Nasci para ser uma escritora, pena que meu talento só será reconhecido após minha morte. Gosto de contar histórias e não tenho condições de publicar em livros, mesmo assim consegui fazer um só de poesias quem sabe não serei reconhecida com esse único livro onde irão reconhecer meu talento e quem sabe procurar até fazer um filme com minha biografia após minha morte, assunto tem dará um bom roteiro, contudo tenho esperanças que escreverei o segundo com contos de ficção ou quem sabe histórias verídicas...
Vou contar uma história:
Certa
vez em uma cidade de um interior bastante atrasada havia uma mulher que não tivera
sorte com o primeiro casamento e resolveu apelar para o segundo. A vida não era
fácil, ela tinha filhos do primeiro e do segundo casamento. Mulher inteligente,
prendada porque naquela época a mulher não tinha vez de nada era uma época
machista que não davam oportunidades de mulher nenhuma assumir qualquer cargo
de trabalho a não ser: lavar, passar, cozinhar, tomar conta de filhos e não
poder dar nenhuma opinião, viver constantemente submissa ao homem.
Dona
Carmem era uma mulher bonita, infeliz na infância porque havia perdido sua mãe
muito cedo e teve que se virar só com o amor de pai por isso não soube o que era
amor de mãe talvez esse motivo fizesse ser uma mãe muito seca, cheia de
complexos e infelicidade com suas frustrações.
Quando
casou pela segunda vez começou a fazer seus cálculos e sonhar com uma vida
melhor com a ajuda do marido, Sr. Marcos, contudo tal foi à decepção, este só
sabia carregar água em um jumento e fazer farinha, plantar.. pode-se dizer que um
agricultor. Como Dona Carmem poderia alcançar seus objetivos com míseros
tostões que Sr. Marcos ganhava? Como poderia comprar um jogo de sofá para sua
sala? Colocar janelas largas, gradear sua casa onde quase todos os dias eram medidas com a fita métrica para saber quantos metros de grade seriam necessárias, um piso com mosaicos porque seu chão era de barro batido etc.

Sr.
Marcos trabalhava dia e noite para sustentar seus filhos os quais não passaram fome
como também não havia fartura, a única coisa que era farta mesmo eram as frutas
porque ele tinha um sítio e lá havia plantações de árvores frutíferas, enquanto
ele cuidava das plantações, dona Carmem ensinava e costurava ao mesmo tempo, fazia
também doces em caldas, refrescos, cocadas, suspiros deliciosos que eram
colocados numa bodega que Sr. Marcos conseguiu comprar, comprava estopa e fazia belíssimas saías bordadas,
criava galinha, ao se aproximar o Natal ela fazia uma velas lindas de papel de seda cortada com uma tesoura de picotar, por sinal muito cara na época que ela tinha que pedir emprestado (e tomar cuidado para que as crianças não a pegasse e deixasse cair onde poderia quebrar os dentes da tesoura) e enfeitava com bolinhas de Natal para ajudar no orçamento da casa, contudo não
passava daquilo.
Eram
realmente pobres, por mais esforço que faziam não conseguiam comprar nada, isso
fazia com que os aborrecimentos aumentassem cada vez mais dentro de casa. As brigas eram constantes, desentendimentos, intrigas, castigos, pisas pesadas que as filhas ficavam marcadas com cordas devido ser tão fininha e onde batia ficavam os raios de sangue, e está pensando que havia arrependimento depois? engana-se. As marcas ficavam feito tatuagem no corpo ela via e fazia que não estava vendo, queria educar seus filhos só batendo nunca havia um diálogo.
