LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO

Quem realmente me amou? Pergunta aquela velha cigana agora não mais em um monte e sim em seu sobrado enorme que com suas economias lendo as mãos conseguiu juntar algum dinheiro e agora estava ali em sua janela, sentada em sua cadeira de balaço, com xale vermelho com fios dourados, várias pulseiras, anéis, seus cabelos em vez de duas tranças agora só uma porque com o passar dos anos foram caindo e ficando cada vez mais branco, ela nunca quis pintar. Em seus pés uma sandália rasteira devido sua idade não calçava mais sapatos alto, uma saia bem rodada porque não havia perdido sua origem e uma blusa com decote bem
arredondado mostrando seu colo já enrugado pelo tempo, mas que na sua juventude havia sido muito cobiçado por vários homens que passaram em sua vida, vaidosa ainda conservava uma bela gargantilha larga para disfarçar a rigidez de seu colo. O sol já estava se escondendo quando ela relembrava sua vida e viagens por tantos lugares... e surgia em sua mente: por quem fui amada? Ora, se ela era cigana, lia as mãos de outras pessoas, adivinhava o futuro delas, e por que não saber por quem foi amada? Ah! Quantos amores eu tive dizia ela em seus pensamentos!   Quem realmente me amou. Sozinha naquele sobrado havia terminado seus dias da forma que sempre pensou: em sua vida encontrou muitos amores, porem ninguém foi digno de seu amor. Ela era uma mulher romântica, apaixonada, acreditava no amor verdadeiro, contudo sempre foi usada e abusada por pessoas que nunca a valorizava. Em uma passagem de sua vida surgiu um homem que realmente a amou, isso ela tinha certeza, seu nome era Henrique, um rapaz lindo, alto, moreno, corpo atlético, mas devido a um rapaz que dizia lhe amar, inconformado por ela ser cigana e sempre está viajando havia o deixado e quando ela voltou encontrou esse rapaz e se apaixonou, inconformado ele mandou que ela o deixasse imediatamente, caso contrário iria sofrer as consequencias, temendo acontecer o pior deixou o rapaz e voltou a ficar só. E assim o tempo foi passando e outros amores surgindo, mas nenhum lhe deu o amor que ela tanto almejava. Um dia quando ela estava em uma feira livre, sentada em um banco com suas cartas nas mãos apareceu um rapaz bem mais jovem que ela, sorridente pediu que lesse as cartas, ela olhou para ele e falou: Você irá se apaixonar por uma mulher mais velha que você irão passear bastante, vai ser bonito o amor mas um dia ela irá lhe deixar porque essa mulher não pertence a homem  nenhum. Ele sorriu e falou: Essa mulher está na minha frente. Há dias que lhe observo de longe e espero ansioso que chegue o dia da feira para lhe ver. Daí surgiu um belo romance entre ele. A cigana ficou feliz e realmente esse a amou. Passavam finais de semana viajando, nunca discutia era uma alma em um só corpo. Certa vez ela adoeceu, quase morria, foi aí que ele demonstrou todo seu amor cuidando dela como se fosse uma rainha. Depois de uns anos ela estava colocando cartas quando um jovem se aproximou e pediu que ela lesse sua mão. De longe seu amado viu e quando ela terminou de ler e o rapaz tinha saído ele se aproximou e teve uma crise de ciúme e bateu com força em sua perna. Foi a primeira e última vez. Ela falou que isso nunca mais aconteceria, que ele saísse de sua vida para sempre.  Realmente ele foi embora e ela nunca mais o viu. Aquele homem a amor, devido um deslize de sua parte a perdeu, ela teve medo que depois daquela tapa em sua perna poderia acontecer uma agressão maior. E lá se foi mais um homem que realmente a amava. A caminhada foi longa e espinhosa. Como sofreu aquela pobre cigana vagando no mundo sem um teto para morar, sempre em cabanas, tendas, não tinha um lugar fixo para sua velhice, era um sofrimento total. Um dia ela estava sentada em banco numa pracinha quando apareceu um jovem que perguntou se poderia sentar ao seu lado. Meio sem jeito falou que sim. Conversaram e marcaram um encontro...


