LER E OUVIR HISTÓRIAS FORTALECE A MENTE E O CORAÇÃO



























     Faz muitos dias que não tenho noticias suas. Meu pedacinho você não imagina o meu sofrimento e as lágrimas que tenho derramado por você, choro escondido para que Carlos não perceba. Só eu e Deus é quem sabe o que eu tenho passado. Tento me enganar. Faço com outra pessoa tudo aquilo que eu queria fazer com você, mas não tive chance. Ontem estudei com ele até 02: horas da manhã. Meu Deus como eu queria ter feito isso com você, mas você nunca deixou nunca me deu uma oportunidade de aproximação.
Sempre manteve distância de mim. Hoje faz sete meses e quatro dias que você foi embora. Não tenho mais objetivo de vida. Não tenho futuro, tudo está bom para mim, não faço nenhum plano, sou uma morta viva, vagando nesse mundo de meu Deus até chegar a hora da minha morte. Não vivo a vida, a vida é quem me leva tudo pra mim está bom. Se ao menos você me procurasse...
       Ah! Meu Deus como eu espero esse momento... Aí sim eu iria sorrir e como eu iria sorrir hoje choro, mas é assim mesmo. Amo-te de todo meu coração de toda minha alma jamais saísse do meu pensamento. O dia que você voltar eu estarei de braços abertos, mas é muito difícil mesmo assim te aguardo.
                                                    
  Tua mãe.

OBS: TENHO QUE ESPERAR DEITADA PORQUE EM PÉ IREI CANSAR.

                                                                  02/042003


    























Hoje 11 de outubro de 2004. Há exatamente dois anos que aconteceu um fato que não tem mais reparo. Não fui convidada para o casamento do meu único filho. É uma ferida que não cicatriza revivo todo o momento, todos os segundos. Faço tudo para esquecer, mas não consigo. Tenho tudo, nada me falta, mas a quem tanto amo não estar ao meu lado. Mesmo assim meu filho eu te amo, ti eu perdoou. Eu não sou digna de ser sua mãe, não fiz nada para que você se orgulhasse de mim não tiro sua razão de jeito nenhum e nem tão pouco lhe condeno, você fez certo.
     Como você no dia do seu casamento iria entrar numa igreja com mulher errada, os comentários iriam ser grande você só iria ter decepções, nem você se sentiria bem nem eu também, mas tudo passa e o seu casamento passou, foi tudo tão rápido, minutos apenas mas a recordação ficou para sempre. Não tem problema, todos os dias eu peço a Deus sua felicidade, que Deus lhe abençoe e lhe proteja, lhe dê saúde e felicidade.
            Não me esqueço de você um só segundo. Você é um filho muito bom é um homem honesto, sem vícios, Graças a Deus, viveu ao meu lado durante 28 anos no meio do cigarros, bebidas, vez por outra eu tomava minha cervejinha, mas nunca permiti que você fizesse o mesmo. Você sempre foi obediente e respeitador, nunca me deu um desgosto eu me orgulho de você o que você não pode dizer o mesmo de mim.
            A vida é assim, tive que passar por tudo isso e por coisas piores, mas estou viva Graças a Deus. Sinto-me sem objetivo nenhum na minha vida porque não vou vê meus netos, não vi seu casamento, não pude lhe formar, dá uma profissão digna de você, também com a minha vida errada como você teria cabeça para estudar?
            Embora tivesse um pequeno fiteiro onde de lá tirava nosso sustento, pagava água, luz, casa, seu colégio particular, feira, roupa, isso sem ajuda de ninguém fui uma guerreira, trabalhei só pra você, vendendo pipoca, balas, chicletes, revista e sempre fazendo crochê. Nossa como trabalhei sem ajuda de ninguém só a de Deus foi ele quem me ajudou e me deu muitos livramentos e consegui sobreviver e lhe criar.
As pessoas lhe criticam, mas o importante sou eu, você é meu filho amado, meu filho querido nunca teve seu carinho, mas hoje adotei um, ele brinca comigo, joga vídeo game, canastra, passeia de carro, sorrir, conversa... Nunca vi um sorriso seu, nem tão pouco lhe pude dar um abraço imagine um beijo de carinho te colocar no colo, porque você sempre me rejeitou, mais Deus o Todo Poderoso me confortou e quase não senti sua falta quando você foi embora porque assim que você se foi eu coloquei outro no seu lugar.
            Que Deus lhe proteja e prepare uma boa explicação pra quando seu filho nascer e um dia perguntar pela sua mãe espero que você tenha uma boa resposta para lhe dar. Já pensou quando ele olhar o álbum de casamento e perguntar pela avó? Quem você irá mostrar? Minha madrasta como avó? Ah! Meu filho o mundo está muito mudado e não faltará pessoa que irá contar a verdade, também com esse blog onde tenho tudo escrito vai ser fácil demais ele descobrir.

