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ONDE ESTÁ MEU BOM-JARDIM?



Nasci na cidade de Bom-Jardim, estado de Pernambuco há 100 km mais ou menos da capital. Cidade pacata, boa de se viver. Minha alegria estava no Cloreto que havia na rua da Palha quase em frente a casa do meu avô. Todas as tardes eu ia brincar lá. Como era divertido, tinha um entrada, era redondo com pilares onde eu entrava e saía, rodeava ele por fora e era aquela diversão. O tempo passou e Cloreto foi demolido, uma pena que o lugar agora esteja vazio. Indo para a escola, que era um Colégio de Freiras achava lindo em frente à Igreja principal da cidade um monumento eu acho que era feito  de acrílico se chamava O PIRULITO DO PADRE, ficava mesmo no centro de um longo pátio que os carros faziam a volta ao redor como se fosse mão e contra mão, chamava-se naquela época a rua Grande, era lá a feira do sábado onde papai vendia cará e batata. O calçamento daquele pátio era diferenciado e com o passar dos tempos resolveram demolir aquele patrimônio histórico onde só ficou um grande vazio e muita  tristeza. É como se colocasse a mesa com os pratos, mas faltasse a comida, nas noites do mês de Maio onde Seu João de Quinha (Quim) soltava os fogos, eu não podia mais subir no Pirulito do Padre para observar melhor. O  calçamento foi arrancado e colocado por trás do varonil que era um atalho para a rua grande. O tempo foi passando, a cidade crescendo
e aos poucos os nossos Paus-d’arco foram sendo substituídos por casas e no Natal a nossa Bom-Jardim já não existia o lindo florido amarelo, a cidade estava deserta, quanta alegria eu tinha quando se aproximava o Natal para ver a cidade toda florida de amarelo, que saudade...Fui crescendo junto com ela só que eu crescia e a cidade sempre era demolida  algo histórico, tradicional. Um dia voltando a minha linda cidade quase que não sabia onde era a casa de papai porque o ponto de referência que era a pracinha onde ficava uma bomba de gasolina já havia sumido. Olhei para um lado e para o outro e falei: acho que estou no lugar errado, deixa que aquela linda praça onde meu filho deu os primeiros passos havia sido demolida. Meu Deus, estão acabando tudo por aqui? Onde está a praça? Chorei, chorei tanto porque não tinha mais como recordar meu passado, porque naquele momento tive que fechar os olhos e relembrar, antes não, bastava olhar que já via todos os acontecimentos, e para minha surpresa também, a bomba de gasolina de Seu João já não existia. Maternidade onde fiz uma cirurgia não existe também e hoje meu coração está de luto. Através das redes sociais tomei conhecimento que demoliram o ARMAZÉM que pertence ao RFN( eu acho).
Eu morava praticamente na lateral desse Armazém, com o termino da linha férrea papai ganhou um quarto onde o pessoal que fazia manutenção no trem morava lá e se chamava Caixa D’agua, o RFN (eu acho) deu um documento a papai inclusive uns metros de terra pra frente também porque o trem passava mesmo na frente de nossa casa e a prioridade foi de papai. Nossa como lembro desse tempo, tinha um trólebus ( feito de madeira com rodas de ferro que andava sobre os trilhos e era empurrado com um caibo para ele se locomover) antes da chegada do trem eu subia e ia até o Dique (lugar onde o trem ia beber água) e como era divertido, em fim voltando ao assunto do Armazém, ele ficou desocupado e servia de abrigo para aquelas pessoas que não tinha onde morar, depois eram mandado embora para não ter posse, daí quebraram uma porta de zinco deixando um pequena fresta onde servia de passagem para alguém namorar ali dentro, só que os morcegos fizeram suas casas e o cheiro era insuportável, nessa época eu tinha um namorado onde costumava fugir de casa e ninguém me encontrava porque jamais pensavam que eu estivesse ali dentro. A tarde servia de sombra para os ônibus de Seu João Gordura serem lavados, também aqueles homens se reunião nas calçadas para conversar inclusive o namorado que eu tinha escondido costumava ficar lá para ver a hora que eu voltava da barraca de papai daí ele entrava e eu ia atrás...oh! que tempo bom, me deixa muita  recordação; Daí passou a ser um banco, depois foi fechado e agora só resta o terreno porque na calada da noite as máquinas chegaram e o demoliram. CIDADE sem LEI parece filmes de FAROESTE onde só quem manda é o XERIFE.
Em breve estará nas redes sociais: Demoliram:
O VARONIL, A ESTAÇÃO DO TREM, O DIQUE, O CINEMA, O FORUM, A CADEIA PÚBLICA...
A única coisa que não irá ser demolida, disso eu tenho certeza absoluta será a PEDRA DO NAVIO a não ser que a implodam, porque com as máquinas? Kkkkk É rim viu bichim.      


AGORA EU PERGUNTO: ONDE ESTÁ MEU BOM-JARDIM?


OBS: Essa não é uma obra de ficção e sim um relato onde faço com as raízes da cidade onde nasci. Depois que meu pai morreu nunca mais fui lá nem se quer para tomar posse daquilo que ele me deixou junto com mamãe.  


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