CONTINUA...

OBS: Essa é uma obra de ficção qualquer semelhança será mera coincidência.

                                                  21/07/18

 Durante muito tempo já era para ter feito esta homenagem a essa mulher guerreira que tanto lutou pela sua sobrevivência. Não teve a sorte de ser criada pelo seu pai legítimo porque este abandonou sua mãe com quatro filhos, realmente não teve essa sorte, mas teve um padrasto que é o meu pai onde ajudou a mamãe criar seus quatro filhos de forma enérgica, devido ser simplesmente um agricultor e ainda por cima analfabeto, mas digno, honrado e trabalhador. Ninguém é perfeito e não quero falar de seus defeitos porque todos estão enterrados com ele já que o mesmo está morto e não poderá se defender das acusações que poderia citar aqui, contudo era meu pai e como diz o mandamento de Deus “ Honra teu pai e tua mãe para que tenhas vida prolongada e ser feliz”, e é assim que estou sobrevivendo, com uma velhice que jamais pensaria que tivesse... continuo afirmando: Deus tem um plano na minha vida, sou como um bambu, onde vem as enchentes, os ventos fortes, eu deito fico quase ao chão mas devido minhas raízes profundas quando menos espero estou erguida outra vez.

Vamos ao que interessa. Aos 16 anos fui para casa de Laís grávida, ela me recebeu de braços abertos onde passei uns dias porque estava fugida e tinha que ir embora para longe porque meu pai estava me caçando como se caça um animal para me dar fim, contudo sobrevivi. Voltei para casa de meus pais e em seguida mais uma vez estava na casa de Laís. Época difícil, Manoel havia aderido a greve dos correios, ficou desempregado, tinha um táxi onde fazia corridas para sustentar a casa. Laís duas filhas uma atrás da outra, chegando em casa quase meio dia após subir uma ladeira interminável para ajudar no orçamento da casa, era professora de um colégio, nossa como chegava cansada coitada, eu grávida, mesmo assim dava uma mãozinha a ela tomando conta de Jaqueline e Sheila, Jaqueline era calma, mas a peste da Sheila era uma danada, chorona, braba, parecia que tinha espinho no berço, enfim passei um bom tempo da minha gravidez lá. Após o nascimento do meu filho e o falecimento de minha mãe, quem me apoiou outra vez? LAÍS. Meu Deus, quanta paciência. Nunca me menosprezou, sempre me tratou como uma verdadeira irmã, enquanto as outras me chamavam de rapariga e corriam atrás dos maridos ela me encontrava em cima da cama com seu marido jogando baralho e nunca me soltou uma pilheria, nem tão pouco Manoel me olhou com olhar diferente. Quando em sua casa estava minha cunhada me recomendou ao gerente de um supermercado onde fui trabalhar e continuava morando onde? Na casa de Laís. Foi a única onde encontrei abrigo. Nas noites chuvosas eu tinha um lençol para me cobrir, pela manhã pouco ou muito tinha meu café e assim por diante. Hoje após 15 anos volto a encontrá-la. Nossa parece um bebê. Tive vontade de coloca-la nos braços e embalar, meiga, doce, suave, paciente, está na terceira geração. Não sei até quando ela encontrará tantas forças para suportar os acontecimentos que não tem sido fácil principalmente agora com marido doente. Cheguei lá achei lindo, filha, neta, bisneto e vem outro chegando brevemente. Quem hoje em dia tem a honra, a dádiva de Deus para ser agraciada de tanta alegria e longevidade. Quero aqui deixar meu agradecimento por tudo que está irmã mesmo de uma banda como se diz, fez por mim, o importante é que saímos da mesma barriga de nossa mãe. Obrigada Laís por tudo, que o Senhor Jesus lhe abençoe e guarde recompensando por tudo de bom que você fez por mim. Não importa o passado está tudo sepultado, vivamos o hoje com amor no coração perdoando a quem nos fez mal, retribuindo com o bem porque dessa vida nada levamos, estamos de passagem onde não sabemos qual dia do nosso embarque. Foi bom te encontrar... e como foi....

