; ajoelhados na praia, oramos. E, despedindo-nos uns dos outros, então embarcamos; e eles voltaram para suas próprias casas. 

Paulo em Cesaréia

7 Quando a nós, concluindo a viagem de Tiro, chegamos a Ptolemaida, onde saudamos os irmãos, passando um dia  com eles. 8 No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia; e, entrando na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. 9 Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam.10 Demorando-nos ali alguns dias, desceu da Judéia um profeta chamado Ágabo; 11 e, vindo ter conosco, tomando cinto de Paulo, ligando com ele seus próprios pés e mãos, declarou: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus em Jerusalém farão ao dono deste cinto, e o entregarão nas mãos dos gentios.12 Quando ouvimos estas palavras, tanto nós como os daquele lugar, rogamos a Paulo que não subisse a Jerusalém. 13 Então ele respondeu: Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus. 14 Como, porém, não o persuadimos, conformados, dissemos: Faça-se a vontade do Senhor. 15 Passados aqueles dias, tendo feito os preparativos, subimos para Jerusalém; 16 e alguns dos discípulos também vieram de Cesaréia conosco, trazendo consigo Mnasom, natural de Chipre, velho discípulo, com quem nos deveríamos hospedar. 

Paulo chega a Jerusalém

17 Tendo nós chegado a Jerusalém, os irmãos nos receberam com alegria. 18 No dia seguinte Paulo foi conosco encontrar-se com Tiago, e todos os presbíteros se reuniram. 19 E, tendo-os saudado, contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério. 20 Ouvindo-o, deram eles glória a Deus e lhe disseram: Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei; 21 e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filho nem andar segundo os costumes da lei. 22 Que se há de fazer, pois? Certamente saberão da tua chegada. 23 Faze, portanto, o que te vamos dizer: Estão entre nós quatro homens que voluntariamente aceitaram voto; 24 toma-os, purifica-te com eles, e faze a despesa necessária para que raspem a cabeça; e saberão todos que não é verdade o que se diz a teu respeito; e que, pelo contrário, andas também, tu mesmo, guardando a lei. 25 Quanto aos gentios que creram, já lhes transmitimos decisões para que se abstenham das cousas sacrificadas a ídolos, do sangue, da carne de animais sufocados e da incontinência. 26 Então Paulo, tomando aqueles homens, no dia seguinte tendo-se purificado com eles, entrou no templo, acertando o cumprimento dos dias da purificação, até que se fizesse a oferta em favor de cada um deles.

A prisão de Paulo

27 Quando já estavam por findar os sete dias, os judeus vindos da Ásia, tendo visto Paulo no templo, alvoroçaram todo o povo e o agarraram, 28 gritando: Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte ensina todos a ser contra o povo, contra a lei e contra este lugar; ainda mais, introduziu até gregos no templo e profanou este recinto sagrado. 29 Pois antes tinham visto a Trófimo, o efésio, em sua companhia na cidade, e julgavam que Paulo o introduzira no templo. 30 Agitou-se toda a cidade, havendo concorrência do povo; e, agarrando a Paulo, arrastaram-no para fora do templo, e imediatamente foram fechadas as portas. 31 Procurando eles matá-lo, chegou ao conhecimento do comandante da força de que toda Jerusalém estava amotinada. 32 Então este, levando logo soldados e centuriões, correu para o meio do povo. Ao verem chegar o comandante e os soldados, cessaram de espancar a Paulo. 33 Aproximando-se o comandante, apoderou-se de Paulo e ordenou que fosse acorrentado com duas cadeias, perguntando quem era e que havia feito.34 Na multidão, uns gritavam de um modo, outros de outro; não podendo ele , porém, saber a verdade por causa do  tumulto, ordenou que  Paulo posse recolhido a fortaleza.35 Ao chegar as escadas foi preciso que os soldados o carregassem, por causa da violência da multidão, 36 pois a massa de povo o seguia gritando: Mata-o! 37 E quando Paulo ia sendo recolhido a fortaleza, disse ao comandante: É-me permitido dizer-te alguma cousa? Respondeu ele: Sabes o grego? 38 Não és tu, porventura, o egípcio que há tempos sublevou e conduziu ao deserto quatro mil sicários? 39 Respondeu-lhe Paulo: Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia; e rogo-te que me permitas falar ao povo. 40 Obtida a permissão, Paulo, em pé na escada, fez com a mão sinal ao povo. Fez-se grande silêncio e ele falou em língua hebraica, dizendo:


Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".


