
Uma estória que aconteceu
Um passado desenterrado
O qual muito me comoveu
Feito pela minha irmã
Foi isso que sucedeu
Depois de quarenta anos

Procurou seu pai legitimo
Isso muito me provocou
Para aqui eu escrever
Tudo o que se passou
Mamãe ficou sem marido
Com quatro filhos para criar
Passou fome passou frio
Mas sempre em Deus a confiar
De encontrar um marido bom
E com ela se casar
Não teve sorte com o primeiro
Este só queria beber
Batia muito na coitada
Vendo a hora ela morrer
Era sujeito safado
Nem o diabo queria ver
Sofreu muito minha mãe
Um dia mandou ele andar
Dizendo que não queria vê-lo
Mando-o se danar
Com as costuras e o ensino
Dava pra ela se virar
Depois de muito tempo
Ela o meu pai conheceu
Era um homem analfabeto
Isso muito lhe comoveu
Ele entrou na escola de dela
E a amá-la logo aprendeu
Era um rapaz novo
Também agricultor
Porem um homem honesto
Digno de todo valor
Não pensou duas vezes
E com mamãe se casou
Foi uma barra danada
Quatro filhos pra criar
Ele dez anos mais novo
Mas isso nada ia adiantar
O importante era o amor
Que agora ia começar
Papai carregava água
Para quatro filhos criar
Também era feirante
Vendia batata e cará
Mamãe ensinava e costurava
Para seu marido ajudar
Pra mostrar que era um homem
O caçula registrou
Dando um nome de pai
Mamãe contente ficou
Papai foi um homem de fibra
Mais nada disso adiantou
Os anos foram se passando
Seus enteados foram crescendo
Eram brabos demais
E o cacete ia descendo
Pra fazer deles honestos
E o caminho certo aprendendo
Francisco era o mais velho
O Ginásio terminou
Queria entrar na Marinha
Papai o último tostão gastou
Depois não quis ir mais
E todo o plano desmanchou
Viajou para o Recife
Porque morava no interior
Foi com cará e batata
Que papai lhe formou
Saiu com um diploma na mão
E um bom emprego arranjou
Paulo era um danado
Só queria bagunçar
Juntava-se com a turma
Iam logo anarquizar
Esse foi quem mais trabalho deu
Por não querer estudar
Já era um rapazote
Da vida nada queria
Junto com Pedro Tupã
Dono de uma cafeteria
Jairo era quem mais bebia
Era a vida que ele queria
Da escola foi expulso
Depois que a roupa tirou
Coitada de Dona Marluce
Que sem fala logo ficou
Papai discutiu com ele
E logo lhe castigou
Mesmo assim serviu o Exército
Um pouco endireitou
Sempre foi cara fechada
Mas a mamãe sempre ajudou
Viajou também para o Recife
Também um bom emprego encontrou
Filho abençoado por Deus
Hoje rico e bondoso
Ajudou mamãe até a morte
Com um jeito carinhoso
Gastou tudo o que tinha
Por ser um filho amoroso
Laís era mais uma filha
Também não quis estudar
Matava mamãe do coração
Porque se danava a namorar
Mamãe dizia que era ainda cedo
Deviria primeiro se formar
Nunca gostou de papai
Porque nela ele batia
Porem era para o seu bem
Que papai lhe combatia
Mas Laís era danada
E só falsos lhe dizia
Formou-se com muito esforço
Não gostava de estudar
Mamãe dando em cima dela
Mandando papai lhe castigar
Ela era um peste
Começava a se lastimar
Hoje com um anel no dedo
Se sente superior
Não reconhece que papai
Por ela tanto lutou
Vendendo cará e batata
E o seu estudo pagou
Fernando era o caçula
Esse era inteligente
Foi muito esforçado
Que chegou a ser tenente
Era muito conversador
E sorria alegremente
Foi o único enteado
Que chamou papai de painha