Quando Fátima me contou essa história eu fechava os olhos e começava a pensar no sofrimento tanto dos filhos
como dos pais. Contou-me ela certa vez que sua mãe lecionando no horário da noite
as pessoas analfabetas adultas, onde havia várias moças de 28, 20 anos e rapazes
também dessa idade, que chegavam tão casados da rotina diária que às vezes
cochilavam sobre a mesa, essa mesa era grande com bancos de cumprimentos mais
de metro e ficava um de um lado e outro de outro, ou seja: uma mesa no meio com dois
bancos para acomodar mais ou menos uns 25 alunos. Dona Carmem coitada também
cansada porque ensinava particular de manhã costurava a tarde, fazias os
refrescos e doces nos intervalos e a noite já estava um caco, mas tinha que
ensinar sem contar que após às 21h30min quando encerrava a aula ela ainda ia
dar os últimos retoques de um vestido que deveria ser entregue pela manhã, então quando vinha dormir
já passava das 2:00 horas da madrugada.
Agora
vamos ao assunto que mais me interessou nessa história contada pela filha dela Fátima
que muito me comoveu e pude analisar o sofrimento daquela moça. Leiam:
Sr.
Marcos tinha muito ciúme de dona Carmem ele não queria que ela ensinasse a
homens e sim mulheres como também as costuras porque quando ia tirar as medida
tinha que passar a fita métrica na cintura e nesse momento havia um contato
como se estivesse abraçando a pessoa, sim, calça de homem nem pensar, principalmente
quando ele teria que abrir as pernas para que ela pudesse medir o fundo, santa ignorância.
Um dia a Fátima estava tomando a lição de um aluno chamado Zé (tomar a lição
significava, que: o aluno tinha que ler um trecho corretamente sem errar caso
contrário teria que ler o mesmo no dia seguinte) Fátima falou que o cheiro
deles era horrível porque naquela época a comida era sardinha de caixão (hoje
enlatada) essa sardinha tinha um cheiro horrível que por mais que lavasse as
mãos ficava impregnado e não tinha jeito de sair, e o hálito pior ainda porque
eles não escovavam os dentes após as refeições, sim mais vamos ao que
interessa.
Estando
ela sentada viu seu pai chegar de sua bodega e por nada começou a falar mal de sua
mãe na frente de todos os alunos, as brigas eram constantes só que dessa vez
foi horrível, ele pegou uma peixeira para esfaqueá-la. A coitada da Fátima
gritava tanto pedia para que o pai não fizesse aquilo, os alunos com medo corriam
porque naquela época não tinha a turma do deixa disso, sempre dizia o ditado:
briga de marido e mulher ninguém mete a colher, porque depois sempre terminava
na cama, nisso a Dona Carmem começou a gritar, eram gritos histéricos que
chamava atenção da rua toda, quando ela terminava de gritar desmaiava.

Fátima
coitada saía em busca de socorro no hospital, hoje ela me contando eu creio que
não era caso de médico, era o gênio muito forte de sua mãe não podendo se vingar
dava aqueles gritos de terror. Depois que Sr. Marcos tinha visto a merda
que havia feito ia se esconder por trás de casa que havia muitas árvores.
Sumia, era aí que o desespero aumentava mais ainda, Dona Carmem desmaiada e Sr.
Marcos escondido... Quando tudo passava que ela melhorava um pouco pedia que os
filhos fosse procurar o pai para que ele voltasse para casa. Na busca o
encontrava, estava ele sentado, com a cabeça baixa entre os braços chorando
arrependido pelo que havia feito, contudo não queria voltar. Era outro inferno
para convencer aquele homem a dormir dentro de casa.
Fátima
ia me contar outra passagem chocante na vida dela, pedi que desse um tempo para
que eu pudesse narrar esse sem esquecer uma vírgula e ao mesmo tempo fiquei muito angustiada
com todo aquele sofrimento com a idade de criança, sei lá ela falou que
tinha uns 8 anos e marcou muito a vida dela é tanto que ela conta com mais
detalhes ainda só que é uma coisa tão absurda que não quis relatar.
Fica
para próxima, talvez ela venha me visitar outra vez, tudo indica lá para o dia
15 de novembro que vai ser feriado, daí ela poderá dar um saltinho aqui em casa
e me contar outro episódio.
Obs: Essa é uma obra de ficção
qualquer semelhança será mera coincidência.
02/11/2013 as 03: h36min
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