11/10/2004. 


 Hoje 2º domingo de maio de 2004 dia das mães. Amanheceu. Que dia lindo! Não choveu e para minha surpresa acordei com uma Banda Marcial tocando Minha Mãezinha querida. Que surpresa! Disse eu: meu filho me homenageou de uma maneira diferente, recompensou todos os anos.
      Quando terminou de tocar fiquei aguardando ele me chamar, mas aí caí na realidade era atrás da minha rua que um filho fez uma homenagem pra sua mãe, não chorei porque senti que era para mim e fiquei feliz. Hoje não tenho minha mãe mesmo ela sendo diferente das outras, mas eu queria tê-la ao meu lado. Não vou sair de casa, o dia hoje vai ser longo e até meia noite eu vou esperar um telefonema quem sabe meu filho se lembre daquela que lhe deu a vida e não venha me dar um abraço pelo menos.
    Estou feliz porque tomei conhecimento que ele está trabalhando é uma felicidade muito grande para mim. Bem, não estou a fim de escrever muito por isso vou parar por aqui, pedindo a Deus que Ele o abençoe me dê anos de vida e saúde para quem sabe um dia eu venha conhecer um filho que ainda não o conheço.

Obs.: Ione me passou uma mensagem fiquei feliz pelo menos sei que alguém se lembrou de mim, Carlos me deu um presente valioso estou num quarto muito aconchegante, ele construiu para evitar que subisse escada, estou feliz porque vou ter uma velhice tranquila, minha casa é um duplex daí ele fechou e a escadaria que era dentro de casa e fez no terraço e eu aluguei a parte de cima to tão contente pelo menos é um dinheirinho a mais que entra estou feliz.



Coitado de meu pai gastou o que tinha e o que não tinha.Tive hepatite isso em 1969.Essa doença era desconhecida alguns médicos falavam que era inteiriça mas na realidade esse nome é de outra doença.Os médicos eram bolivianos tinham vindo a cidade prestar serviços e ficaram comigo por uma semana e não conseguiu um diagnóstico correto, por isso me desenganou e me mandou imediatamente para Recife e papai me levou.
    Lembro-me de Ione calçando minhas meias até hoje não gosto de usar meia penso que vou morrer.Nossa fiquei no hospital e o médico queria me colocar no isolamento daí papai resolveu trazer-me de volta,o remédio foi muita glicose na veia,doce,água de coco,mimo do céu,lima, essa era minha alimentação.Passei seis meses nessa dieta,deitada em uma cama sem ao menos levantar o braço porque meu fígado estava se desmanchando e mamãe me dava banho de álcool, aí meu Deus seis meses depois foi que comecei a dar os primeiros passos bem lentos.