Considerava-o como pai
Porque dois anos tinha
Quando papai se casou
Com a nossa mãezinha
Os anos fora se passando
Francisco do banco é diretor
Um cargo muito importante
Digno de todo valor
Esqueceu do padrasto analfabeto
Que tanto lhe ajudou
Hoje o tempo foi passando
Paulo do banco é gerente
Homem de coração bom
Também muito competente
De papai também se esqueceu
Por fofoca de parentes
Fernando também se esqueceu
Hoje é um grande engenheiro
Deveria agradecer a papai
Por hoje não ser um pedreiro
Vive nos luxos e riquezas
Não lhes manda um cruzeiro
Laís pobre coitada
Agora está melhorando
É uma boa professora
Sempre ao marido ajudando
Não gosta de papai
Quanto mais se lembrando
Agora que contei tudo
Quero sua opinião
Depois de quarenta anos
Será que vale a pena então
Da vida nada queria
Junto com Pedro Tupã
Dono de uma cafeteria
Jairo era quem mais bebia
Era a vida que ele queria
Da escola foi expulso
Depois que a roupa tirou
Coitada de Dona Marluce
Que sem fala logo ficou
Papai discutiu com ele
E logo lhe castigou
Mesmo assim serviu o Exército
Um pouco endireitou
Sempre foi cara fechada
Mas a mamãe sempre ajudou
Viajou também para o Recife
Também um bom emprego encontrou
Filho abençoado por Deus
Hoje rico e bondoso
Ajudou mamãe até a morte
Com um jeito carinhoso
Gastou tudo o que tinha
Por ser um filho amoroso
Laís era mais uma filha
Também não quis estudar
Matava mamãe do coração
Porque se danava a namorar
Mamãe dizia que era ainda cedo
Deviria primeiro se formar
Nunca gostou de papai
Porque nela ele batia
Porem era para o seu bem
Que papai lhe combatia
Mas Laís era danada
E só falsos lhe dizia
Formou-se com muito esforço
Não gostava de estudar
Mamãe dando em cima dela
Mandando papai lhe castigar
Ela era um peste
Começava a se lastimar
Hoje com um anel no dedo
Se sente superior
Não reconhece que papai
Por ela tanto lutou
Vendendo cará e batata
E o seu estudo pagou
Fernando era o caçula
Esse era inteligente
Foi muito esforçado
Que chegou a ser tenente
Era muito conversador
E sorria alegremente
Foi o único enteado
Que chamou papai de painha
Considerava-o como pai
Porque dois anos tinha
Quando papai se casou
Com a nossa mãezinha
Os anos fora se passando
Francisco do banco é diretor
Um cargo muito importante
Digno de todo valor
Esqueceu do padrasto analfabeto
Que tanto lhe ajudou
Hoje o tempo foi passando
Paulo do banco é gerente
Homem de coração bom
Também muito competente
De papai também se esqueceu
Por fofoca de parentes
Fernando também se esqueceu
Hoje é um grande engenheiro
Deveria agradecer a papai
Por hoje não ser um pedreiro
Vive nos luxos e riquezas
Não lhes manda um cruzeiro
Laís pobre coitada
Agora está melhorando
É uma boa professora
Sempre ao marido ajudando
Não gosta de papai
Quanto mais se lembrando
Agora que contei tudo
Quero sua opinião
Depois de quarenta anos
Será que vale a pena então
Laís procurar seu pai legitimo
Causando-nos decepção?
Causando-nos decepção?
Se mamãe fosse viva
Como ela iria ficar?
Vendo seu passado desenterrado
O qual iria lhe incomodar
O que Laís fez foi demais
Mamãe nunca iria lhe perdoar
Como me sinto triste
Ao vê-la me desconhecer
Que sou sua Irma de uma banda
Sem eu nada ter a ver
Da mesma mãe fui nascida
Do mesmo pai não queria ser
Como ela iria ficar?
