Fui convidada a passar o dia de Natal
na casa de minha sobrinha Jéssica, pois fazia muito tempo que não à via. Falei
com meu marido Tom e ele consentiu. Fiquei muito feliz e tratei logo de ir
comprar minha passagem na rodoviária, pois corria o risco de não haver vaga
quando eu fosse apanhá-lo no caminho.
Saí de minha casa às 17.00 horas,
era tarde eu não gostava de viajar a noite, mesmo assim, como só tinha esse
horário e eu louca pra ir no mesmo dia, fui embora. Por incrível que pareça
cheguei na hora exata. Fiz uma ótima viajem. Quando cheguei ao lugar marcado
ela ainda não havia chegado e isso já estava me deixando nervosa, foi quando um
rapaz falou:
__A senhora está esperando alguém?
__Sim meu filho, respondi.
__Então entre, aqui é perigoso
ficar falando ao celular aí.
Era
uma churrascaria e quando entrei notei que havia uns cinco rapazes fazendo
alguma comemoração, porque a mesa havia muita comida e bebida. Coloquei as
malas sobre a mesa e liguei para minha sobrinha.
__ Alo? Minha filha onde você
estar?
__ Aqui perto tia, to já chegando à
demora é atravessar a rua, respondeu ela.
__Então venha logo que já estou
começando a ficar com medo. Alguns minutos após ela chega falando
que não havia conseguido o carro e que tinha vindo de ônibus.
__ Não tem problema minha filha,
vai de ônibus mesmo que bobagem, a vida é mesmo assim, eu não sou ricona para
só andar de táxi ou de carro particular, respondi.
Entramos no ônibus e seguimos nosso destino.
Foi àquela farra, já íamos colocando todos os assuntos em dia e os seis dias
que iria passar na casa dela não dariam, de tanto assunto que tínhamos para
conversar.
Em fim chegamos à nossa parada e já
passava das 20h00min horas. Tenho horror de sair de casa à noite, pois no mundo
em que vivemos a coisa está feia e cada dia que se passa a violência aumenta
mais e mais, mesmo assim fomos caminhando, caminhando e depois de uma longa
caminhada chegamos,
__ Oi tia! Grita Fred o filho de
minha sobrinha, todo animado me abraçando e beijando.
__ Oi meu filho que saudade,
respondi abraçando-o.
__ Tia vamos jogar xadrez? Grita ele
todo sorridente.
__ Oh! Meu filho, cheguei agora
vamos assistir à novela e depois jogaremos, tem bastante tempo para isso.
Nisso foi chegando Kelly também
filha de minha sobrinha, me abraçando também, uma moça muito bonita, e foi
aquela festa...
__ Vem tia, me chama Jéssica, vamos
jantar uma deliciosa feijoada que preparei exclusivamente pra tu.
Nossa
comi tanto que quase fico com dor na barriga. Ficamos por ali a conversar e em
seguida fui jogar uma partidinha de xadrez com Fred. Meu Deus esse menino é
muito inteligente e eu vou perder, mais que nada, a primeira partida que joguei
dei um xeque mate, ele quase que morre de raiva, chorou até umas horas porque
estava acostumado a ganhar todas, e não sabia perder. A principio notei que a
criação dele é muito ruim porque a mãe quer que ele seja o melhor em tudo, e
ele sempre pergunta a mãe se ele não é o melhor.
Saí dali e fui tomar uma latinha de
cerveja na pracinha que fica em frente da casa. Conversamos bastante e chegou à
hora de eu ir ao banheiro porque estava bem apertada. Meu Deus o que é isso?
Fiquei espantada com tal sujeira, quando olhei a pia de lavar as mãos tomei um
susto. Não havia um lugar que não houvesse um pingo de pasta até a torneira
tinha pasta. Quando me sentei na bacia duas baratas sobem nas minhas pernas e
eu tenho pavor à barata, quase morro de gritar. Junto à bacia sanitária havia
dois baldes com roupas dentro que não sei quanto tempo já estavam lá, e como o
banheiro é pequeno fica tudo junto, onde toma banho, que já tinha no chão umas
três baratas mortas, o cesto de colocar papel estava até em cima e o cheiro era
insuportável. Olhei para os quatro cantos do banheiro e pensei:
Meu Deus será que irei aguentar passar seis
dias aqui? Que bagunça é essa? Eu sou bagunceira, mas assim é demais e aí já
comecei a espirrar, sou alérgica a muitas coisas. Peguei uma bucha e lavei a
pia para poder lavar minhas mãos, e saí.
Cheguei à praça falei:
__ Jéssica tem muita barata na tua
casa.
__ Eu sei tia, é porque tem que
colocar um tampão no ralo do banho.
