LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO

Quem realmente me amou? Pergunta aquela velha cigana agora não mais em um monte e sim em seu sobrado enorme que com suas economias lendo as mãos conseguiu juntar algum dinheiro e agora estava ali em sua janela, sentada em sua cadeira de balaço, com xale vermelho com fios dourados, várias pulseiras, anéis, seus cabelos em vez de duas tranças agora só uma porque com o passar dos anos foram caindo e ficando cada vez mais branco, ela nunca quis pintar. Em seus pés uma sandália rasteira devido sua idade não calçava mais sapatos alto, uma saia bem rodada porque não havia perdido sua origem e uma blusa com decote bem
arredondado mostrando seu colo já enrugado pelo tempo, mas que na sua juventude havia sido muito cobiçado por vários homens que passaram em sua vida, vaidosa ainda conservava uma bela gargantilha larga para disfarçar a rigidez de seu colo. O sol já estava se escondendo quando ela relembrava sua vida e viagens por tantos lugares... e surgia em sua mente: por quem fui amada? Ora, se ela era cigana, lia as mãos de outras pessoas, adivinhava o futuro delas, e por que não saber por quem foi amada? Ah! Quantos amores eu tive dizia ela em seus pensamentos!   Quem realmente me amou. Sozinha naquele sobrado havia terminado seus dias da forma que sempre pensou: em sua vida encontrou muitos amores, porem ninguém foi digno de seu amor. Ela era uma mulher romântica, apaixonada, acreditava no amor verdadeiro, contudo sempre foi usada e abusada por pessoas que nunca a valorizava. Em uma passagem de sua vida surgiu um homem que realmente a amou, isso ela tinha certeza, seu nome era Henrique, um rapaz lindo, alto, moreno, corpo atlético, mas devido a um rapaz que dizia lhe amar, inconformado por ela ser cigana e sempre está viajando havia o deixado e quando ela voltou encontrou esse rapaz e se apaixonou, inconformado ele mandou que ela o deixasse imediatamente, caso contrário iria sofrer as consequencias, temendo acontecer o pior deixou o rapaz e voltou a ficar só. E assim o tempo foi passando e outros amores surgindo, mas nenhum lhe deu o amor que ela tanto almejava. Um dia quando ela estava em uma feira livre, sentada em um banco com suas cartas nas mãos apareceu um rapaz bem mais jovem que ela, sorridente pediu que lesse as cartas, ela olhou para ele e falou: Você irá se apaixonar por uma mulher mais velha que você irão passear bastante, vai ser bonito o amor mas um dia ela irá lhe deixar porque essa mulher não pertence a homem  nenhum. Ele sorriu e falou: Essa mulher está na minha frente. Há dias que lhe observo de longe e espero ansioso que chegue o dia da feira para lhe ver. Daí surgiu um belo romance entre ele. A cigana ficou feliz e realmente esse a amou. Passavam finais de semana viajando, nunca discutia era uma alma em um só corpo. Certa vez ela adoeceu, quase morria, foi aí que ele demonstrou todo seu amor cuidando dela como se fosse uma rainha. Depois de uns anos ela estava colocando cartas quando um jovem se aproximou e pediu que ela lesse sua mão. De longe seu amado viu e quando ela terminou de ler e o rapaz tinha saído ele se aproximou e teve uma crise de ciúme e bateu com força em sua perna. Foi a primeira e última vez. Ela falou que isso nunca mais aconteceria, que ele saísse de sua vida para sempre.  Realmente ele foi embora e ela nunca mais o viu. Aquele homem a amor, devido um deslize de sua parte a perdeu, ela teve medo que depois daquela tapa em sua perna poderia acontecer uma agressão maior. E lá se foi mais um homem que realmente a amava. A caminhada foi longa e espinhosa. Como sofreu aquela pobre cigana vagando no mundo sem um teto para morar, sempre em cabanas, tendas, não tinha um lugar fixo para sua velhice, era um sofrimento total. Um dia ela estava sentada em banco numa pracinha quando apareceu um jovem que perguntou se poderia sentar ao seu lado. Meio sem jeito falou que sim. Conversaram e marcaram um encontro...


CONTINUA...

OBS: Essa é uma obra de ficção qualquer semelhança será mera coincidência.