   Mamãe era crente e fez um voto a Deus para que se eu ficasse boa minha primeira caminhada seria a Igreja,esse voto foi cumprido.Eu fiquei membro da Igreja, cantava hinos de louvores a Deus, mas sempre fui danada quando chegava o carnaval, ficava louca para sair dançando nos blocos de rua, me pintar,etc. e tal.E eu fui crescendo,trabalhando,estudando e fazendo tricô,crochê,bordado só não aprendi a costurar porque mamãe falava que vida de costureira era muito ruim, gostava muito de jogar bola de gude e por  falar em bola de gude vou contar uma:
   Numa manhã de quarta feira eu fui ficar com papai na feira porque ele vendia inhame e batata, daí eu vi um banco onde tinha muitas mercadorias,inclusive bola de gude, não pensei duas vezes, passei a mão (pra não dizer roubei termo muito pesado) e joguei na frente de nossa casa.Horas depois corri para os coqueiros onde eu havia jogado e com aquele ar de espanto parecendo já um atriz de novela global gritei:
__ mamãe,mamãe olhe o que eu achei.
__ Onde você encontrou? perguntou mamãe.
__ Aqui nos coqueiros, respondi.
__ Inajá as bolas estão novinhas me conte essa estória direito, falou mamãe.
   E eu trêmula contei a verdade.Resultado: oito dias após ela me levou de banco em banco e contava a estória, quase morri de vergonha e nunca mais peguei objeto nenhum.Sabe eu nunca condenei minha mãe por ter feito isso comigo, caso contrário hoje eu poderia ser até uma assaltante, vocês não imaginam o bem que mamãe me fez, na época eu quase morro de vergonha, chorei muito, hoje só tenho que agradecer porque posso ver o que for não me pertence, não pego.Eu tinha uns seis anos mais ou menos e isso me serviu de lição.

OBS.Soube depois que o médico falou pra papai se eu ficasse boa iria ficar com sequelas, e não é que fiquei mesmo. Se eu tiver um susto morro de dor de barriga,minha mente ficou meia destrambelhada, eu acho que essas loucuras todas que fiz e ainda faço faz parte da minha doença e sabendo desse fato aí é que me aproveito mesmo.( Risos)







    ... Queria ter meu filho eu amava loucamente o Jaime e mamãe queria que eu abortasse mesmo assim ela me levou pra visitar o Pastor João Campos onde ele aconselhou me deixar fazer o que quisesse. Incomodada ela se foi, não era aquilo que ela queria ouvir. Em casa papai aguardava a minha chegada porque já se aproximava o Ano Novo. Dia 28 Dezembro de 1973, Jaime chegou com as passagens e fomos para rodoviária. No caminho ele falou que a confusão tinha sido muito grande entre ele e a mulher porque ela não queria que ele a deixasse.

      Papai já estava sabendo de tudo e foi aquele reboliço. Quando chegamos à rodoviária prendi meus cabelos, coloquei um chapéu, batom e me tornei uma pessoa adulta. Ele colocou meu nome como se fosse irmã dele. Morrendo de medo olhando para os lados temendo que papai estivesse por perto entrei no ônibus. Meu Deus que demora! Quando o ônibus saiu bem devagar eu senti um aperto no coração. Estava indo embora com meu amor pra bem longe São Paulo e jamais voltaria iria fazer minha vida por lá. Viajamos três dias, chegamos lá as 14 horas do dia 31 de dezembro de 1973.
       Fomos para um hotel onde nos hospedamos por uma noite e o dinheiro era pago adiantado. Quando rompeu ano comecei a ouvir as bombas de artifícios, aquilo me deu um desgosto profundo porque me lembrei de papai, mamãe, depois tomei conhecimento que papai chorava como uma criança de tanto sofrimento, mesmo assim tentei esquecer o passado e me entreguei ao Jaime de corpo e alma.
       Fizemos um amor gostoso que quebramos a cama. Dia seguinte acordamos cedo e fomos para Cubatão. Sem ter nenhum conhecimento alugamos um quarto na casa de uma pensionista. Ele arranjou um emprego de manobrista em uma Empresa Santo Cubatão. Ele saía a noite e só voltava no dia seguinte, eu como não tinha televisão ficava assistindo na casa da dona e isso estava incomodando muito ele porque pelo seu gosto eu ficaria trancada.


