LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO

Deitada em minha cama, só escuto o barulho da chuva. Quantos planos havia feito para essa noite. Abertura do São João, muito vinho e churrasco etc. e tal. Tudo de água a baixo, não tenho mais aquela disposição de enfrentar chuva, assaltos, marginais, em  fim não tenho mais coragem de nada e então resolvi ficar em casa, antigamente não tinha medo de nada e hoje encontro-me prisioneira na minha própria casa onde tenho tudo e nada tenho porque vivo amedrontada com o mundo lá fora.
           Há que pontos chegamos, sermos prisioneiros em nosso próprio lar, contudo estou feliz porque tudo que eu queria fazer tive a oportunidade de realizar na minha juventude porque caso contrário estaria frita não teria aproveitado nada na  minha vida. Hoje meu marido encontra-se trabalhando é mais uma noite que vou dormir sozinha numa cama fria sem ter seu corpo para me aquecer, porém agradeço a Deus por ter me dado uma caminha fofinha, nossa quando recordo um pedacinho de minha vida, vou escrever aqui para recordar sem nenhum rancor.
1974:
Paulinho estava com um ano que nunca pude comemorar de tanta pobreza. Aprontei mais uma vez e meu pai me pôs para fora de casa. Deus para onde ir? Só tinha a casa de Pai Joca que era meu avô. Chegando lá somente com minha roupa do coro e Paulinho também contei o que tinha acontecido e ele falou que eu podia ficar lá só almoço que era bom não tinha porque ele almoçava na casa de Papai, mas café dava para fazer. Meu Deus e meu filho que vou dar a ele? Onde vou dormir? Na casa de Pai Joca tinha uma marquise ( pra quem não sabe era uma sofá sem estufado, só aquela tábua dura, daí mandei buscar a rede de Paulinho e lençol, porém Ilna (minha irmã já falecida que Deus a tenha  proibiu de Dapaz  minha madrasta mandar falando que lugar de rapariga era em baixo de uma ponte, com um candeeiro, uma esteira e uma cachorrinha. Chorei tanto, e agora que deveria fazer. Aproveitei que papai estava na feira e fui buscar. Ela me recebeu com murros e daí rolamos no chão um pau danado, nem rede nem lençol nem nada. Voltei pra casa de Pai Joca e como eu tinha dado um pau grande nela e ela não pode se vingar foi me matar com uma faca peixeira. A porta da casa de meu avô era dividida em duas partes. A parte de cima estava aberta e a de baixo tinha um ferrolho em cima e uma tramela em baixo (tramela e um pedaço de madeira bem trabalhada que serve como ferrolho) foi minha sorte, quando menos esperei foi Pai Joca gritando: cuidado Inajá, daí me baixei e a peixeira passou raspando minha cabeça, se ele não avisa ela teria conseguido me esfaquear pela maneira que ele jogou teria me matado. Foi embora mordida de raiva por não ter alcançado seus objetivos, contudo fiquei com medo de papai. Quando fui dormir naquela marquise dura, bem apertadinha Paulinho falava: dói costa e eu então o coloquei sobre meu corpo e ele adormeceu agora imagine a noite inteira sem poder me mexer para não acordar meu filho. Na manhã seguinte Pai Joca foi buscar a rede e lençol. O café que ele fazia era dentro de uma lata de leite ninho e mais no carvão sem coar e comprava três pães, um meu outro dele e outro de Paulinho. Falei pra  Pai Joca que ia até o Juiz para ele obrigar meu pai a dar pelo menos minha cama, já que mamãe havia morrido e eu tinha direito. Papai ficou revoltado falando que eu dei parte dele foi uma muvuca e terminou em pizza porque terminei voltando para casa. Recordo meu sofrimento ,mas fico feliz por ter algo para contar, tendo um passado bom ou ruim mais tenho, pior são aquela pessoas que não tiveram tempo de narrar os acontecimentos de sua vida por ter morrido cedo.