                                                  21/07/18

 Durante muito tempo já era para ter feito esta homenagem a essa mulher guerreira que tanto lutou pela sua sobrevivência. Não teve a sorte de ser criada pelo seu pai legítimo porque este abandonou sua mãe com quatro filhos, realmente não teve essa sorte, mas teve um padrasto que é o meu pai onde ajudou a mamãe criar seus quatro filhos de forma enérgica, devido ser simplesmente um agricultor e ainda por cima analfabeto, mas digno, honrado e trabalhador. Ninguém é perfeito e não quero falar de seus defeitos porque todos estão enterrados com ele já que o mesmo está morto e não poderá se defender das acusações que poderia citar aqui, contudo era meu pai e como diz o mandamento de Deus “ Honra teu pai e tua mãe para que tenhas vida prolongada e ser feliz”, e é assim que estou sobrevivendo, com uma velhice que jamais pensaria que tivesse... continuo afirmando: Deus tem um plano na minha vida, sou como um bambu, onde vem as enchentes, os ventos fortes, eu deito fico quase ao chão mas devido minhas raízes profundas quando menos espero estou erguida outra vez.

Vamos ao que interessa. Aos 16 anos fui para casa de Laís grávida, ela me recebeu de braços abertos onde passei uns dias porque estava fugida e tinha que ir embora para longe porque meu pai estava me caçando como se caça um animal para me dar fim, contudo sobrevivi. Voltei para casa de meus pais e em seguida mais uma vez estava na casa de Laís. Época difícil, Manoel havia aderido a greve dos correios, ficou desempregado, tinha um táxi onde fazia corridas para sustentar a casa. Laís duas filhas uma atrás da outra, chegando em casa quase meio dia após subir uma ladeira interminável para ajudar no orçamento da casa, era professora de um colégio, nossa como chegava cansada coitada, eu grávida, mesmo assim dava uma mãozinha a ela tomando conta de Jaqueline e Sheila, Jaqueline era calma, mas a peste da Sheila era uma danada, chorona, braba, parecia que tinha espinho no berço, enfim passei um bom tempo da minha gravidez lá. Após o nascimento do meu filho e o falecimento de minha mãe, quem me apoiou outra vez? LAÍS. Meu Deus, quanta paciência. Nunca me menosprezou, sempre me tratou como uma verdadeira irmã, enquanto as outras me chamavam de rapariga e corriam atrás dos maridos ela me encontrava em cima da cama com seu marido jogando baralho e nunca me soltou uma pilheria, nem tão pouco Manoel me olhou com olhar diferente. Quando em sua casa estava minha cunhada me recomendou ao gerente de um supermercado onde fui trabalhar e continuava morando onde? Na casa de Laís. Foi a única onde encontrei abrigo. Nas noites chuvosas eu tinha um lençol para me cobrir, pela manhã pouco ou muito tinha meu café e assim por diante. Hoje após 15 anos volto a encontrá-la. Nossa parece um bebê. Tive vontade de coloca-la nos braços e embalar, meiga, doce, suave, paciente, está na terceira geração. Não sei até quando ela encontrará tantas forças para suportar os acontecimentos que não tem sido fácil principalmente agora com marido doente. Cheguei lá achei lindo, filha, neta, bisneto e vem outro chegando brevemente. Quem hoje em dia tem a honra, a dádiva de Deus para ser agraciada de tanta alegria e longevidade. Quero aqui deixar meu agradecimento por tudo que está irmã mesmo de uma banda como se diz, fez por mim, o importante é que saímos da mesma barriga de nossa mãe. Obrigada Laís por tudo, que o Senhor Jesus lhe abençoe e guarde recompensando por tudo de bom que você fez por mim. Não importa o passado está tudo sepultado, vivamos o hoje com amor no coração perdoando a quem nos fez mal, retribuindo com o bem porque dessa vida nada levamos, estamos de passagem onde não sabemos qual dia do nosso embarque. Foi bom te encontrar... e como foi....

OBS: Essa não é uma obra de ficção e sim mais um pedacinho de minha vida.

