Por que todos nós temos uma estória para
contar? Por nossas vidas tornam-se a cada dia uma novela? Estive em uma casa
ontem quando do nada surgiu um quarto do terço de uma metade da vida dessa
mulher. Sem querer dar muita importância para o que ela me falava fiquei
fazendo outras coisas para não viajar no tempo e poder sentir todo sofrimento
passado e me emocionar e emocionar a mesma também porque já está de idade e o
coração é traiçoeiro às vezes pensamos que estamos bem e de repente... Caímos.
Contou-me
ela que na sua adolescência sonhava com seu príncipe, moça sonha. Encontrou.
Imaginou: vou ter minha casa, meus filhos, fazer minha feira mensalmente, amar
e ser amada pelo meu marido. Casou. Foram morar na capital porque era do
interior, então tudo aquilo era novo para ela. Muito nova sem experiência de
vida logo encontrou um emprego e foi ensinar por ser professora. Seu marido
trabalhava em uma firma e falou pra ela que colocasse o dinheiro para ir direto
para conta dele pelo menos ele pagava a casa, luz, água, feira etc. Confiante que
o mesmo faria isso assinou o papel e entregou. Nunca foi pago uma luz,
casa, água, feira, sua vida era só farra e mulheres não faltava enquanto a mesma
o esperava para almoçar que era só carne de charque e toucinho porque a mercearia
quem fornecia para ser pago no final do mês e não havia outra opção, ele nunca
vinha, só chegava de madrugada e falava que estava fazendo serão. Certo dia sua
vizinha lhe abriu os olhos, ela então foi perguntar a ele o qual desmentiu tudo.

Quando
chegaram na casa sua sogra a
esperava. Ela desceu e um quartinho no fundo do quintal estava limpo. Sua sogra
falou: como é por pouco tempo enquanto seu marido encontra um emprego você fica
aqui. Ela olhou os quatro cantos do quarto. Só Deus sabia o que ela estaria
sentindo naquele momento. Não foi aquilo que planejara para seu futuro. Pela
manhã ela escutava uma família que morava ao lado toda conversa devido um
combogó que havia na parede e era aquele falatório.
Acorda
fulano está na hora de ir para escola, fulana escova os dentes, hoje é dia de
fazer a feira, etc. era isso que ela pensava em sua vida. Chorava copiosamente.
Um dia ela foi comer os restos da sogra quando a mesma falou: Não estou
aguentando mais sustentar vocês espero que seu marido encontre logo um emprego,
foi quando a mesmo se ofereceu para fazer um molhinho de tomate, ajudar na casa
e a resposta foi: não preciso de você pra nada, tornando-a inútil a coitada
sairia mais depressa do fundo do seu quintal. Um dia cansada de ficar trancada
naquele cubículo resolveu ir até a frente da casa onde sua cunhada estava andando de bicicleta. Nossa
como ela gostaria de dar uma voltinha... Será que ainda se lembrava como era?
Gritou: deixa-me dar uma voltinha? Não só se for no bagageiro. Ela sentou-se
atrás e ambas começaram a passear, foi quando se ouviu um grito forte: fulana
venha pra casa, não está vendo que dessa forma essa mulher nunca vai sair
daqui?

Não
quis mais ouvir nada, minha vida também foi muito sofrida, mas quando pensamos
que só nos sofremos tem outras vidas piores, cada qual com sua história para
contar, agora existe alguém que já nasce em berço de ouro como seus netos,
esses só irão ter coisas boas para contar aos seus filhos futuramente.
Muito
bem sucedida hoje em dia. Dona de várias propriedades adquirida com sua
sabedoria e sozinha, só com a ajuda de Deus, foi recompensada com sua paz. Há
sete anos que está viúva, não quis casar, viaja muito e vive cercada de filhos
e netos só uma coisa lhe falta: apagar as lembranças que ficam como zumbis no
seu ouvido: HAM HAM, HAM, HAM, ISSO NOITE E DIA, ISSO A TORNA INCOMODADA.
OBS. Essa é uma obra de ficção qualquer
semelhança será mera coincidência. Hoje dia internacional da mulher dedico essa
estória a todas as mulheres que tiveram uma vida parecida com esta.
08/03/2014
Hoje,10/09/15 que vim publicar.
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