21/06/2013

E o São João chegou... volto a idade de 12 anos quando  havíamos mudado para casa nova. Tinha uma prima chamada Marilene que veio estudar em nossa casa ela era filha do Tio Mário na época soldado de Polícia e morava em Orobó. Passou uma fase difícil em sua vida como todos nós passamos e morou conosco um certo tempo depois mudou-se, mas Marilene continuou morando conosco. Era muito bom e eu não sabia que era mais uma boca que meu pai teria que sustentar, uma vez na vida alimentar uma pessoa é uma coisa, agora meses e anos é demais e nossa família já era grande, éramos 8 irmãos. Não é isso que quero lembrar, o que quero relatar aqui é um fato inesquecível que aconteceu comigo no dia do São João. Todos nós estávamos reunidos no terraço quando o Tio Mário trouxe-nos bastante fogos: estrelinha, traque de sala, traque, vela luminosa,
cobrinha, peido de veia, e diabinho, sei o nome de todos porque ficaram marcados em minha mente. Nunca tive sorte, sempre fui alvoroçada em tudo que fazia, não tinha controle sobre as coisas, queria fazer tudo ao mesmo tempo e quando vi Tio Mário com aquele pacote de fogos que nunca tinha visto, fiquei eufórica e comecei a soltar um atrás do outro sem ao menos dar a chance de outras pessoas soltarem. De longe não sabia que estava sendo observada por mamãe que logo gritou: Inajá venha cá."Deixe de ser exagerada, tudo seu e nas carreiras e por causa disso não solta mais nenhum desses fogos", entre. Meu mundo desmoronou. Meu Deus tinha apenas soltado uns cinco ou seis só que muito rápido, a festa estava começando agora e eu tinha que entrar? Tio Mário pediu a mamãe que não fizesse aquilo, porém ela como tinha palavra da
 rainha (Elizabeth) só faltava a coroa, falou que não e nesse dia me fez dormir cedo. Deitada em minha cama aos soluços, só escutava os tiros dos fogos, o cheiro de fumaça da fogueira, as gargalhadas, o  milho assado parecia está colado no meu nariz de tanto que cheirava e eu ali sem um pingo de sono mais tinha que ser obrigada a dormir e mais: com a luz apagada. Pedaço ruim na minha vida. Fecho os olhos  e vejo tudo como se fosse um filme passando em minha mente. Como mãe jamais teria a coragem de fazer uma coisa dessa com um filho meu, se estava errada, me chamasse e falasse: dê um tempo, você está muito apressada, dê chance aos outros que também querem se divertir e não fazer o que fez.

Obs. Não guardo nenhuma mágoa nem rancor de minha mãe, ela foi muito carrasca e agradeço a ela tudo que sou por ter sido podada em tudo que queria fazer é tanto que hoje sou livre como uma GAIVOTA, faço tudo que quero sem pensar nas consequências, pouco importa já fiz, mesmo que venha me prejudicar futuramente mais fiz o que tive vontade de fazer sem me preocupar com o preço alto que teria a pagar devido meus atos. Tenho 57 anos e me visto como uma pessoa de 15 anos por que? Nunca pude colocar um short nem se quer por cima do joelho, hoje uso um mais da metade de minha coxa, pouco importa os comentários. Minhas blusas são costas nua, bem cavadas, por que? Nunca tive direito de usar uma blusa com alça, quando não era quimono era de manga, que horror, puta pariu no auge da Jovem Guarda Wanderleia com aquela saia bem curtinha, Valdirene, meu Deus não aproveitei nada por isso que tudo que não  tive direito de fazer fiz e ainda hoje faço a demora é querer, não devo satisfação a ninguém vivo minha vida e quando meu marido (Carlos Antônio meu filho) vem reclamar eu falo pra ele: senta aqui. Conto a ele um pedacinho de minha vida e ele diz: VAI MINHA FILHA FAZ O QUE VOCÊ NÃO  TEVE CHANCE DE FAZER APROVEITE SÓ NÃO SE EXCEDA. Ele me dando carta branca to feita, por isso o amo, ele é tudo na minha vida, meu psicólogo, amigo, amante, pai, irmão, confidente, marido e acima de tudo um ótimo companheiro que me incentiva a fazer tudo aquilo que quero me apoiando com toda dedicação. TI AMO MEU AMOR, SEM VOCÊ EU ESTARIA FRITA PRA NÃO ESCREVER FDD.