                 08/07/18
                                                                     












E quinze anos se passaram... Um dia deitada em minha cama comecei a reviver meu passado e pensei nos meus irmãos, cunhados, filhos e vi o quanto é triste uma família desestruturada onde todos cresceram juntos, nasceram da mesma mãe e hoje quase ninguém se comunica um com o outro. Na nossa juventude cometemos erros e acertos, as vezes vingança por palavras que não deveriam ser ditas e daí se torna uma inimizade, de forma que, com o passar do tempo pode se chegar a uma conclusão: Dá vida não se leva nada a não ser as boas amizades que são construídas por essa passagem aqui na terra. Somos uma vela acesa que não sabemos qual a hora que o vento irá apagar, estamos aqui de passagem, e por que tanto desavença, tanto ódio, rancor, ambição se quando morremos nada levamos? Senti saudade de Ilna ( irmã falecida) e resolvi visitar Cidinho. Nossa como foi bom. Almoçamos juntos, ele já construiu outra família, vive muito bem ao lado de sua mulher, sua filha de oito anos, mas olhou bem dentro dos meus olhos e falou: “Ainda amo muito sua irmã, não a esqueci”. Pois é, a vida é cheia de segredos, ninguém anda na mente das pessoas, mesmo morando com sua mulher, porém a mente... E assim fiquei feliz por rever meu cunhado e sobrinhos, e sobrinhos netos. O engraçado de tudo é que na hora da saída eu coloquei o celular dele dentro de minha bolsa pensando que era o meu, só que o meu já estava dentro e só vim notar quando cheguei em casa. Imediatamente liguei para ele e marquei de levar na próxima semana, Deus tem um propósito em nossas vidas, eu tinha que voltar na próxima semana para poder reencontrar outra pessoa da família, e foi o que aconteceu. Após ter saído da casa dele, como era caminho resolvi dar uma passada na casa onde Laís morou, fazia muito tempo também que não a via. Sentei no banco da pracinha e a recordação foi demais. Revivi quarenta anos atrás, era um filme que ia passando na minha mente... quantas saudades, tempo bom e ao mesmo tempo ruim, foi aí que um senhor apareceu no portão e eu perguntei pelas pessoas antigas que moravam ali onde para minha surpresa um havia falecido recentemente, outro também até que falei no nome de Laís e ele falou que a neta dela morava na esquina em uma casa de primeiro andar. Agradeci e sai satisfeita com o sonho de rever minha sobrinha neta. Para minha decepção ela não se encontrava em casa, fiz um bilhete deixando o número do meu celular e pedi que ela entrasse em contrato comigo. Nisso chegou um rapaz na moto de olhos verdes, muito bonito e ele estava à procura dela também, daí deixei com ele e voltei para minha casa. Os dias foram se passando e Dandara não me dava notícias. Bem se ela não ligou seria porque não queria aproximação, pensei. Oito dias depois recebo uma mensagem dela falando que havia encontrado o bilhete naquele momento por isso demorou tanto a me responder. Fiquei feliz e perguntei por Laís e a resposta foi que ela queria me ver. Nossa como me alegrei e logo marquei para a próxima semana visitá-la. Foi isso que fiz, passamos a semana se comunicando até que chegou o grande dia.

Obs: Essa não é uma obra de ficção, é um pedacinho de minha vida.
                                   

