DANDO ADEUS AO PASSADO

Hoje 26 de maio de 2024 estarei narrando pela última vez o meu passado onde irei enterrá-lo para sempre sem deixar nenhum vestígio, porque irei cremá-lo e jogar suas cinza no mar para que elas sejam molhadas e misturadas com a areia e nunca mais venha a se renovar como uma FÊNIX. DIA 13 DE SETEMBRO DE 1978  nascia meu filho. Por ser abandonada pelo seu progenitor fui obrigada a doá-lo para não me tornar uma moradora de rua ou uma drogada nas ruas Santos. Sem esperança alguma de nunca mais revê-lo coloquei-o em boas mãos. Um médico enviado por Deus me prometeu que iria criá-lo. Entreguei-o nos braços de uma mulher fiquei sentada em uma calçada a chorar e sangrar de tanta dor na alma. Nunca mais tive saúde. Todas as noites o abençoava e pedia a Deus que não me deixasse morrer sem antes conhecer meu filho, depois que o conhecesse Deus poderia me levar porque ai teria fechado o meu ciclo. Impossível seria encontrá-lo porque a mulher que o levou aparentava ser estrangeira. Eu tinha certeza que ele não estava mais no Brasil. Para Deus não existe impossível. Ele é o Deus que tudo Pode e quando todas as nossas esperanças se findam Ele age de forma tão natural falando que TUDO É POSSÍVEL NAQUELE QUE CRER, e foi isso que aconteceu, no tempo certo Deus me presenteou. Já cansada de tantas batalhas, excluída pela sociedade e familiares, e blindada por Deus que foi o meu ÚNICO AMIGO, Ele me presentou aos meus 68 anos de idade, com este presente impar o qual nunca mais vou receber outro igual. Daí depois de quarenta  e cinco anos  o meu filho Daniel se comunica comigo no dia 12 de abril de 2024 e dia 15 de Maio de 2024  ele estava ao meu lado. Passamos pouco tempo juntos, foram 10 dias somente, que só tive o prazer de ficar ao seu lado só três, porque a família do seu progenitor resolveu conhecê-lo e por morar longe ele teve que se ausentar por esses dias, contudo não importei porque ele sempre ficava se comunicando comigo, me informando tudo que estava acontecendo, inclusive foi ver o local onde passei minha infância documentando tudo. Hoje 25 de Maio de 2024 fui levá-lo no aeroporto, onde revivi um momento triste de minha vida. Não tomei remédio porque queria estar lúcida no momento de sua partida. O voo seria as 13:25hs contudo ele resolveu sair às 12:30hs. Entre abraços e poucas lágrimas me despedi de meu filho, e ali fiquei sentada mais uma vez vendo-o partir. Não chorei... Quando ele atravessou a porta dando o adeus da partida continuei firme e forte. Depois que ele se foi, a ficha caiu e recordei há 45 anos quando recém nascido eu entregava ele nos braços de uma desconhecida e fiquei sentada em uma  calçada chorando, sem ter amparo de ninguém, sem saber pra onde ir, totalmente na rua abandonada pelos homens, mas  amparada por Deus que esteve sempre presente na minha vida... naquele momento o mundo desabou e chorei copiosamente, agora de alegria porque meu menino havia crescido, caminhava com seus próprios pés e partia para um lugar onde tenho seu endereço, o número de seu celular e posso me comunicar com ele a hora que eu quiser porque ele já sabe falar. Retornei para minha casa tranquila. Missão cumprida. Todos os fantasmas agora foram embora. Vou viver uma vida diferente, aproveitar meus restinhos de vida que me restam  para recompensar os 45 anos de pesadelo.  Estou em paz. Tinha pedido a Deus que me mandasse meu filho e depois poderia me levar, hoje estou pedindo a Ele que esqueça ( o poderia me levar depois do encontro) porque quero aproveitar o restinho de minha vida ao seu lado, para acompanhar sua vida agora em diante, saber como está vivendo depois que me encontrou etc.

ATENÇÃO: Filhos adotivos que desejam conhecer seus pais biológicos. Nunca desistam, façam como Daniel, que me procurou, se esforçou, insistiu e persistiu. Tenham fé. Sei que muitos adotados não desejam saber quem foram seus pais biológicos, eu respeito porque: pais são os que criam, mas se sentirem vontade não percam a esperança porque DEUS É O DEUS DO IMPOSSÍVEL.

Aqui termino minha trajetória de vida. Agradeço primeiramente a Deus e segundo a meu filho Daniel que  procurou me  conhecer e graças a Deus sou muito grata, lhe pedi perdão pelo ato cometido na minha mais que adolescência porque eu tinha 22 anos quando engravidei. Quando uma mãe vem abandonar um filho é porque não teve o amparo de seu progenitor, e para que ela não se torne uma assassina cometendo um aborto, ou colocando em um tonel de lixo, ou em caixa de sapato em qualquer porta, ela procura o melhor para que seu filho seja educado. O meu por exemplo, é um menino de ouro, educado, fino, atencioso, carismático; os pais adotivos tiveram muito amor para ser o homem que ele é hoje. Aqui fica meus agradecimentos de coração aos seus pais, pena que não poderei abraçá-los para agradecer o quanto bem fizeram ao meu filho, contudo o Deus todo Poderoso irá recompensá-los com bênçãos dos céus. 

OBS: Essa não é uma obra de ficção e sim a conclusão de minha história, porque a partir de hoje não tenho mais nada a recordar e sim VIVER O DIA DE HOJE,  se algo de errado que eu for cometer falarei: NÃO IREI FAZER ISSO SÓ POR HOJE.