03/06/2130
Tudo que tem começo tem fim.Estou muito triste porque cada dia que se passa meu pequinês fica mais velho.Observei que ele não estava mais andando e achei que era velhice e para minha surpresa quando ele abriu a boca com sono notei que não havia mais um dente.Meu Deus meu Sammy não conseguia andar de fraco porque não tinha dentes para comera a ração.Mais que de pressa coloquei a ração no liquidificador e passei com leite.Nossa como ele comeu, fiquei tão feliz eu acho agora que ele vai ficar mais animado, que sirva de experiência para pessoas que tem cachorros velhos observe se osdentinhos ainda existem quase mato o meu de fome, agora mais do que nunca ele precisa de meus cuidados e estou contente por poder lhe dar todo conforto que um velhinho merece,só tem um defeito:por mais que toma banho continua com um cheirinho de velho mesmo, contudo eu o trato muito bem.




... tinha 10 ou 11 anos. Como era boa minha vida. Acordava ia para a barraca de meu, olhava as horas para não perder o horário da escola. Sempre fechava a barraca às 11:00 horas. Chegava em casa almoço pronto, tomava meu banho e ia para o Grupo Escolar Raimundo Honório. Foi a melhor época de minha vida. Tinha uma amiga chamada Rejane, nossa nós éramos íntimas. Lembro quando íamos lanchar na lateral da escola e lá tinha umas frutinhas gostosas não recordo o nome. No período de férias era melhor ainda. Quando terminava de almoçar descansava um pouco e saia: Marilene ( prima) Ilna ( irmã) e íamos
passear no sítio. Andávamos km e km e a tardezinha estávamos de volta, isso fazíamos todos os dias. Naquela época não existia estupradores, assaltantes,  sequestros, podíamos andar livremente, daí tivemos a ideia de chamar os meninos que eram nossos amigos  Zezinho e Joca. Mamãe nunca soube nós saíamos primeiro e pegava um pau e saia deixando um risco no chão pelo caminho que íamos andando, e logo eles nos encontrava. Ninguém tinha maldade. Luizinho gostava muito de Marilene como também Zezinho. Marilene era linda, 
tinha cabelos longos e coxas grossas que chamava a atenção por onde passava. Ela gostava mesmo era de ... não vou colocar o nome dele, já Joca dava umas paqueradas com Ilna eles eram da mesma idade, como era linda nossa amizade. Um dia fomos até uma cidade vizinha chamada Orobó, nesse dia mamãe ficou preocupada porque chegamos quase seis horas da noite. Sempre caminhei quando pequena era nosso divertimento. Tínhamos três amigos: Luizinho, Zezinho e Joãozinho (Joca). O tempo passou e não pudemos mais sair de casa, nem se quer para caminhar porque a violência aumenta a cada dia. Andamos assustados olhando para os lados e para trás sempre pensando que estamos sendo seguidos. O sequestro, estuprador, assalto está aí a toda hora, não escolhe pessoas tanto idosos como jovens e o pior que são de menores e logo estão soltos para cometer outra vez as barbaridades com pessoas de bem. Vivo trancada quase não saio de casa com medo e quando vou para o trabalho procuro nunca baixar o vidro do meu carro porque temo a qualquer momento uma moto encostar e querer me fazer  o mal. Que Deus tenha misericórdia de nós, que dê mais amor ao próximo, porque se nos seguíssemos só dois mandamentos de Deus o mundo seria outro. Deus deixou 10 mandamentos que hoje se resume em 2, só 2: AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISA E AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMO.O que eu não quero para mim não posso dar a meu amigo.

Hoje 19 de maio está fazendo 10 meses que perdi meu amigo, homem trabalhador e foi vítima da violência quando estava no seu comércio trabalhado. Sinto falta dele. Passo todos os dias em frente e não esqueço. Por hoje é só.





























Todo dia é dia das Mães, mas como sempre existe um dia especial então temos nosso dia. Meu Deus nunca pensei ter tantos filhos e filhas adotadas. Engraçado os que tive, que gerei no meu útero não sei por onde anda... também não os crie,  foram dados porque não tinha condições de criar e o que criei não sei por onde anda, mesmo assim Deus o abençoe e lhe dê um coração de carne, porque nunca vi um coração tão duro igual a essa criatura, parece mais o coração de Faraó.