                                                                               23/06/18


... e o seu filho casou. Agora aquela mulher estava super arrasada por não ter sido convidada para entrar com ele na Igreja. Um desgosto profundo tomou conta da sua vida ao ponto de ela entrar em depressão, contudo sem saber que estava passando por aquela doença. É uma doença miserável que engana a pessoa e quando a pergunta é feita por outra pessoa como se sente a resposta é que está bem. Por não ter mais perspectiva de vida começou a caminhar toda tarde para mostrar que estava se cuidando, ao contrário ela havia se tornado uma andarilha cotidiana no mesmo horário, em busca do nada e seu pensamento era fazer um planejamento de decoração, ou seja colar no muro de sua casa todas  sandálias encontradas na rua, é tanto que quando ela ia para sua caminhada já levava um saquinho para colocá-las dentro  e trazer para sua casa. (deixa eu parar um pouco, meu coração acelerou demais ao relatar essa estória que uma amiga me contou, vou tomar água). Ai, estou de volta. Continuando: os dias foram se passando e aquela aglomeração de sandálias foram ficando amontoadas dentro de um quarto reservado exclusivamente para aquelas sandálias velhas. Um dia seu marido ao entrar no quarto encontrou três enormes sacos cheios de sandálias e perguntou o que significava aquilo. Ela respondeu que estava pensando em decorar o muro com aquelas sandálias. Notando seu distúrbio mental ele chegou bem calmo e falou com ela: Minha filha isso não vai dar certo, entre um espaço e outro vai criar lodo, bichos, juntar até cobras, vamos jogar isso fora, ela olhou pra ele e falou: Não vou continuar juntando. Ele ficou na expectativa para resolver aquele problema e teve uma ideia. Ela não iria mais caminhar e sim procurar o que fazer. Foi aí o incentivo de estudar e chegar ao ponto que ela mais queria se formar em professora, porque todos os irmãos eram formados menos ela. Entrou dentro do quarto, jogou fora todas as sandálias velhas, varreu e fez um banheiro para que ela não inventasse de entulhar outra coisa. Ela ouviu seu conselho e foi estudar e realmente se FORMOU e aproveitou para  fazer uma pôs graduação e toda aquela depressão foi embora.
            Agora vou dar minha opinião: Conhecendo a estória daquela mulher cheguei a conclusão que: as sandálias que ela pegava na rua e as levava para casa foi justamente porque ganhou uma sandália de sua nora para usá-la no dia do  casamento com seu filho e nunca ela as usou, daí todo seu trauma. Realmente a cabeça do ser humano é muito fraca, o juízo é pequeno demais, contudo passado o tempo tudo voltou ao normal e ela superou o sofrimento, não sei bem, pela aparência ... mas ninguém anda no coração de ninguém.

OBS: Essa é uma obra de ficção qualquer semelhança será uma mera coincidência.