 De novo Paulo visita Macedônia e Grécia

20.1 Cessado o tumulto, Paulo mandou chamar os discípulos e, tendo-os confortado, despediu-se e partiu para Macedônia. 2 Havendo atravessado aquelas terras, fortalecendo-os com muitas exortações, dirigiu-se para a Grécia, 3 onde se demorou três meses. Tendo havido uma conspiração por parte dos judeus contra ele, quando estava para embarcar rumo a Síria, determinou voltar pela Macedônia. 4 Acompanharam-no [ até  a Ásia] Sópatro de Beréia, filho de Pirro; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio de Derbe, e Timóteo; bem com Tiquico e Trófimo, da Ásia; 5 estes nos precederam, esperando-nos em Trôade. 6 Depois dos fias dos pães asmos, navegamos de Filipos e, em cinco dias, fomos  ter com eles naquele porto, onde passamos uma semana. 

Paulo em Trôade

7 No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo que devia seguir de viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até a meia-noite. 8 Havia muitas lâmpadas no cenáculo onde estávamos reunidos. 9  Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormecendo profundamente durante o prolongado discurso de Paulo, vencido pelo sono, caiu do terceiro andar abaixo, e foi levantado morto. 10 Descendo, porém, Paulo inclinou-se sobre ele e, abraçando-o disse: Não vos perturbeis, que a vida nele está. 11 Subindo de novo, partiu o pão e comeu, e ainda lhes falou largamente até ao romper da alva. E assim partiu. 12 Então conduziram vivo o rapaz e sentiram-se grandemente confortados.

Paulo embarca em Assôs. Chega a Mileto

13 Nós, porém, prosseguindo, embarcamos e navegamos para Assôs, onde devíamos receber a Paulo, porque assim nos fora determinado, devendo ele ir por terra. 14 Quando se reuniu conosco em Assôs, recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene; 15 dali, navegando, no dia seguinte passamos defronte de Quios, no imediato tocamos em Samos e, um dia depois, chegamos a Mileto. 16 Porque Paulo já havia determinado não aportar em Éfeso, não querendo demorar-se na Ásia, porquanto se apressava com o intuito de passar o dia de Pentecoste em Jerusalém, caso lhe fosse possível.

Em Mileto fala aos presbíteros da igreja de Éfeso

17 De Mileto mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja. 18 E, quando se encontraram com ele, disse-lhes: vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, 19 servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; 20 jamais deixando de vos anunciar cousa alguma proveitosa, e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, 21 testificando tanto a judeus coma gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]. 22 E agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, 23 senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. 24 Porém, em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para  testemunhar o evangelho da graça de Deus.25 Agora eu sei que tosos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais o meu rosto. 26 Portanto eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; 27 porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus. 28 Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. 29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes que não pouparão o rebanho. 30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando cousas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. 31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de que por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um. 32 Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e a palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre tosos os que são santificados. 33 De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem veste; 34 vós mesmos sabeis que esta mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. 35 Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer aos necessitados, e recordar as palavras do próprio senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.

Ora com eles

36 Tendo dito estas cousas, ajoelhando-se, orou com todos eles. 37 Então houve grande pranto entre todos e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijava, 38 entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera, que não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até ao navio.


Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".


 Paulo em Éfeso

19.1 Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,2 perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao  que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. 3 Então Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. 4 Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cressem naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. 5 Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6 E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam. 7 Eram ao todo uns doze homens.

Paulo na escola de Tirano

8 Durante três meses Paulo frequentou a sinagoga onde falava ousadamente, dissertando e persuadindo, com respeito ao reino de Deus. 9 Visto que alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando a discorrer diariamente na escola de Tirano. 10 Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra de Senhor, tanto judeus como gregos. 11 E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, 12 a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos malignos se retiravam. 13 E alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus a quem Paulo prega. 14 Os que faziam isto eram sete filhos de um judeu chamado Ceva, sumo sacerdote. 15 Mas o espírito malígino lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? 16 E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos, fugiram daquela casa. 17 Chegou este fato ao conhecimento de todos, assim judeus como gregos, habitantes de Éfeso; veio temos sobre todos eles e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. 18 Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. 19 Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos, Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários. 20 Assim a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente. 