 Passei meu dia muito bem Graças a Deus, recebi uma mensagem linda de Juliene ela nunca esquece. Eloiza logo me ligou também, Cleice nem se fala faz uma dramatização que chora eu e ela, Edgmar também me ligou, Taty como sempre com suas mensagens lindas, enfim pessoas que me consideram e que me fazem feliz. Passei o dia no Conde numa Granja de um amigo de Carlos onde comemos e bebemos a vontade e só voltamos a noitinha. Para minha alegria a noite chegou Dayane juntamente com Joan e Joan Filho (meu neto de coração e afilhado) a quem amo muito me presentearam com uma linda cesta onde continha uma caixa de sabonete da Natura, barra de chocolate, trufas, chocolates etc. Nunca pensei está tão bem em minha vida. Estou feliz.

13/05/2013
Como sabemos todo dia é dia das mães,porém tem sempre um dia dedicado a ela e como sempre continuo contando os dias,minutos e segundos para receber meu filho juntamente com meu neto em minha casa.A emoção é muito grande em vê-lo sentar à mesma e almoçarmos juntos.Sabe, isso acontece só no dia das mães, no meu aniversário, na páscoa, no Natal e no Ano Novo,fico feliz são poucas vezes,mas o suficiente para me fazer feliz.Não sei qual irá ser meu presente este ano porque esqueci o que ganhei ano passado,ando com a memória muito fraca....Nossa quanta ilusão?Parece que estou na terra do Nunca, onde o Peter Pan não cresce e eu continuo insistindo numa coisa impossível.Não pense que sou infeliz, pelo contrário 
 aprendi a conviver com essa exclusão.Há várias maneiras de se preencher um vazio e tenho preenchido o meu de várias formas as quais me tornam feliz.Sou feliz, Deus me deu um Marido maravilhoso,ele é:

 meu psicólogo,amante,amigo,irmão,tudo que uma pessoa necessita de outra.Tenho duas cachorras (Salete e Stefany) que sempre me recebem com lambidas e abraços quase me pondo no chão com tanto amor que me dedicam,um cachorro que está em extinção(pequinês ) meu Sammy querido, já velhinho a quem dedico todo meu amor, quase não anda passa mais tempo deitado, e assim vamos vivendo como uma família feliz.










FAMÍLIA FELIZ!!!!!!!!!!!
                                        08/04/2013

... e a mesma situação continua.As pessoas acreditando em outras,  fazendo planos, planejando como irá agir no exato momento do acontecimento e tudo não passa de uma ilusão de uma mentira.Até que ponto existem pessoas tão maquiavélicas que programam e planejam fatos mentirosos parecerem tão verídicos?Pois é mais uma vez caí no conto de fadas.
     A estória começa mais ou menos assim: Contou-me uma senhora em uma viajem que fiz muito longa e durante esse período conheci a vida particular dela..Conversa vai, conversa vem surgiu o comentário a respeito do dia das mães.Ela me falou que tinha um filho que não o via há 13 anos e sua maior alegria  era tê-lo como visitante no dia das mães.Ela não sabe por onde ele anda, sumiu, parece que abriu um buraco

 no chão e se enterrou porque ninguém lhe dar notícias.Ela não sabe se está vivo ou morto, se casou, se tem filhos, em fim nada a respeito.Falei pra essa mulher que ela deviria esquecer a existência desse filho e tocar a vida pra frente, procurar fazer um curso, viajar, esquecer que tem esse filho,porque muitos filhos enterram as mães vivas como esse fez.Um dia ele irá se arrepender e quem sabe pode até procurá-la isto é, se estiver vivo.

Ela me falou me falou que continua esperando.
    Minha estória é mais ou menos parecida com a dela.Tive um filho há 25 anos em Santos na Beneficiência Portuguesa em Santos ( São Paulo).Menino muito bonito, cheguei a vê-lo de longe quando uma enfermeira trouxe para alimentá-lo porque havia uma mãe desnaturada que havia dado e a criança estava com fome, perguntando a mim se tinha leite, eu falei que sim: quando ela se aproximou, vi uma faixa grande escrita INAJÁ, meu Deus

 quase morro na hora e pedi imediatamente que saísse do quarto porque aquele bebê era meu e caso eu amamentasse não teria mais coragem de dá-lo.Eu não tinha condições de criá-lo, não tinha residência fixa, estava no seguro desemprego, já havia dado um, tinha outro no interior de Pernambuco, uma loucura total.Falei pra ela que havia perdido toda minha juventude e adolescência porque havia sido mãe muito cedo.Com o tempo eu tive notícias desse menino com nome e profissão, tudo coincidia que realmente era ele, no entanto tudo não passou de uma grande mentira, sofri bastante e nunca mais acreditei nas pessoas.Falei pra ela não procurar saber porque não vale a pena sofrer por quem não merece, que esse menino que a abandonou é digno de pena coitado, deve ter tido uma infância infeliz,deve ter sofrido agressões físicas quando pequeno e não teve realmente o amor materno desejado.
                     