__Nossa tem umas quatro no lugar
onde se toma banho, falei.
__ Pois é eu as matei, mas Andresa
é tão nojenta que toma banho e não tem coragem de pelo menos tirá-las com a pá,
toma banho junto com elas.
__ Meu Deus que horror! Pois vão
continuar lá, eu falei.
__Pra tu vê como são as coisas ela é muito preguiçosa, respondeu Jéssica com um
tom irônico.
Comecei a pensar, uma casa onde mora
três mulheres não há necessidade de haver tanta sujeira daí fica uma Maria
esperando pela outra. A casa uma verdadeira bagunça. Quando entrei no quarto
para guardar as malas tive um susto... As paredes todas mofadas, os rebocos
caídos, umas manchas enormes no teto de vazamento, haviam aberto a parede para
colocar um cano e não foi feito o reboco, os lençóis pelo chão, uma estante com
livros todos bagunçados e muita poeira, e muitos sacos plásticos e bolsas espalhadas pelo chão que mal dava pra se caminhar.
__ Como irei dormir aqui? Comecei
já a imaginar as coisas, e para mim aquilo não iria dar certo.
__ Tu dorme no quarto e eu Fred e
Kelly no meu quarto, falou Jéssica entrando no quarto e ouvi quando estava
fazendo essa pergunta.
__ O calor vai ser grande e
muriçoca tem até umas horas.
__ Não tem problemas tu fica com o
ventilador que tenho outro aqui.
O tratamento era 100%, ótima pessoa,
porém a bagunça eu não aguentava e para passar o tempo fui jogar uma partidinha
de vídeo game com Fred, e como já falei só gosta de ganhar perder não é com
ele.
Estava
cansada, fui dormir e nem notei que era véspera de Natal, o pessoal do prédio é
muito desunido, Jéssica armou uma tenda atrás do apartamento e recebeu dois
casais, como eu já estava desanimada com aquela sujeira nem tive gosto de tomar
mais nada. Entrei no quarto, só havia levado um lençol e fiquei sem outro pra
forrar na cama porque não aguentava o cheiro de bolor, e comecei a espirrar e
meu nariz cada vez mais entupido foi aí que me lembrei de minha casa.
Ai que saudade de casa... Nessa hora
estava eu na minha caminha cheirosa com meu radinho ligado, porque só durmo
assim, sem estar entupida... Onde me meti, não tem importância. Só não irei
embora amanhã, porque fica feio. Ela iria desconfiar de alguma coisa e eu não
poderia falar nada. Sim, e outra coisa, ela fuma muito e a fumaça me causa
alergia e como o apartamento era muito pequeno e forrado a fumaça ficava presa
e eu me lascando morrendo sufocada, muito embora eu já fosse fumante, porém
quando o cigarro quis me destruir eu o destruí primeiro faz 127 dias que eu não
fumo.
Entrei no quarto e aí começou meu
sofrimento. O cheiro do cigarro, muriçoca, calor mesmo com o ventilador ligado,
o cheiro de bolor, horrível, e como eu tinha tomado umas e outra num instante
adormeci só me acordei as 11h00min horas. O silêncio era total. Quando olhei no
outro quarto estava Jéssica, Fred e Kelly dormindo. Fiz café, passei manteiga
no pão e comi juntamente com bolacha. Daí elas acordaram e como sempre Jéssica
antes de tudo, acende um cigarro, um copo de café para começar o dia, ou
melhor, à tarde porque já passava das 12h:00 min. Meu Deus ela não escova os
dentes...
Imagine
uns dentes que não são escovados? Senti vontade de pegar uma faca e fazer uma
raspagem porque eles estavam verdes de tanto lodo e o pior é que quando ela
comia as aberturas de um dente pra outro ficavam cheio de comida, e aquilo me
dava uma angústia que nem sabia o que eu fazia.
__Jéssica escova esses dentes,
falei pra ela.
__ Ah tia! Não, depois eu resolvo
isso, respondeu.
__ Quando você vai providenciar
esse tratamento? Perguntei.
__Já comecei, ela respondeu.
Nunca vi tanta mentira, pelo que eu
estava vendo não havia nenhuma limpeza naqueles dentes, agora veja só: magra
porque fuma muito e toma bastante café, mesmo com uma boa alimentação que ela
tem, não adianta nada porque o cigarro e café juntos tiram todo apetite, já fui
fumante posso falar isso. Os cabelos? Nunca viram um pente a não ser quando é
lavado. Desconfiei também de piolho porque coçava a cabeça constantemente. As
unhas das mãos são ruídas, não posso ignorar porque também já fiz o mesmo,
tanto das mãos como arrancava dos pés, agora não faço mais, sim, ia me
esquecendo o mais importante; as unhas dos pés ela arranca com a pince de fazer
sobrancelhas porque eu vi e perguntei que loucura era aquela e ela me mostrou.