Vendo seu passado desenterrado
O qual iria lhe incomodar
O que Laís fez foi demais
Mamãe nunca iria lhe perdoar
Como me sinto triste
Ao vê-la me desconhecer
Que sou sua Irma de uma banda
Sem eu nada ter a ver
Da mesma mãe fui nascida
Do mesmo pai não queria ser
Foi pro Rio de Janeiro
Pra com seu pai encontrar
Depois de quarenta anos
Não procurou se lembrar
Do mau que ele nos fez
Fazendo a nossa mãe chorar
Eu estou admirada
Como ela foi visitá-lo
Deve está muito rico
Para ela ir encontrá-lo
Quando ele foi preso
Por que ela não foi soltá-lo
Pra com seu pai encontrar
Depois de quarenta anos
Não procurou se lembrar
Do mau que ele nos fez
Fazendo a nossa mãe chorar
Eu estou admirada
Como ela foi visitá-lo
Deve está muito rico
Para ela ir encontrá-lo
Quando ele foi preso
Por que ela não foi soltá-lo
Sim meus caros leitores
Ele foi preso como ladrão
Na cidade de Campina Grande
Isso ela não quis saber não
Agora porque ele está rico
Foi logo lhe estender a mão
Dele ela pode se orgulhar
E outros irmãos conhecer
Porque hoje ele é casado
A esposa logo ela foi vê
Para ela não sou sua irmã
Mas os da madrasta podem ser
O pai dela era um homem
Loiro alto e bonito
Conquistador das mulheres
Esse era seu grande mito
Mas era um bêbado safado e ladrão
Isso afirmo não minto
Papai era um agricultor
Mas nunca foi ladrão
É preto baixo e feio
Mas é um grande cidadão
Aonde chega é respeitado
Orgulho-me de coração
Foi um homem esforçado
Duas famílias criou
Está casado novamente
E nova vida recomeçou
Está na terceira geração
E nunca se desmoralizou
Parabéns papai querido
Orgulho-me do senhor
Dessa terra nada posso lhe dá
Porem faço a Deus minha oração
Para Ele lhe recompensar com o céu
Essa é toda minha gratidão
Aqui vou terminando
Porque quase tudo contei
Agradecendo a meu Deus
Que inteligência me deu
Ele foi preso como ladrão
Na cidade de Campina Grande
Isso ela não quis saber não
Agora porque ele está rico
Foi logo lhe estender a mão
Dele ela pode se orgulhar
E outros irmãos conhecer
Porque hoje ele é casado
A esposa logo ela foi vê
Para ela não sou sua irmã
Mas os da madrasta podem ser
O pai dela era um homem
Loiro alto e bonito
Conquistador das mulheres
Esse era seu grande mito
Mas era um bêbado safado e ladrão
Isso afirmo não minto
Papai era um agricultor
Mas nunca foi ladrão
É preto baixo e feio
Mas é um grande cidadão
Aonde chega é respeitado
Orgulho-me de coração
Foi um homem esforçado
Duas famílias criou
Está casado novamente
E nova vida recomeçou
Está na terceira geração
E nunca se desmoralizou
Parabéns papai querido
Orgulho-me do senhor
Dessa terra nada posso lhe dá
Porem faço a Deus minha oração
Para Ele lhe recompensar com o céu
Essa é toda minha gratidão
Aqui vou terminando
Porque quase tudo contei
Agradecendo a meu Deus
Que inteligência me deu
Para eu escrever em versos
Tudo o que aconteceu
Quem gostou dessa estória
E também do vai e vem
É só pegar lápis e papel
E escrever sua estória também
Ao meu pai:
Tudo o que aconteceu
Quem gostou dessa estória
E também do vai e vem
É só pegar lápis e papel
E escrever sua estória também
Ao meu pai:
Agora pra o senhor sorrir
O senhor é um filho abençoado
Deus lhe dê anos de vida
Para vê seus filhos criados
Seus netos colocá-los no colo
E por eles ser mijado.
Esse
cordel eu fiz no dia 16 de junho de 1985. Hoje reescrevi para falar que esse
pai dela faleceu logo após a morte de Fernando. Não tenho noticias de Paulo,
nem de Francisco e Laís. Após a morte de mamãe as duas famílias se separaram. Uma
pena, mas quero deixar registrado que Paulo, Francisco e Laís na hora que eu
mais precisei eles me estenderam a mão, Laís me colocou dentro de casa por
muito tempo, Paulo me deu várias passagens para São Paulo nas minhas loucuras
que fiz na minha juventude e depois de casada recebi várias cestas de Natal por muito tempo e Francisco contribuiu na construção de uma casinha
que fiz perto da casa de papai e nunca tive o prazer de morar dentro dela, me acolheu na sua casa quando tive hepatite, um irmão muito bom, na
época eu não entendi o motivo hoje eu vejo que Deus tinha planos para mim, o
lugar onde eu nasci não era digno de minha presença lá.