                                   31/05/18


Quem poderia descrever a vida de uma mulher guerreira se não fosse muito íntima e vivesse ao lado dela durante todo seu cotidiano para falar toda verdade, seus sentimentos, seus sonhos, suas decepções durante sua passagem terrena? Contou-me uma jovem que sentou-se ao meu lado enquanto aguardava ser atendida pelo dentista. Disse ela: Eu fui testemunha de todos acontecimentos. Uma mulher que não tinha amigos ou amigas, não dava uma festa em casa nem tão pouco comemorava aniversário de um filho. Com sua sinceridade, jamais saiu de seus lábios um sorriso. Cantar vez por outra. Palavras de carinho nem se fala, conversar olho no olho para dar algum conselho ou ensinar um pouco da vida... nunca. Era uma pessoa trancada, frustrada, sem perspectiva de vida porque começou sua vida muito cedo. Criada sem mãe onde ficou órfã aos dois anos de idade e aos oito já estava passando roupa (paletó) onde o ferro era mais pesado que sua força poderia obter, e por ser tão pequena tinha que colocar um banco para alcançar a mesa de passar. Ah! quanto sofrimento, talvez por ter passado tudo isso tornou-se uma mulher sem alegria, sem amigos e de poucas conversas. Não saía de casa para lugar algum, não frequentava festas, não participava de eventos quando havia na pequena cidade do interior, enfim, uma mulher do outro mundo. Morreu nova, no dia 12 de junho de 2008 ás 10:30 da manhã de uma terça feira aos 46 anos de idade, dia triste. Pois é mais vamos ao que interessa, após contar sua trajetória vamos ver o por quê de todo esse trauma de sua vida. Ela casou e teve quatro filhos. Casamento conturbado onde não aguentando os maus tratos tentando viver, mesmo assim ele a abandonou deixando-a na rua da amargura. Guerreira, de personalidade forte, aprendeu a arte de cozinhar onde tornou-se a melhor cozinheira da cidade onde morava, se houvesse alguém nesse tempo que pudesse investir estaria com seu restaurante e muito bem de vida, contudo foi só um sonho. Professora concursada onde usurparam o seu lugar no concurso que houve, mesmo assim conseguiu uma chance para mostrar seus conhecimentos tornando uma das melhores alfabetizadoras dentro da cidade. Vamos falar do seu segundo casamento. No meio de seus alunos havia um moreninho e franzino rapaz, mais novo que ela 10 anos, agricultor, carregava água em um jumento para sobreviver e vendia verduras dentro dos caçoais. Como não tinha onde guardar a boia (resto que sobrava) resolveu deixar guardado na casa dela porque ficava mais perto. A noite vinha todo tomado banho arrumadinho para escola e aí apaixonou-se por aquela mulher alva, bonita, cabelos longos, mas que tinha quatro filhos. Esse homem foi louco, no lugar dele procurar uma jovem livre e desimpedida, foi se meter logo com uma mulher descasada e ainda por cima com quatro filhos? Pois é, ninguém entende esse mundo, paixão, amor, ilusão, sei lá o que só sei que falou casamento a ela e pronto. Casaram-se e daí surgiram mais quatro filhos. Vamos ao cotidiano dela. Levantava fazia uma caminhada porque gostava de ver o romper da aurora, contemplava o céu avermelhado com o surgimento do sol, ela falava que a barra estava quebrando. Voltava para casa e aí tomava seu café e sem descanso ia para seu primeiro bolo. A cozinha ficava cheia de doces no chão, quanto mais passava o pano, mais pegajosa ficava.  Às 9:00 começava a chegar alunos que ela ensinava particular, depois que passava o dever para eles fazerem dava um pulinho em casa para terminar comidas e às 10:00 terminava a aula, ela voltava para fazer os suspiros, bolos etc. até às 11:00 porque era nesse horário que começava a novela no rádio, ela não possuía um; daí ia até a casa de Dona Margarida mulher de Túlio pai de seu Teófilo ouvir lá, isso ela ia escondido de seu marido que estava na roça e a novela terminava de 11:00 dava tempo demais de ouvir, até que um dia ele chegou mais cedo em casa e descobriu que ela estava na casa de dona Margarida e quando chegou foi um quebra pau e nunca mais ela pode acompanhar a novela que era seu único divertimento de apenas meia hora. Feijão tirado do fogo a lenha, carne de charque dentro para dar um gostinho e farinha. Quando tinha um dinheirinho a mais se comprava metade de arroz em seu Zé onde Biu atendia com muito amor pesando e embrulhando em um papel chamado embrulho, era uma colher de sopa para cada filho e ela ficava comendo puro porque não dava, afinal mãe é mãe. Mal terminava o almoço já se ouvia seu nome, eram as alunas para aprender cozinhar  que também ela ensinava, era uma hora de aula que mal terminava e os alunos da tarde já estavam chegado para estudar mais uma vez os particulares. Começava as 14:00 e terminava as 15:00, ela então se sentava no banco e mais uma vez começava a mexer aquela massa que não tinha fim . Não tinha batedeira era mesmo na mão, coitada os braços ficavam cansadas e não tinha ninguém para dar uma massagem, nem se ouvia falar nisso, tinha que terminar aquela encomenda porque estava marcado para as 17:00 horas, Marta era quem fazia o acabamento auxiliando na parte da confeitaria, ao término ela chamava a Maria para fazer a entrega e quando a mesma voltava com o dinheiro seu pai do caminho a via e  chamava.
__ quanto foi que ela pagou? Perguntava ele
__ 3.00 (três contos)
__ me dê que tenho de pagar a verdura que chega daqui a pouco.
Ela pegava o dinheiro entregava a ele e ia para casa onde sua mãe espera pelo pagamento. Daí ela lhe entrega 2,00 contos. Cadê o restante? Perguntava sua mãe: como seu pai tinha visto ela levar o bolo trocava o dinheiro em seu Zé  e dava a ela 2,00 caso contrário ele teria ficado com tudo, respondia Marta, fez bem seu pai não tem jeito, não me deixa ficar com um tostão. Seis horas já começava a chegar os alunos, aqueles que eram pagos pelo estado, ela tinha uns trinta alunos, para não ficar super carregada as filhas ajudavam a sua mãe tomando a lição para adiantar e terminar as 21:00 horas. Acabou o dia, acabou nada ela ainda ia para a cozinha adiantar as frituras do dia seguinte, trabalhando até quase 23;00 horas. Dia seguinte tudo a mesma coisa, era de domingo a domingo e sem contar que nos sábados os peões iam para a feira no Cabo em Recife e o movimento era muito grande ela tinha que ajudar na verdura também. Agora eu pergunto: COMO ESSA MULHER PODERIA FICAR DE CARA BONITA, SORRIR, CONVERSAR, PASSEAR E DAR AMOR AOS FILHOS? Difícil, muito difícil. Seus recalques e frustrações foram passados todos para os filhos podando todos os gostos que eles possuíam. Um gostava de jogar bola, ela foi até o campo e entrou no meio dos jogadores bateu nele e ainda rasgou a bola. O outro que ficava tomando conta da barraca quando não tinha movimento ficava jogando dama com senhor Teodósio quando ela viu quebrou o tabuleiro e ainda bateu no seu rosto desmoralizando-o no meio da rua. O outro gostava de jogar bilhar, coitado estava dando a primeira tacada quando gritaram: lá vem tua mãe. Com medo ele saiu pelos fundos só que era muito alto para ele pular, mas em meio ao desespero não teve outra alternativa e o resultado foram não sei quantos pontos no pé pois tinha um caco de vidro que abriu o pé do rapaz. Quanta ignorância. Ela fazia tudo isso porque falava se deixasse iriam ficar viciados em jogo de bilhar, jogo de dama, jogo de futebol, não sabia ela que tudo aquilo era um esporte. Guardou muita mágoa, rancor dentro do coração e foi acometida por uma doença infeliz  que a matou. Muito nova não conseguiu realizar nenhum sonho. Todos os dias ela media o janelão para colocar um basculante que era moda naquela época, nunca conseguiu, a cerâmica que queira tanto colocar o chão que era vermelho e cheio de buracos, o conjunto de sofá nunca passou de uma cadeira de palhinha, o comportamento da filha que queria educar, fina, igual a filha de fula de tal, não chegou a ver porque essa deu um trabalho danado nasceu no lugar errado e no século errado, porque era uma peste não tinha medo de nada e enfrentava sol e chuva, pintava e bordava, surra não adiantava, e assim não conseguiu seu objetivo também. Hoje se estivesse viva estaria com 56 anos. Acho que morreria de infarto, porque tudo é moderno. Mesmo com todas desarmonias dentro da casa todos deram para gente, todos vivem bem, são homens e mulheres bem-sucedidas na vida, nada que desabone sua moral e sua índole. Parabéns para ela pelos seus ensinamentos mesmo carrasco mais serviu de lição e tudo que seus filhos são hoje agradece a sua educação. Mulher guerreira digna de toda homenagem que se pode ter, mesmo do seu jeito de criar fez homens e mulheres dignas devido ao seu alicerce.


