Rosto de sofrimento de tantas exclusões sociais, familiares, escolaridades etc. Esta sou quem vai descrever realmente o que é ser MÃE SOLO porque senti na pele. Eu sou uma Mãe solo.
Eis minha homenagem
Neste dia das mãe venho aqui expressar toda minha solidariedade a essas mães guerreiras que teve a responsabilidade de criar seus filhos lhe dando educação sem a presença e o apoio do pai. Há 51 anos a mulher que engravidasse sem ter marido se chamava mãe solteira, já a mãe solo exerce a paternidade de forma individual. Ela é quem assume as afetividades materna e paterna preenchendo a lacuna que o pai deixou. Os desafios são grandes, a responsabilidade maior ainda através da criação no mundo em que vivenciamos hoje. Sua vida e desgastante, desde o amanhecer até o anoitecer, porque ela terá que suprir todas as necessidades de uma casa e ainda a educação de seus filhos.
Eu tive três filhos: O primeiro que fiquei na casa com meus pais. Com a morte de minha mãe fiquei totalmente órfã e o sofrimento aumentou mais ainda quando engravidei do segundo. Cidade de interior, atrasado seria eu uma vergonha para família, meu pai resolveu então colocar um xeque-mate na história : Você escolhe: um dentro de casa ou os dois embaixo de uma ponte. Como o meu primeiro já tinha um ano e quatro meses de nascido e esse que viria ainda não havia visto seu rosto, resolvi optar por ficar com um em casa. Daí apareceu uma moça e que tinha mais seis irmãs e o levou. Esse eu sabia onde estava. Ela foi para o cartório e o registrou como filho legítimo. Meu sofrimento aumentava a cada dia, não conseguia emprego, o colégio onde estudava não me aceitou mais, só faltava um ano para eu me formar em professora, nas ruas as janelas e portas eram fechadas quando eu passava, outras cuspiam, não conseguia entrar em um barzinho para tomar um refrigerante que era expulsa, foi um verdadeiro tormento em toda minha vida, daí surgiu o pensamento de ir para São Paulo ganhar um dinheiro e assumir de vez o meu filho. Saiu um rapaz da mesma cidade onde eu morava e foi tirar meu sossego em São Paulo, uma cidade tão grande e ele tinha que me encontrar justamente onde morava. Engravidei e ele me abandonou. Sozinha sem ter casa onde morar fui obrigada a dar meu filho a um doutor chamado Fabrício, em Santos. Voltei para minha cidade vi meu filho, e fui para a capital trabalhar que ficava perto de minha cidade onde encontrei um casamento e peguei meu filho de volta, agora onde estariam os dois? jamais poderia juntá-los. Um eu sabia onde estava, agora o outro deveria está em pais estrangeiro, naquela época muitos bebês eram vendidos, o tráfico era grande. Depois de 45 anos eu não tinha mais esperança de nada, essa criança que doei ao Dr. Fabrício aparece, e isso me deixou tranquila podendo agora morrer porque só faltava essa peça para completar o meu quebra cabeça. Hoje sou feliz porque tenho encontrado a criança que coloquei no mundo.
As mães solo: Quero parabenizá-las por não ter tomado a atitude que tomei doando meus filhos, vocês são realmente umas guerreiras que não tiveram medo de enfrentar a vida e os preconceitos que esta sociedade imunda nos oferece. Hoje é muito comum ser mãe solteira agora pense há meio século! Era um absurdo. Neste dia que se comemora o dia das mães espero que seus filhos tenham reconhecido o esforço que vocês fizeram para criá-los, que eles tenham reconhecido as noites de sono que você passaram quando estava doente, correndo para a farmácia comprar o remédio porque não tinha o pai que fosse fazer isso. As brigas de criança na escola que teve de resolver porque não tinha um pai presente para tomar as decisões. Filhos de mãe solo, valorize sua mãe, veja o que ela passou para lhes criar, nunca despreze aquela que deixou de viver para lhe dar a vida.