Hoje faz exatamente 47 anos que meu avô foi morar com Deus. Nessa época eu estava com seis meses de gravidez morando em São Paulo e não pude vir para seu sepultamento e isso me deixou muito triste. Quando soube que ele estava no hospital, poderia ter pedido dispensa do meu trabalho que nessa época eu era cobradora de ônibus. O sofrimento aumentava cada vez mais, sentada naquela cadeira de 4:30 até as 21:00 com pernas inchadas, a barriga bem apertada que o bebê não podia nem se mexer, coitado ficava desconfortável na sua primeira caminha. Pai Joca ( meu avô assim era chamado) para mim foi como um pai que me acolheu na hora que mais precisei em toda minha vida. Ele era sapateiro na cidade de Bom-Jardim, o melhor sapateiro da cidade, ele era alto, magro, bonito, alvo descendente de Português muito querido na cidade onde morava. Teve dois casamentos, Guiomar que foi a mãe de minha mãe, depois de sua morte ele casou outra vez com Dindinha, assim que a chamava que teve dois filhos :Tio Mário, e Tia Maria do Carmo. Tinha a casa dele, mas suas refeições eram feitas na casa de mamãe. Quando envelheceu foi morar conosco contudo continuava em sua invenção, queria gerar energia sem precisar da água. Nossa a casa dele parecia uma indústria. Todo dinheiro que pegava era para comprar gesso fazer umas catracas que era o molde para depois fazer de ferro, alumínio, não lembro. Um dia chegou em nossa cidade um americano e soube da sua criação, daí se interessou e queria levá-lo para os Estados Unidos para dar procedimento aquela invenção. Temendo ser sequestrado passou uma semana trancado dentro de casa com medo. Tudo voltou ao normal. Convertido ao cristianismo começou a decorar os versículos da Bíblia e quando estava decorado pedia para que eu acompanhasse quando ele citava e foi aí que comecei a decorar alguns versículos ao seu lado. Nos dias de feira livre, ele saía evangelizando procurando os pontos mais transitáveis para pregar a palavra de Deus. Sua casa era toda escrita nas paredes com tinta óleo que ele mesmo escrevia, tinha uma passagem bíblica na sala, outra no corredor, uma no quarto. Viveu 90 anos, gostava muito de frutas, sua roupa era só de uma cor quem o via pensava que só tinha aquela roupa ( a cor que se chamava naquela época se chamava quaque, era uma cor quase bege ). É uma pena que não consegui vê-lo com vida. Era véspera de São João e papai todo animado para dançar o forró nem pode ir, teve que velar o corpo de meu avô. Esse foi o pior ano da vida de papai porque saia de 7 da noite e chegava 7 da manhã, só no forrozão, ele nem podia falar de mim porque eu também gostava muito, tanto São João quanto carnaval, hoje já não gosto mais, a idade vai chegando e tudo passa... e pai Joca passou também, porém nunca será esquecido por mim, toda véspera de São João é uma tristeza, um não duas, porque foi nesse ano que meu filho nasceu e como eu não tinha condições de criá-lo Dr. Fabricio se encarregou de fazer isso. Depois de 46 anos tudo foi revelado. Tá bom estou falando da vida do meu avô e não da minha.
Quem sou eu
HOMENAGEM AO MEU AVÔ
Inajá Nunes
Nasci em Bom-Jardim, estado de Pernambuco no dia 11 de março de 1956. Sou filha de Paulo Ribeiro da Silva e Maria Dos Anjos Gomes da Silva (falecidos). Terminei o curso superior em Letras no ano de 2011. Estou lançando meu 1° livro de Poesias, gosto de músicas, praia, sou romântica. Este ano terminarei o curso de Pós Graduação em Supervisão e Orientação Educacional.
0 comments:
Postar um comentário
MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS A TODOS OS LEITORES ESPECIALMENTE AOS MEUS COMENTARISTAS.