OBS: Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança será mera coincidência.


                                   06/05/18

Tocou, a música canta IEPMA (Instituto Educacional Professora Maria dos Anjos) daí começa o corre corre, tenho só 15 minutos para dar lanche aos alunos.E a gritaria começa:quero uma coxinha de frango, outro me dê um suco, eu quero pirulito... daí eu grito: para, é uma fila só, um de cada vez porque só sou uma, e quando vejo tem três filas outra vez.São todos adolescentes é um divertimento total, uma bagunça onde me sinto feliz.Fico pensando: Não daria certo nunca eu dentro de uma sala de aula, não nasci para isso apesar de ser formada em Letras e Pós Graduada, meu negócio mesmo é comércio.Depois que todos estão atendidos é que começa a brincadeira, um toma o pirulito de um, outro pega o chocolate, aí eles tornam a comprar outra vez...e assim aquele intervalo continua ao som do fank, todos dançam, fico quase surda peço para abaixar o som enquanto vendo, depois digo que já podem aumentar e é aquela
loucura.Tocou, eles se retiram, agora tudo é silêncio.Quem diria que há poucos segundos era um barulho total e agora só resta papel de pirulito no chão, sacos de pipocas, garrafa de suco etc porque mesmo tento o lixeiro eles não colocam dentro, daí vem a menina varrer e lavar o pátio.Terminou meu trabalho de 15 minutos, agora é hora de por os chocolates na geladeira para que eles fiquem durinhos, varrer a cantina, contar as moedas para trocar no depósito de construção, verificar qual mercadoria foi vendida para repor no lugar e não deixar faltar e a tarde começar tudo de novo.Há dias que o movimento é bom, fico feliz e agradeço a Deus, nos dias fracos fico triste,mas agradeço a Deus também porque tem o amanhã.Nos últimos dias de vida, além de alcançar a graça de ser aposentada Deus ainda me agraciou com esse trabalho que para mim é uma terapia, amo demais o que faço agora a única coisa que me preocupa é o futuro, não sei como irá ser quando eu estiver com noventa anos, minhas mãos trêmulas, aquele pique que já não terei mais, o jeito que tem é esperar chegar até lá daí poderei escrever como estarei me saindo.Esse é o meu dia a dia.

