DIA CHUVOSO

 ... e a noite inteira chovendo. Dentro de minutos escutei trovões. Deitada na minha cama quentinha com meu edredom, sem nenhuma goteira nem perigo de alagamento ou enchente dentro de minha casa veio logo o pensamento daquelas pessoas que moram perto das barreiras e rios. Jesus enquanto estou aqui no quentinho, quantas pessoas estão desabrigadas nesse momento? É nesse instante que me lembro da cheia de 60 quando a água invadiu nossa casa e tivemos que nos mudar para a barraca que papai tinha longe de nossa casa. Era uma angústia tremenda, muda , não muda, espera mais um pouco a água subir, está já chegando no quintal, agora está no pé da porta, faz as trouxas e salve o que puder, e aí se jogava tudo em um lençol, se fazia as trouxas e saíamos pelo meu da rua a carregar os cacarecos porque não tínhamos móveis e a primeira coisa a ser salva era a máquina de costura de mamãe que era o nosso ganha pão; Quanta amargura e sofrimento com a cheia que já avançava de forma que já cobria a ponte. Estava ficando perigosa e ainda faltava salvar Dindinha , minha avó que tinha asma e não conseguia andar, Chiquinho e Nenca a trouxeram em uma marquise já com muita água na ponte. Hoje depois de tudo superado estando eu no quentinho, contudo não esqueço de quantos irmãozinhos estejam nesse momento alagado como fome, molhados, sem ter para onde ir. Não gosto quando chove, que o Senhor Jesus me perdoe, mas me dá um aperto tão grande no meu coração...

OBS: Essa não é uma obra de ficção.