  04/05/2012

DANIEL LINDO DA SILVA é assim que meu neto é chamado. Hoje estou muito triste. Não gosto quando chove, daí me dar uma tristeza danada e me torno museu. Volto ao passado sem querer. Perco o sono. Levanto tomo um comprimido e vou tentar dormir. Noites tenebrosas e angustiantes. Por que nunca somos felizes por completo? Por que sempre falta algo para completar nossa felicidade? São perguntas sem respostas. Eu sou tão feliz, tenho tudo que quero, faço tudo que quero, mas sempre aparece algo para impedir minha felicidade.
 A primeira é meu filho que  me rejeita e a segunda é meu neto que não tenho o direito de conhecê-lo. Não tem problema DANIEL LINDO DA SILVA de longe acompanho seu crescimento, choro todos os dias ao vê suas fotos e não poder lhe tocar, ainda bem que tenho fotos sua. Um dia quando você crescer eu não estarei mais aqui para que você me conheça, porém sei que você vai ler meu blog e saber que teve uma avó que lhe acompanhou de longe. Quando você for olhar o álbum do casamento de seu pai irá ver uma mulher entrando na Igreja com ele no dia do seu casamento, não sou eu meu neto querido, nem se quer fui convidada. No dia do seu nascimento eu falei com sua mãe perguntando de você, ela não pode falar porque seu pai estava por perto e já faz dois anos e nove ou dez meses que você 
nasceu e nem se quer tive o direito de calçar um sapatinho de crochê feito por mim. Engraçado não é meu filho, eu fiz milhares de sapatinhos de crochê, milhares de bebês calçaram os meus sapatos confeccionados menos você. Nesse momento eu queria nunca ter feito esse milhares de sapatos, queria apenas um par exclusivo para você. Dia das mães está se aproximando, ainda bem que você está ao lado de sua mãe onde irá ser um dia maravilhoso, enquanto eu daria tudo para ter a minha, mas infelizmente Deus a levou, ao passo que seu pai tem mãe mais à matou desde 2002 quando saiu de casa. Nunca me deu notícias e eu sofro com isso. Ele é um filho ingrato. Quando você

 crescer pergunte pela sua avó Inajá para vê qual a resposta que ele irá dar...Eu tenho pena de meu filho,ele é digno de pena, no momento esse é meu único sentimento por ele,contudo ouvi falar que as pessoas que são mais odiadas são as mais lembradas por isso fico feliz ao saber que ele se lembra de mim todo momento e peço a Deus que o abençoe e lhe dê paz.  Um beijo meu neto de sua avó: Inajá. Talvez quando você ler esse desabafo eu nem esteja mais por aqui mesmo assim quero deixar registrado para você saber que teve uma avó que não conheceu, mas que te ama a distância.