OBS: Essa não é uma obra de ficção e sim minha vida real, contudo se alguém tiver esse mesmo emprego será uma mera coincidência.


                                  04/05/18

Quero falar com você
Tanta coisa para recordar
Poder então lhe dizer
Como foi bom te amar

Foi um amor de infância
Quanta inocência existia
E você como uma criança
De nada compreendia

O beijo que lhe dei
Ficou inesquecível
Jamais esquecerei
Por ele ser impossível

Você uma coisa falou
Que nunca esqueci
Só que muito me marcou
Que quase enlouqueci

Como você não sabia beijar
Entendeu tudo errado
Quando tentei lhe explicar
Você ficou muito zangado

Hoje tudo passou
Só nos resta recordação
Do tempo que ficou
No mundo da ilusão.

OBS: Essa poesia quando você ler saberá que foi exclusivamente feita para você, com muitas desestruturações em nossas vidas mesmo assim te amei muito.

                              03/05/18
                                                       
Continuo te esperando
Não sei por quanto tempo
Minha vida vou levando
Esperando esse bom tempo


Quando a dia amanhece
Penso que vou realizar
Você na porta aparece
Corro e vou te abraçar


Os dias vão se passando
E meu sonho não realiza
Continuo esperando
Calma como uma brisa

Como é ruim esperar
Mas ainda há uma esperança
Não vou deixar de te amar
Penso que ainda você é uma criança

Filho ingrato vem me ver
Os dias parecem infinitos
Será que irei morrer
E não escuta  os meus gritos?

                                       15/04/18

Iepma Unidade II entende a necessidade de promover a leitura e a escrita dos jovens. A literatura, como arte, é o ponto de partida para a formação de leitores. O projeto "Café com poesia", desenvolvido anualmente em comemoração ao 14 de março, tem por objetivo estimular e valorizar a produção literária como meio de expressão, assim como incentivar o contato do alunado com a literatura, oportunizando a divulgação de criações inéditas, estimulando assim, a leitura, a produção escrita e a interpretação de poemas. Neste ano contamos com a participação ilustre da Escritora Inajá Gomes Nunes que abrilhantou nosso evento recitando um de seus cordéis e do professor Will Silva, também escritor, que transmitiu-nos uma bela mensagem através de um de seus poemas. 

Quem falou que não colhemos o que plantamos? Enganam-se aqueles que falam: vai pagar no outro mundo. Que nada, Deus é justo e nos dá anos de vida para que possamos fazer nossas colheitas tanto boas quanto ruins, depende do que se plantou. Eu na minha juventude aprontei demais porque nasci no século errado e no local errado, daí ninguém nunca entendeu o meu viver, contudo sempre imaginei estar fazendo o correto, porém só dava errado. 

 Hoje continuo mais sexy ainda ou melhor sexagenária, mas com uma mente de 20 anos ou 25 totalmente jovem, sorridente, amiga, encaro tudo numa boa, até pessoas que ainda aprontam comigo eu levo na esportiva porque ainda sou descriminada mesmo assim dou uma de leiga e vou vivendo alegre e feliz. Vamos ao que interessa. Todas às vezes que meus frutos estavam para serem colhidos acontecia qualquer coisa impedindo minha colheita, dava uma peste, mofava, vinham pessoas e colhiam antes de mim roubando assim meus frutos, enfim um desengano total, até que chegou o dia em que Deus olhando lá de cima colocou a mão e falou: Chega. Usufrua de tudo aquilo que te pertence.
Estou aqui feliz para compartilhar com vocês e mostrar que vale a pena a pessoa ser humilhada para depois ser exaltada. Não estou aqui querendo me exaltar, mostrando meu orgulho, muito pelo contrário, estou mostrando que vale a pena esperar que tudo tem seu tempo não adianta querer passar adiante. Gosto muito de escrever poesias, cordéis, contos e estórias de ficção, dai no dia 14 de março fui convida por uma professora para ler um de meus cordéis no IEPMA UNIDADE ll onde fiquei muito emocionada por meu talento ser reconhecido.
Qual foi minha emoção ao ver aqueles alunos todos atentos para ouvir o meu cordel e ao mesmo tempo incentivá-los a fazer o mesmo, adquirindo conhecimento através da leitura para que futuramente se tornem bons escritores. Como não possuo redes sociais só tenho esse blog a diretora do colégio me enviou o comentário que a professora fez ao meu respeito como também a outro professor. Ninguém imagina a felicidade que senti ao ver meu nome colocado tão alto... Quero deixar aqui meu agradecimento tanto a diretora como a professora porque se não fossem elas meu trabalho não seria tão divulgado.