Não há unhas nos pés dela é horrível
Passei o dia pensando sobre esse
vicio horrível para vê qual era o tipo de depressão que ela sentia pra poder se
torturar daquela forma. Cheguei à conclusão que ela era como eu, só que há uma
diferença, eu dei a volta por cima não guardo nem mágoas nem tão pouco rancor
das pessoas, o que passou, passou, ela é diferente, recorda tudo com muita
raiva e revive todos os dias infelizes de sua vida.
Quando fui pra casa dela, queria
passear pela cidade para poder conhecer melhor, ela não saiu comigo para canto
algum. Minha vida foi ficar dentro de casa jogando vídeo game, as coisas que eu
já fazia em casa, até a praia que fica a dois quarteirões do apartamento ela
não queria ir comigo e aquilo foi me deixando triste e pensava cada vez mais na
minha casa.
A noite chegou outra vez, já era o
dia de Natal e mais uma vez a chamei pra sair e a resposta foi; não, tudo está
fechado, daí pra alegrar minha noite o Rei Roberto Carlos fez seu lindo show
onde tomei todas, já estava me sentindo alegre. Em seguida fui dormir, porque
já não estava mais aguentando, minha garganta e nariz estavam tapados e eu só
pensava que ia morrer. Na manhã seguinte falei pra ela que ia pra minha casa e
ela não deixou, também me acordei tarde.
__Olha tia amanhã é sábado vou
buscar o resultado das provas de Fred e quando voltarmos nós vamos à praia e no
domingo a casa de uma amiga que mora em tal lugar e isso e aquilo... Falava
ela.
__ De forma alguma não quero mais
ir pra canto nenhum, amanhã logo cedo, vou pra minha casa.
__ Mais tia, tu não disseste que só
iria terça-feira? Falou ela.
__ Sim, acontece que estou doente e
cada dia que se passa pioro mais, se eu passar mais um dia aqui eu morro.
Nessa noite não dormi no quarto fui
para o sofá. Ela começou a conversar e quando eu olhei o relógio já passava das
3 horas da madrugada.
__ Nossa querida, eu tenho que
dormir porque vou acordar cedo e tu também pra me levar no ponto do ônibus, por
isso vai dormir, falei, ela deu um sorriso me chamou de chata e foi se deitar.
Que madrugada de horror, as baratas desfilavam na sala como se fosse passarela
pra lá e pra cá. O cinzeiro lotado de piola de cigarro incensava a sala, as
muriçocas cantavam no meu ouvido como se fosse um instrumento musical e pra
completar a bendita da geladeira estava com defeito e quando ela começava a
funcionar o barulho parecia uma máquina industrial de lavar roupa ou uma bomba
de puxar água, aí que eu não dormi mesmo.
Eu poderia ter tomado meu comprimido
Lexotan para dormir, porém se eu fizesse isso iria passar direto e quando
acordasse seria tarde demais, e daí teria que dormir outra vez lá e eu estava
decida mesmo a viajar pela manhã cedinho. Quando ouvi o celular de Kelly
despertar, era 06h00min da manhã e eu havia colocado o meu para as
07h00min horas. Abri meus olhos agradeci a Deus por ter acordado me levantei e
fui escovar meus dentes. Nesse momento Jéssica acordou e eu me alegrei porque
sabia que ela iria me deixar na parada do ônibus.
__Você vai me levar até a parada do
ônibus minha filha? Perguntei.
__ Ah tia! To com sono. Mais tarde
tu vai, respondeu ela.
__ Eu não aguento mais ficar aqui
estou doente, respondi.
__ Não tia deixa de invenção vai
dormir e mais tarde ti levo.
__De forma alguma vou agora,
respondi..
Peguei a chave e comecei a abrir a
porta e não conseguia. Meu Deus como faz pra abrir essa fechadura à chave estava
horrível, então acordei Kelly pra abrir pra mim, ela abriu e eu mais uma vez
pedi a Jéssica pra me levar na parada do ônibus porque eu não sabia ir, e ela
se fez de besta dizendo que eu era doida e virou-se para o outro lado.
Olhei para o céu falei com Jesus;
__ Senhor toma a direção de minha
vida, eu já fui pra lugares mais distantes só com o endereço e cheguei, imagine
um lugar tão perto daqui, guia-me Senhor, seja o meu comandante. Amém.
Fechei o cadeado do portão e fui
embora quando olhei na frente do apartamento tinha umas quatro pessoas na praça
e eu perguntei pelo tal destino que eu ia e eles me ensinaram, daí por diante
saí andando, fui de olhos fechados, só Jesus me levando e me dando livramentos.
