
Hoje 16 de setembro de 2020 estou aqui a recordar um passado que marcou para sempre a vida de um casal. Eles eram muito jovens, ela mais experiente que ele, já havia tido dois filhos um de cada pai e por isso resolveu ir embora da cidade para um lugar distante e recomeçar sua vida. Seu primeiro filho deixou com seu pai e o segundo foi obrigada a dar porque caso contrário a casa de seu pai viraria uma creche. Com o coração transpassado de dor deixou seu filho de apenas 3 anos e partiu. Chegando em outro estado encontrou logo trabalho e começou a batalha. Trabalhava o dia inteiro e morava com uma colega conterrânea que depois deu em merda a amizade. Um dia quando ela chegou em casa por ironia do destino encontrou um rapaz de sua cidade e logo trocaram beijos e abraços e tudo estava indo bem, só que tinha um defeito: ele gostava de jogar, tanto fazia ele estar com 100,00 reais como no outro dia não ter um centavo. Aquilo não daria certo. Certa vez ela estava na loja quando de repente aparece aquele rapaz na loja. Ela ficou pasma. não sabia por onde começar. Ele olhou para ela e cantou: " OLHA DENTRO DOS MEUS OLHOS, VER QUANTA TRISTEZA DE CHORAR POR TI, POR TI" música do Roberto Carlos. Por coincidência este também era de sua cidade. Como o mundo era pequeno... e agora? ela ficou entre a cruz e a espada. Não sabia o que fazer. Daí optou por ele. O outro com desgosto foi embora para outro estado e eles ficaram juntos. Trabalharam em uma lanchonete, ele era horrível, tinha muito ciúme dela, trocaram tapas, empurrões, aquilo não iria terminar bem. Ele pediu que ela engravidasse, mas ela não queria de jeito nenhum, jamais faria uma coisa daquela e não sei como engravidou. Não vou contar tudo porque daria um livro isso só foi o prefácio.
José: Teu filho hoje está completando 42 anos. Há 35 anos que eu o procuro e não consigo encontrá-lo. Tenho muita vontade de conhecê-lo pelo menos em uma foto. Ele nasceu na Beneficência Portuguesa de Santos, no dia 16 de Setembro de 1978 as 18:00 horas. Dia 18 a mãe desceu no elevador com aquele menino de mais ou menos uns 3 quilos e 600, mas ela não teve coragem de olhá-lo. Dr. Fabrício que acompanhou todo pré-natal falou que iria ficar com ele já que não tinha filhos, ele cuidou daquela mulher e falou que depois que ela doasse prometesse que jamais o procuraria, e o juramento foi feito. Quando chegou no térreo ela passou a criança para uma mulher alta, magra, 1.80 cm de altura, 75 quilos mais ou menos, cabelos curto, branca e não falaram nada dentro do elevador tudo indicava que ela não era brasileira. Quando aquela mulher tomou nos braços o menino, o envolveu numa bela manta , ela o aconchegou em seus braços com tanto amor, tanto carinho, tanta felicidade, enquanto a que pariu ficava sentada na calçada, se esvaindo em lágrimas e sangue. Naquele momento ela jurou que nunca mais seria mãe. Três filhos teve, dois sabe quem são, contudo esse ela nunca mais o veria. Hoje passados 42 anos ela chora e recorda tudo como se estivesse acontecendo nesse momento... Tenho que parar para chorar um pouco ... Estou de volta para concluir. Essa estória quem me contou chorou muito, hoje ela teria condições de criá-lo, mas naquela época tudo era difícil, nem se quer poderia contar com alguma irmã ou irmão.
E agora José? será que não passa por tua cabeça em procurar teu primeiro filho? Sei que você tinha apenas 17 anos era muito jovem, ela também era coitada, nem direito a uma infância teve. Mulher sofrida, odiada por todos, talvez por sua beleza, sua inteligência, inclusive a mulher que me contou essa estória falou que você havia falado que jamais teria coragem de andar de mãos dadas na cidade onde nasceram. Sabia que ela casou e já voltou aquela cidade várias vezes de cabeça erguida? ela é blindada, ninguém segura essa mulher. Hoje vive muito bem e superou os traumas, não cometeu nada de mais apenas nasceu no século errado, porque ser mãe solteira hoje em dia é normal, mas há 42 anos?
OBS: Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança será mera coincidência.