OBS: Quis colocar a Pedra do Navio e a Matriz porque eram os dois lugares mais frequentados por mim e Jaime. A tarde dava uma fugidinha para detrás da Igreja por ser deserto e a noite curtíamos na Pedra do Navio, tempo bom........






     ...Compramos um fogão de duas bocas umas panelas e eu fazia o almoço e colocava na geladeira da dona da casa, Jaime um ciúme doentio porque eu conversava com o filho dela começou a me maltratar. Sabe às vezes me dava vontade de sair de casa, passear, mas não podia porque Jaime não deixava. Daí começou os aborrecimentos porque ele precisou da certidão de casamento e teve que mandar buscar aí a mulher não quis mandar porque pensava que eu iria passar pela mulher dele. Não sei o que deu em mim, comecei a sentir saudade de casa queria voltar pedir perdão aos meus pais e continuar morando em casa, eu não estava preparada para aquela vida, Jaime estava mudado, desesperado porque eu queria voltar e as brigas começaram até que um dia ele recebeu uma carta e ficou completamente angustiado, ele não deixou eu ler e tudo mudou.
            Fez acordo na empresa onde trabalhava recebeu o dinheiro e disse que nós iríamos voltar e não pagou o aluguel do quarto me lembro de que ele me desceu pela janela e jogou as malas e nós fugimos pense numa aventura. Coitada da dona da casa quando nos procurou já estávamos longe.
            No caminho já notei ele diferente, ele já conversava coisas que eu não queria ouvir. Estava próximo o carnaval. A viajem foi mais longa do que eu pensava, nossa como demorava eu estava louca pra vê minha mãe meu pai,contar a eles como foi ruim o que eu havia feito. Na minha inocência tudo voltaria ao normal.Quanto engano.Tudo estava mudado.A primeira mudança foi na rodoviária quando chegamos.
__Eu falei : e agora Jaime como vau fazer?
__Ele respondeu: to voltando pra casa.
__Daí eu falei: e eu?
__Respondeu: ti vira.
__Nossa você me manda me virar? Que vou fazer agora? Estou grávida, sem poder voltar pra casa, eu tinha um futuro todo pela frente, esse ano iria me formar em professora uma profissão certa e ao invés disso vou ter um filho, e você me manda me virar?
__É vai ser rapariga que é uma profissão também.Pensei dentro de mim:
            Toma nojenta, bonito pra tua cara, tu não estavas quieta no teu canto, ninguém sabia que tu eras mulher dele antes dele casar, tava tudo abafadinho tinha nada de tu aceitares a chantagem desse sujeito,.... Meu Deus e agora um filho na barriga, sem um tostão pra onde vou?Tinha a casa de Laís. E foi pra lá onde fui recebida bem, e ele foi pra Bom-Jardim.




Já tinha 13 anos quando conheci Jaime, um rapaz muito bonito onde por ele fui me apaixonar. Eu era uma  criança, nada sabia da vida e ele um adulto porque tinha 20 anos. Papai e mamãe não queriam que nós namorássemos enquanto fosse criança, tinha primeiro que estudar, se formar, para depois pensar em casamento ou namoro.
            Eu tomava conta da barraca de papai. Já não ia mais para o sitio com freqncia, na barraca era melhor pra mim, porque ao invés de plantar milho, colher algodão, etc. eu vendia: doce, cana, pão, coco e caldo de cana, naquela época o moinho era manual, tão pesado, mas depois papai comprou um elétrico, aí foi outra coisa era só ligar na chave e a cana passava suavemente. Foi nessa barraca onde aprendi muitas coisas, que prestavam e não prestavam.
            Havia um cabaré bem perto que se chamava TRES COCOS. As putas ou raparigas como eram chamadas naquela época década de 60 e 70 o regulamento era muito rígido, a descriminação era muito grande e quase não as víamos nas ruas. Lembro-me das músicas no auge do sucesso: Baltazar (Sara, Passagem só de ida) Renato e seus Blues Cats que cantava Menina Linda e etc. e tal. Meus amigos eram homens e eu desconfiava dentro de mim que não iria ter uma vida certinha como mamãe queria, (dizia a Laís minha irmã mais velha) que quando crescesse ou melhor quando ficasse de maior idade eu iria alugar uma casa e morar sozinha, poderia namorar quantos homens eu quisesse e fazer o que eu quisesse sem ser subordinada a ninguém. O tempo passou e eu adoeci.