Paulo envia a Macedônia Timóteo e Erasto

21 Cumpridas estas cousas, Paulo resolveu no seu espírito ir a Jerusalém passando por Macedônia e Acaia, considerando: Depois de haver estado ali, importa-me ver também Roma. 22 Tendo enviado a Macedônia dois daqueles que lhe ministrava, Timóteo e Erasto, permaneceu algum tempo na Ásia. 

Demétrio excita grande tumulto

23 Por esse tempo houve grande alvoroço acerca do Caminho. 24 Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, e que dava muito lucro aos artífices, 25convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade,26 e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muitas gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. 27 Não somente há o perigo de a nosso profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimando em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. 28 Ouvindo isto, encheram-se de furor, e clamavam: Grande é a Diana dos efésios! 29 Foi a cidade tomada de confusão, e todos a uma arremeteram para o teatro, arrebatado os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo. 30 Querendo este apresentar-se ao povo, não lhe permitiram os discípulos. 31 Também asiarcas, que eram amigos de Paulo, mandaram rogar-lhe que não se arriscasse indo ao teatro. 32 Uns, pois, gritavam de uma forma, outros, de outra; porque a assembleia caíra em confusão. E na sua maior parte nem sabiam por que motivo estavam reunidos. 33 Então tiraram Alexandre dentre a multidão, impedindo-o os judeus para frente. Este, acenando com a mão, queria falar ao povo. 34 Quando, porém, reconheceram que ele era judeu, todos a uma voz gritaram por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios! 35 O escrivão da cidade, tendo apaziguado o povo, disse: Senhores, efésios: Quem, porventura, não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana, e da imagem que caiu de Júpiter? 36 Ora, não podendo isto ser contraditado, convém que  vos mantenhais calmos e nada façais precipitadamente; 37 porque estes homens que aqui trouxestes não são sacrilégios, nem blasfemam contra a nossa deusa. 38 Portanto, se Demétrio e os artífices que o acompanham tem alguma queixa contra alguém, há audiências e procônsules; que se acusem uns aos outros. 39 Mas se alguma outra cousa pleiteais, será decidida em assembleia regular. 40 Porque também corremos perigo de que por hoje sejamos acusados de sedição, não havendo motivo algum que possamos alegar para justificar este ajuntamento. E, havendo dito isto, dissolveu a assembleia.


Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".


 Paulo em Corinto

18.1 Depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto. 2 Lá encontrou certo judeu chamado Áquila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus se retirassem de Roma. Paulo aproximou-se deles. 3 E, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles, e trabalhavam; pois a profissão deles era fazer tendas. 4 E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus, como gregos.

Anuncia a Jesus

5 Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo se entregou totalmente a palavra, testemunhando aos judeus que Cristo é Jesus. 6 Opondo-se  eles e blasfemando, sacudiu Paulo as vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça o vosso sangue! eu dele estou limpo, e desde agora vou para sinagoga. 8 Mas Crispo, o principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa; também muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados. 9 Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; 10 porquanto eu estou contigo e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade.11 E ali permaneceu um ano e seus meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.

Paulo perante Gálio

12 Quando, porem, Gálio era procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus concordemente conta Paulo, e o levaram ao tribunal, 13 dizendo: Este persuade os homens a adorar a Deus, por modo contrário a lei. 14 Ia Paulo falar, quando Gálio declarou aos judeus: Se fosse, com efeito, alguma injustiça ou crime da maior gravidade, o judeus, e razão seria atender-vos; 15 mas se é questão de palavra, de nomes e da vossa lei, tratai disso vós mesmos, eu não quero ser juiz dessas cousas! 16 E os expulsou do tribunal. 17 Então todos agarraram a Sóstenes, o principal da sinagoga, e o espancavam diante do tribunal; Gálio, todavia, não se incomodava com estas cousas.