ESSA É SUA AVÓ LINDA E FELIZ
 

             25/04/2013
MAIO DE 1975

Mamãe já havia falecido há um mês e para minha surpresa estava grávida há dois meses. Meu Deus que vou fazer? Eu já tinha Paulinho, como Papai iria reagir? O pai do meu filho era justamente o vizinho que mamãe fazia muito gosto em me ver casada com ele pelo menos teria um nome já que naquela época 'mãe solteira  não tinha valor algum. Passamos uns seis meses namorando e ele nunca me tocou, também eu não conseguia esquecer meu Jaime querido, amor da minha vida, que me fez mulher e ao mesmo tempo desgraçou minha vida quando me abandonou. Um dia eu estava em casa e ele falou para mim que estava viajando à São Paulo no dia seguinte. Achei muito estranho de uma hora para outra ele querer ir embora e perguntei o motivo, ele falou que iria trabalhar para juntar dinheiro voltar e casar comigo. Daí fiquei sem saber o que fazer. Mamãe e Papai estavam no Recife,  daí   ele
falou que queria passar a noite comigo e me prometeu mundos e fundos. Fazia uns oito meses que eu não tinha contato com ninguém e um fogo danado não pensei duas vezes, quando menos esperei estava na cama com ele. Passamos a noite juntos, não sabia que aquela noite tinha sido a primeira e última vez. No dia seguinte ele viajou. A mãe dele não queria o nosso namoro e achou bom ele ter ido embora. Os dias se passaram, meses e eu não tinha notícias dele, porém depois de algum tempo tomei conhecimento que Jaime tinha dado a passagem dele porque não queria que eu me casasse com ninguém. Ele sempre me falou: Não quero mais você e também não deixo ninguém chegar perto de você nunca. Chorei muito, mas não me conformei. Em Setembro fui na maternidade pedir ajuda 
 a Iraci para que ela contasse a papai o que estava acontecendo comigo. Ele ficou muito aperreado, me esculhambou e foi à Recife pegar o dinheiro com meu irmão que trabalhava no Banco Português para que eu pudesse ir atrás do pai do filho que eu estava esperando. Fui embora, deixei papai e pai Joca  sozinhos. Só eu e Deus sabe como fui embora. Chegando na rodoviária comprei a passagem e entrei no ônibus. A viagem foi longa e logo fiz amizade com o vizinho de minha cadeira. Paulinho tinha um ano e um mês. No caminho um sacrifício maior do mundo. Eu de seis meses de barriga, Paulinho, mala, comida pouca, não tinha frauda descartável, era cocô, xixi, calor dentro daquele ônibus, meu filho pingava de suor, um aperreio danado, meu Deus não sei como suportei passar por tanta dificuldade na minha vida. Quando cheguei fui direto para casa do pai do meu filho que estava esperando. Não o encontrei. Chorei muito, o irmão dele falou que eu não podia ficar lá porque seu irmão não estava mais morando com ele. Entrei em desespero. Que vou fazer agora? Ele perguntou se eu não tinha algum parente por lá e eu me lembrei de Bêne uma prima. De imediato ele chamou o taxi e foi me deixar lá. Esse assunto está me fazendo mau não quero mais terminar ele agora.

12/04/2013

Mamãe estava dando um cochilo após o almoço e eu estava ao seu lado era dia 21, quando der repente ela fez hum.
__ O que foi mamãe, perguntei
__ Sabe quem esteve aqui agora? respondeu ela
__Ninguém mamãe, falei
__Teve sim, minha mãe veio me buscar e eu falei pra ela que queria vê a formatura de Fernando ( meu irmão),mas ela falou não, que eu teria que ir agora.Eu acho minha filha que irei morrer esse mês e é uma coincidência, hoje é o aniversário da morte de mamãe, inclusive quando ela morreu eu tinha dois anos de idade, falou mamãe e Deus é testemunha que não estou acrescentando nem tão pouco diminuindo as palavras ditas por ela.
__ Que besteira mamãe, a senhora sonhou falei.

__Não Inajá, eu vi, respondeu ela.
Corri para a barraca e contei tudo a papai e ele falou: Besteira Inajá tua mãe tá ficando doida, e eu respondi: é verdade papai ela falou que viu a mãe dela.
Daí mamãe sempre lendo a Bíblia e falava se ficasse boa a primeira coisa que iria fazer era se batizar na Igreja Batista.Papai não gostava muito dos Evangélicos,mas nada podia fazer.Um dia coloquei Paulinho na cama e mamãe começou a rir.Ela falou que estava feliz porque Paulinho estava moreno, quando ele nasceu era bem alvo tinha a cor do pai e mamãe não gostava queria que ele ficasse moreno.
  Dia 25 mamãe me chamou e me contou que havia sonhado com uma mão enorme no céu, a mão estava aberta

 e ela ficava olhado aquela mão parada, e perguntou se eu sabia decifrar esse sonho,eu falei que na minha opinião aquela mão estava mandando ela esperar algo,poderia ser sua cura, eu não sabia que ela tinha câncer.E mais uma vez corri para contar a papai na barraca e ele nem deu importância.
  Dia 27 mamãe acorda e fala:Inajá! Hoje o sonho foi diferente.Vi um rosto do tamanho do céu.Um rosto lindo,de barba,cabelos cumpridos muito bonito, e agora minha filha?Não sei como lhe responder mamãe, a mão que a senhora viu era mandando esperar

 ficar boa, ou então vê esse rosto.Não quis falar  nada a papai para não deixá-lo mais irritado.Nessa época Ilna já estava estudando em Rio Formoso em casa do Tio Mário irmão de mamãe e eu não tinha com quem conversar, o pai Joca (meu avô pai de minha mãe) era surdo eu teria que gritar para poder ouvir, fiquei calada.
  Dia 28 mamãe amanheceu boa.Levantou-se e me pediu para dar um banho nela