OBS: Essa não é uma obra de ficção e sim mais um pedacinho de minha vida.

                 08/07/18
                                                                     












E quinze anos se passaram... Um dia deitada em minha cama comecei a reviver meu passado e pensei nos meus irmãos, cunhados, filhos e vi o quanto é triste uma família desestruturada onde todos cresceram juntos, nasceram da mesma mãe e hoje quase ninguém se comunica um com o outro. Na nossa juventude cometemos erros e acertos, as vezes vingança por palavras que não deveriam ser ditas e daí se torna uma inimizade, de forma que, com o passar do tempo pode se chegar a uma conclusão: Dá vida não se leva nada a não ser as boas amizades que são construídas por essa passagem aqui na terra. Somos uma vela acesa que não sabemos qual a hora que o vento irá apagar, estamos aqui de passagem, e por que tanto desavença, tanto ódio, rancor, ambição se quando morremos nada levamos? Senti saudade de Ilna ( irmã falecida) e resolvi visitar Cidinho. Nossa como foi bom. Almoçamos juntos, ele já construiu outra família, vive muito bem ao lado de sua mulher, sua filha de oito anos, mas olhou bem dentro dos meus olhos e falou: “Ainda amo muito sua irmã, não a esqueci”. Pois é, a vida é cheia de segredos, ninguém anda na mente das pessoas, mesmo morando com sua mulher, porém a mente... E assim fiquei feliz por rever meu cunhado e sobrinhos, e sobrinhos netos. O engraçado de tudo é que na hora da saída eu coloquei o celular dele dentro de minha bolsa pensando que era o meu, só que o meu já estava dentro e só vim notar quando cheguei em casa. Imediatamente liguei para ele e marquei de levar na próxima semana, Deus tem um propósito em nossas vidas, eu tinha que voltar na próxima semana para poder reencontrar outra pessoa da família, e foi o que aconteceu. Após ter saído da casa dele, como era caminho resolvi dar uma passada na casa onde Laís morou, fazia muito tempo também que não a via. Sentei no banco da pracinha e a recordação foi demais. Revivi quarenta anos atrás, era um filme que ia passando na minha mente... quantas saudades, tempo bom e ao mesmo tempo ruim, foi aí que um senhor apareceu no portão e eu perguntei pelas pessoas antigas que moravam ali onde para minha surpresa um havia falecido recentemente, outro também até que falei no nome de Laís e ele falou que a neta dela morava na esquina em uma casa de primeiro andar. Agradeci e sai satisfeita com o sonho de rever minha sobrinha neta. Para minha decepção ela não se encontrava em casa, fiz um bilhete deixando o número do meu celular e pedi que ela entrasse em contrato comigo. Nisso chegou um rapaz na moto de olhos verdes, muito bonito e ele estava à procura dela também, daí deixei com ele e voltei para minha casa. Os dias foram se passando e Dandara não me dava notícias. Bem se ela não ligou seria porque não queria aproximação, pensei. Oito dias depois recebo uma mensagem dela falando que havia encontrado o bilhete naquele momento por isso demorou tanto a me responder. Fiquei feliz e perguntei por Laís e a resposta foi que ela queria me ver. Nossa como me alegrei e logo marquei para a próxima semana visitá-la. Foi isso que fiz, passamos a semana se comunicando até que chegou o grande dia.

Obs: Essa não é uma obra de ficção, é um pedacinho de minha vida.
                                   

                                                                               23/06/18