Que poderia dizer do Natal? Famílias hipócritas reunidas num único dia? E as trocas de presentes? Anuais, alguns quando recebem até falam mal por não ter gostado e chamam até de unhas de fome, to mentindo? Outros dão Graças a Deus por receber aquele humilde presente porque foi lembrado, mas nessa sociedade imunda em que vivemos tudo é possível. Ora por que só reunião de família no Natal? Passam o ano inteiro sem ao menos uma comunicação e quando chega o final do ano, beijos, abraços, presentes tudo na base da falsidade. Eu não tenho família para tais reuniões, num mundo tão grande só me restou aqui na terra uma irmã que mora bem pertinho de mim mas nunca tem tempo de vir na minha casa, sou eu quem faço as visitas e meus quatro sobrinhos, destacando um que em  todas as horas que preciso está sempre pronto a me ajudar e nunca esquece de me presentear no Natal, não se envergonha de mim chegando até a pedir a benção coisa muito rara nos dias de hoje, que Deus o abençoe dando longa vida, paz e prosperidade e saúde que é o principal.

Meu marido que está sempre do meu lado nos dias chuvosos e ensolarados aturando minhas antipatias e escutando sempre histórias repetidas onde conto várias vezes a mesma coisa e atenciosamente escuta sem reclamar. Tenho Samy meu cachorro pequinês que está comigo há 8 anos que eu amo muito, Salete e Steffany duas cachorras linda da raça Fox paulistinha  e meus periquitos. Esta é minha família. Por que não gosto do Natal? Por que foi justamente nesse dia que tive um filho e por não ter condições de criá-lo e pra não fazer um aborto resolvi tê-lo e doá-lo como se fosse um cachorrinho ou um gatinho. Que barbaridade! Hoje crio três cachorros, não é interessante?
Que alegria eu terei em sair de casa pra ir à casa de outras pessoas e comemorar o Natal onde é só uma noite? Deixe-me ficar na minha casinha fazendo o que gosto que é justamente crochê. Nossa é uma diversão para mim e sinto-me feliz. Na hora da ceia eu choro. Choro porque meus entes queridos não estão ao meu lado. Meu pai que nunca gostou de mim devido minha vida errada que para mim era certíssima, mamãe que também sempre me apelidou e eu tinha pavor quando ela me chamada por aquele nome ridículo, (papada) ou então (você veio na cheia) meu avô pai Joca esse sim eu o amava de coração foi quem me estendeu a mão quando eu precisei mesmo dormindo em uma marquise (era um sofá de madeira) nossa como doía minhas costas, mas pelo menos não estava ao relento.
Sinto falta de Ilna, muita falta mesmo sendo uma peste, que até tentou me matar, mas era uma irmã que me divertia com ela principalmente quando ia para o Recife passar dias com ela e jogávamos canastra até o amanhecer era muito bom. Quando estava com qualquer problema corria pra lá, mas Deus que sabe de todas as coisas levou todos eles, agora papai eu vou sentir muito porque esse é o primeiro ano sem o senhor, quase não ia à sua casa e quando eu telefonava ele falava que não precisava ta ligando direto parece que minha voz o incomodava, mas no dia em que ele morreu eu liguei pra ele quatro vezes e no final da tarde tive a noticia que ele havia morrido, eu não esperava que ele enfartasse, porém foi melhor assim, pelo menos não deu trabalho a ninguém.
            Agora cá estou não tenho que reclamar de minha vida, esse ano foram realizados todos os meus sonhos, ou melhor, a maior parte daquilo que pretendia fazer, ficou pouca coisa para o ano vindouro e se Deus quiser irá ser o ano de minha formatura onde irei terminar meu curso superior mesmo estando com 55 anos, mas irei conseguir fazer uma coisa que tanto tentei e fui impedida.
            Resumindo a minha noite de Natal: tenho minha saúde, sou perfeita, um marido que trabalha pra me sustentar, não tenho apelidos nem ninguém para me podar quando quero fazer qualquer coisa, não tenho obrigação de nada, em fim uma velhice tranquila, acordo a hora que eu quiser, o almoço é feito quando quero, saiu sem ter hora para chegar LIVRE COMO UMA GAIVOTA.