Esta é a professora que me fez o convite.
Judigleise Martins

OBS:Esta não é uma obra de ficção e sim mais um pedacinho de minha vida.

                 25/03/18



Após ter tomado o meu comprimido cotidiano para relaxar e evitar esses fantasmas do passado que me perseguem volto ao ano de 1977.Fecho os olhos e vejo como se um filme passasse em minha frente tirando-me o sono, deturpando meus pensamentos e chegando até me condenar por tais consequências: como pude acreditar em um maldito homem se já havia passado por tantas decepções e experiências com outros? Criança, muito criança, conheci o mundo muito cedo e fui levada a acreditar nas pessoas sem ao menos pensar nas consequências futuras, foi isso que aconteceu. Estava eu tranquila, trabalhando e com um namorado fixo, quando der repente em meu trabalho aparece aquele garoto que eu havia deixado no interior a minha procura. Falei que não dava certo, minha vida estava boa e que não deixaria meu namorado por ele, contudo ao vê-lo cantar uma música do Roberto e os olhos cheios de lágrimas larguei tudo e fui embora com ele. Momentos de amor tivemos juntos, beijos, abraços, juras de amor, loucuras etc. Após quatro meses juntos, ele pediu que eu engravidasse, eu não poderia fazer uma coisa daquela, mas por amor suspendi o comprimido e engravidei. Meu Deus, que loucura que fiz... Tudo havia mudado... Ele se apaixonou pela neta da dona do estabelecimento onde trabalhávamos. Como eu sofri... O ano novo passei em baixo de uma árvore esperando que ele chegasse e chovia muito. Na casa onde alugamos o proprietário pediu que eu entrasse porque já estava tarde e que eu o esperasse dentro de casa, porém não dei ouvidos e continuei ali sentada onde as lágrimas se misturavam com a chuva inundando assim a rua. Lá pelas tantas ele chega e me manda entrar, discutimos e em seguida ele fala: “SABE QUANTAS VEZES EU ANDAREI DE MÃOS DADAS COM VOCÊ NA NOSSA CIDADE? NUNCA, TENHO VERGONHA DE VOCÊ, VOCÊ É UMA MULHER FALADA, DESMORALIZADA”, foi aí que ele começou a me bater. Socou minha barriga onde estava se gerando nosso “Tinininho”, machucando assim nosso filho feito com tanto amor, foi aí que o dono da casa partiu pra cima dele falando que não fizesse aquilo comigo. Chorei muito e falei pra ele: COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE BATER NO MEU ROSTO QUE TANTO BEIJOU? MACHUCAR MINHA BARRIGA ONDE ESTÁ NOSSO FILHO FEITO COM TANTO AMOR?... Não tive coragem de fazer um aborto, não sou assassina de uma criaturinha indefesa, preferi assumir as consequências. Os anos se passaram e ele voltou a me procurar, e eu feito uma cretina ainda me entreguei de corpo e alma a esse homem. Hoje tudo passou, sou casada e descobrir que ele também é e através das redes sociais pude ver seus filhos, senti uma dor no peito ao ver tanta dedicação a eles, enquanto que o meu tive que dar porque não tive condições de criar. Carrego esse peso em minha mente porque não sei onde ele está, talvez no Sul ou no Exterior. A vida é assim e não cai uma folha seca de uma árvore se não for permitida por Deus. Hoje tudo é comum, mas há 40 anos... um horror.


OBS. Essa não é uma obra de ficção é um pedaço de minha vida


                          12/03/18