Quando ia chegando perto da parada
do ônibus notei que era o ônibus que levaria o meu destino eu dei um grito e o
motorista me olhou.
__ Me espere motorista.... E saí
apressadamente, entrei dentro do ônibus e agradeci a Deus por Ele ter me dado
um ônibus tão rápido, pelo menos não fiquei na parada de ônibus esperando,
porque poderia até ser assaltada devido não haver ninguém, eu estava sozinha
era 06h40min muito cedo. Paguei minha passagem e pedi ao cobrador que me
avisasse quando chegasse a parada do ônibus que levaria a meu destino e ele me
respondeu que era no terminal. Chegando ao terminal desci e fui à direção da
parada de ônibus onde havia muitos alternativos, eu não queria ir, só me
serviria ônibus, foi quando um rapaz gritou:
__ Alternativo mais barato que o
ônibus vai? Perguntou o condutor do carro.
__ Vou mais quem vai tanto? Perguntei
__ Você e mais esses dois rapazes,
respondeu ele.
__ Está doido; eu só de mulher? Vou
nada, nem morta, respondi.
Quando
eu olhei lá vem o ônibus, meu Deus bem na hora era saindo de um e entrando no
outro e Deus me dando livramentos. Daí eu dei uma carreira para a parada que
ficava quase 100 metros
de distancia e aí o ônibus correndo e eu correndo atrás com duas bolsas,
sandália alta, foi aí que não vi uma pequenina calçada tropecei e cai. Nessa
hora esqueci-me de Deus e chamei tanto do cara..... O homem veio me ajudar, aí já estava de pé e
continuei correndo quando cheguei lá, o motorista falou que eu tinha que
comprar a passagem.
__ Onde? O senhor mesmo cobra a
passagem, tenho que ir nesse ônibus, respondi.
__ Vá comprar ali que eu espero,
respondeu o motorista.
__Vou nada, só se o senhor for
comigo, já pensou se ele fecha a porta e me deixa? Eu pensei.
__ Vamos, disse ele. Comprei a passagem e minha poltrona
era de número 35, tinha a poltrona da frente desculpada daí resolvi ficar ali
mesmo. Coloquei minha bolsa sobre a poltrona me acomodei e relaxei... Que
sossego parece que estava dormindo, nem acreditava que já estava a caminho de
minha casa. Quanta alegria! Mesmo espirrando demais por causa do ar
condicionado estava conformada porque estava indo para minha casa. Da janela
pude admirar o céu claro com nuvens bem branquinhas, porque ainda era de manhã.
Toda vegetação estava verdinha não tinha nada seco. Nunca fiz uma viagem tão
boa como aquela, a minha única alegria mesmo foi à viagem, onde pude admirar as
paisagens e curtir a natureza. Quando cheguei perto da minha parada pedi ao
motorista para descer atravessei a pista e entrei em outro ônibus que me deixou
bem pertinho de casa.
Desci do ônibus tirei minha sandália
alta, pus minhas havaianas para relaxar meus pés e caminhei com passos leves
sem pressa de chegar porque eu sabia que ia para minha casa. Quando coloquei a
chave no portão de casa, meu cachorro latia muito, e entrei foi quando ele me
lambia toda de tanta saudade... Então abri a porta, coloquei minhas malas no
chão, fui direto para o banheiro onde tomei um delicioso banho quente, coloquei
um vestidinho solto, fritei um ovo, coloquei no pão e comi com Yorgut. Puxei a
tomada do telefone, e antes de desligar meu celular liguei para minha irmã
avisando-a havia chegado, comuniquei ao meu marido também, em seguida
desliguei-o, tomei um comprimido e deitei na minha cama limpa e macia e logo
adormeci.

Estava tão cansada que quando acordei já passava das 16.00 horas.
Abri meus olhos agradeci a Deus por ter chegado em casa sem nenhum mal ter me
acontecido e prometi a mim mesma que só voltaria lá um dia se for de carro e
voltar no mesmo dia porque nunca mais passo 24h00min dentro daquela casa Deus
me livre.
E assim foi meu dia de Natal fora de
minha casa e de meu marido... Não estou arrependida porque pra mim foi mais uma
aventura e eu gosto muito de viver perigosamente. Espero que ela nunca leia
essa estória para não ficar com raiva de mim. Eu tinha que relatar esse fato e
só escrevi porque estava contando pra meus amigos íntimos por sinal um casal
que eu o amo muito e eles me deram a ideia de escrever, sem esquecer que ele
ria muito quando eu estava narrando os fatos e a esposa pedia que ele parasse
de sorrir.
OBS: Gosto muito de escrever e criar contos.
Este é um conto de ficção qualquer semelhança será mera coincidência.