O final da segunda viagem missionária de Paulo

18 Mas Paulo, havendo permanecido ali ainda muitos dias, por fim, despedindo-se dos irmãos, navegou para a Síria, levando em sua companhia Priscila e Áquila, depois de ter raspado a cabeça em Cencréia, porque tomara voto. 19 Chegados a Éfeso, deixou-os ali; ele, porém, entrando na sinagoga, pregava aos judeus. 20 Rogando-lhe eles que permanecesse ali mais algum tempo, não acedeu. 21 Mas, despedindo-se, disse: Se Deus quiser, voltarei para vós outros. E, embarcando, partiu de Éfeso. 22 Chegando a Cesaréia, desembarcou, subindo a Jerusalém e, tendo saudado a igreja, desceu para Antioquia. 23 Havendo passado ali algum tempo, saiu, atravessando sucessivamente a região da Galácia e Frígia, confirmando todos os discípulos.

A terceira viagem missionária de Paulo. Apolo em Éfeso

24 Nesse meio tempo chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. 25 Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João.26 Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áquila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus. 27 Querendo ele percorrer a Acaia, animaram-no os irmãos, e escreveram aos discípulos para o receberem. Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que mediante a graça haviam crido; 28 porque com grande poder convencia publicamente os judeus, privando por meio das Escrituras que o Cristo é Jesus.

Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".



 Paulo e Silas em Tessalônica

17.1Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus.2 Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los, e por três semanas dissertou  entre eles, acerca das Escrituras, 3 expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e que este é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio. 4 Alguns deles foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres. 5 Os judeus, porém, movidos de inveja, trazendo consigo alguns homens maus dentre a malandragem, ajuntando a turba, alvoroçaram a cidade e, assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para o meio do povo. 6 Porém não os encontrando, arrastaram a Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que tem transtornado o mundo chegaram também aqui, 7 aos quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei. 8 Tanto a multidão, como as autoridades, ficaram agitadas ao ouvirem estas palavras; 9 contudo soltaram a Jasom e aos mais, após terem recebido deles a fiança estipulada.

Paulo e Silas em Beréia

10 E logo, durante anoite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; ali chegados, dirigiram-se a sinagoga dos judeus. 11 Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram de fato assim. 12 Com isso muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição, e não poucos homens. 13 Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que a palavra de Deus era anunciada por Paulo também em Beréia, foram lá excitar e perturbar o povo. 14 Então os irmãos promoveram, sem detença, a partida de Paulo para os lados do mar. Porém Silas e Timóteo continuaram ali. 15 Os responsáveis por Paulo levaram-no até Atenas, e regressaram trazendo ordem a Silas e Timóteo para que o mais depressa possível fossem ter com ele.

O discurso de Paulo em Atenas

16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava, em face da idolatria dominante na cidade. 17 Por isso dissertava na sinagoga entre os judeus e os gentios piedosos; também na praça todos os dias, entre os que se encontravam ali. 18 E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Quer dizer esse tagarela? e outros: Parece pregador de estranhos deuses, pois pregava a Jesus e a ressurreição. 19 Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? 20 Posto que nos trazes aos ouvidos cousas estranhas, queremos saber que vem a ser  isso. 21 Pois todos os de Atenas, e os estrangeiros residentes, de outra cousa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades. 22 Então Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; 23 porque passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer, é precisamente aquele que eu vos anuncio. 24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não havia em santuários feitos por mãos humanas. 25 Nem é servido por mão humanas, como se de alguma cousa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; 26 de um só fez toda raça humana para habilitar sobre toda a face da terra, havendo fixando os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; 27 para buscarem a Deus se, porventura, tateando o possam achar, bem que não está longe de casa um de nós. 28 Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poitas tem dito: Porque dele também somos geração. 29 Sendo , pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, a prata, ou a pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. 30 Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam; 31 porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Uns zomba, outros creem

32 Quando ouviram falar de ressurreição de mortos, uns escarneceram, e outros disseram: A respeito disso te ouviremos noutra ocasião. 33 A essa altura Paulo se retirou do meio deles. 34 Houve, porém, alguns homens que se agregaram a ele, e creram; entre eles estava Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Damaris, e com eles outros mais.


Obs. Este livro foi escrito por Lucas como a segunda parte da obra escrita. A primeira parte é conhecida como o Evangelho "Segundo Lucas".

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