.Achei muito estranho,há dias ela nem andava agora estava boazinha...foi aí que eu falei:mamãe aquela mão era para a senhora ficar boa.Ela respondeu: que nada Inajá, hoje eu sonhei outra vez, talvez você pense que estou louca mais chegou o dia da minha morte porque eu sonhei com a mão outra vez e dessa vez ela me chamava.Lágrimas se formaram em meus olhos,mas pude conter em soluços dentro do meu coração para não chorar na frente dela, foi ai que pela primeira vez que aprendi a chorar com o coração, sabia que iria perdê-la, ela era meu porto seguro apesar de ter dado tanto desgosto ela havia me perdoado e eu não queria que ela morresse porque ficaria só e iria sofrer com meu pai.Era um fardo muito pesado que teria que carregar.Teria que tomar conta de um menino, de meu avô e de papai eu tinha apenas nessa época 19 anos, sem infância, sem juventude,uma responsabilidade muito grande que teria para continuar a vida em um interior onde tudo servia de comentários e todos sabiam a vida de cada um porque havia poucos habitantes.
Mamãe estava feliz porque me pediu que aceitasse me casar com um rapaz porque ela queria morrer e me deixar amparada, eu topei,mas me estrepei depois conto os detalhes para não misturar com a morte de minha mãe que foi tão linda.Dei um banho em minha mãe, ela com vergonha do corpo mutilado e ainda por cima nunca havia ficado nua na minha frente e daí começou a brincar comigo.Almoçou bem, conversou muito e me explicou tudo como queria que eu fizesse depois que ela morresse, muito embora eu já estivesse passada de tanto vê minha mãe morrer e tornar outra vez,não sei falar com certeza mais creio que ela teve umas cinco paradas cardíacas onde eu saía correndo para a maternidade gritando que mamãe estava morrendo.Iraci uma boa enfermeira acordava de madrugada de camisola,colocava uma roupa por cima e vinha socorrer minha mãe,nunca fez cara feia nem se abusou, estava sempre pronta para servir a qualquer hora do dia ou da noite.Sim, antes que eu esqueça,falei para Papai o sonho de mamãe, daí ele falou tá doida tu e tua mãe, isso é doidice nem quero saber disso, isso é besteira.Quando foi lá pelas 17:00horas mamãe começou a me dar os detalhes do seu sepultamento.
__ veja bem minha filha, eu vou morrer, sei que não passa desse mês, a minha mãe morreu dia 21, fulano dia tal, sicrano dia tal.Bem quando eu estiver dentro do caixão quero que você coloque um tule sobre o meu rosto para que não venha um levante o pano e diga: ficou do mesmo jeitinho, aí cobre.Daí vem outro:levanta o pano e fala:não mudou nadinha e cobre.Vem outro e fala: está parecendo uma santinha e assim por diante então para evitar esse levanta e baixa é melhor o tule porque não precisa de ficar levantando e baixando, não esqueça também de colocar minha chapa (prótese) porque não quero morrer de boca mucha para não ficar com um nariz enorme e a boca lá pra dentro, sem esquecer também de fechar meus olhos para que eles não fiquem abertos.Fiquei ouvindo atentamente o que ela falava.Pediu a Bíblia e falou:Esta é a única herança que tenho para lhe dar.Não se desespere.Sei que você irar sofrer muito depois que eu morrer, tenho que parar para chorar... Estou de volta.Continuando, ela falou que depois que ela morresse eu iria sofrer muito,porém nas horas dos seus aperreios, desesperos, angústias entre no quarto peça inspiração a Deus e abra, e Deus irá lhe fortalecer e você não irá fraquejar.Eu falei:Mamãe parece que a senhora está se despedindo de mim, eu não gosto quando a senhora fala desse jeito.A Senhora não vai morrer, veja como a senhora amanhece boa!Ela só fez sorrir.A noite já passava das 22:00 horas quando mamãe piorou.Mais uma vez saí correndo atrás de Iraci.Nessa noite fui dormir mais de 2:00 horas da madrugada.Eu e papai.Mamãe cansada, eu abanava, abanava e ela sempre cansada, quanto sofrimento,nós éramos tão pobres que nem um ventilador tínhamos para refrescar minha mãe, quanto sofrimento.Não aguentei mais e papai me mandou dormir.
.Ele passou a noite em claro.quando eu acordei era umas 6:30 horas ou 7:00 não estou lembrada,Mamãe tinha dormido um pouquinho e papai ali do lado não tinha pregado os olhos coitado, estava de olheiras, papai sofreu muito vendo mamãe daquele jeito.Lá pelas 8:00 horas mamãe acordou.Perguntei se ela estava melhor.Falou que não passaria daquele dia:29 de abril de 1975.Falava ela:estou pior.Venha cá cante um hino.Deus onde fui buscar forças para cantar aquele hino que ela havia me pedido.Eu cantei em seguida ela me fez todas as recomendações.Chorei tudo que tinha de chorar.Ela estava bastante cansada mesmo assim cantou um hino e me pediu para terminar.Em seguida, fez uma perce linda a Deus, queria tanto ter um gravador para ter gravado tudo aquilo,mas a pobreza era grande, se eu tivesse gravado serviria de conforto para mim.Não sei meu Deus porque não sou de julgar ninguém,mas Deus deve ter olhado para mamãe naquele momento e ter ouvido suas preces e a colocou a seu lado.Bem nesse momento ela piorou demais, engraçado se passaram 38 anos e eu recordo como se fosse hoje.Corri outra vez atrás de Iraci e trouxe o Dr.Abelardo.Ele falou que mamãe estava respirando por uma parte bem estreitinha do pulmão e quando fechasse ... daí aplicou uma injeção para ela dormir e papai perguntou se dava tempo de ir ao sítio enquanto ela dormia.O Dr. respondeu:O senhor pode ir à Recife à pé  e voltar.Papai não entendeu nem eu também só sei que a porta foi fechada para que ninguém a incomodasse.Quando papai chegou do sítio falou:Você foi vê sua mãe? Não papai o médico avisou que não era para ninguém entrar no quanto para que ela não acorde.Saiu papai para o quarto e escutei a voz dele apavorada gritando: Corre Inajá tua mãe está morrendo! que nada papai o senhor está brincando, falei da cozinha.Ele falou corra Inajá venha logo, gritou ele.quando entrei no quarto escuro porque as janela e portas estavam 
fechadas olhei meu pai com a mamãe nos braços e ela procurava me falar algo porém não conseguia.Fiquei olhando para ela tentando descobrir o que ela queria, tinha minha cabeça tonta, era tanta coisa, uma confusão total, mas daí descobri.Deus meu Deus, é a chapa (prótese) Corri e fui buscar,.Quando coloquei as duas peças ela ajeitou direitinho deu um sorriso... preciso chorar.... deu um sorriso muito fraco de satisfeita, foi aí que surgiu uma lágrima rolando na sua face.Silêncio, silêncio total,depois do desespero, a agonia, a angústia, papai começou a falar.Dos Anjos, você tá morrendo minha velha?Olhei o sangue sumindo de sua mão,. papai já havia passado álcool por todo corpo massageando,mas já não havia mais pulso, foram tantas coisas que esqueci de pedir a sua benção.Deitei mamãe na cama.O quarto fechado ela ainda com seus olhos abertos fechei-os mais ela abriu outra vez talvez eu havia me precipitado e fechei antes do tempo.Papai chorava sem consolo.Eu naquela hora me tornei dura, tentando consola-lo dizendo que ela tinha escançado.
  
TERÇA FEIRA 29 DE ABRIL DE 1975 ÁS 10:20 HORAS DEUS A  LEVOU PARA O CÉU, MINHA MÃE QUERIDA, e eu fiquei órfã só com meu pai,meu filho e meu avô.


Hoje estamos no dia 11/04/2013 não vejo a hora desse mês passar porque não gosto dele se minha mãe fosse viva estaria com 95 anos.Professora, costureira, poeta,mulher digna,nada que abone sua conduta moral.Em Bom-jardim quem não conheceu DONA MARIA DOS ANJOS não conheceu Bom-jardim.