                        Sou feliz como sou.
                                                                       22/12/2010



            Hoje 22 de Novembro de 2002, continuo pensando em você. Tomei conhecimento agora que você passou em frente a nossa casa, fico tão triste em saber que você morou aqui nessa casa por 14 aos e agora passa como se nunca conhecesse local. Graças a Deus eu não vi você porque passo o tempo todo trancada. A saudade é grande, mas peço a Deus o Pai Todo Poderoso que lhe abençoe e lhe guarde. Espero que Deus nunca deixe lhe faltar nada a minha felicidade depende da sua felicidade se você estiver feliz eu me alegro se estiver triste entristeço também, portanto Deus te abençoe e te faça feliz.
22/11/2002  ( 14h00min)

Hoje 21 de Novembro de 2002 faz exatamente um mês e dez dias que você se casou e até hoje não sei nada de sua vida. De inicio não sentia sua falta porque a ferida estava tão grande, sangrando, inflamado, mas agora está sarado porque tudo passou daí não consigo lhe esquecer, vou ao supermercado compro biscoito recheado, yorgut, maça, uva, todinho tudo isso me lembra de você.
            Meu Deus como a casa está vazia! Como sinto sua falta. Não me esqueço de você um só segundo. Não procuro você e não vou lhe procurar porque o filho tem que procurar a mãe, não à mãe o filho, você é muito ingrato, um dia você vai me procurar então será tarde demais. Nessa vida a gente não leva nada. É uma vida tão curta, a gente não sabe o dia do amanhã e por que tanta briga tanta desavença entre nós.O natal aproxima-se, meu Deus eu não sei o que fazer... Não quero escrever mais. Tô com raiva muita raiva muita raiva.
           
                              21/11/2002 as 21:30 min.





          No dia 20 de Novembro de 1972 foi o casamento de LAÍS minha irmã mais velha. Mamãe não queria me deixar ir. Chorei tanto, porque ela não fez um vestido novo para mim. Nós éramos pobres, mas dava pra ela ter feito, como ela não queria que eu fosse não fez, contudo eu havia desfilado no dia 7 de setembro e foi um vestido verde cheio de florzinha branca, tinha também um gorrinho, daí nem me incomodei, vesti e  me achei bastante alinhada para ir a esse casamento.
            Depois de muito implorar ela deixou não sei que milagre porque a palavra dela era de Rainha depois que ela falava não, só Deus descendo do céu pra ela dizer sim. Meu Deus eu nem vi quando Laís entrou na Igreja porque quando Jaime me viu mandou um recado então eu corri para lhe encontrar num antigo ginásio e pela primeira vez depois que ele casou (lembrando que ele havia casado no dia 19 de Julho de 1972). A filha dele tinha nascido e ele aproveitou pra me dizer que não estava bem e que eu tinha de voltar pra ele chegou a fazer chantagem comigo caso eu não o quisesse contaria ao mundo inteiro que eu já era mulher dele.
             Feito uma idiota, uma boba, inexperiente temi e começou tudo outra vez. Não suporto chantagem, quando alguém quer me chantagear eu prefiro falar a verdade é tanto que hoje em dia minha vida é um livro aberto e eu não escondo mais nada de ninguém mesmo sabendo que o que eu fiz foi errado, mas conto eu não quero nem saber... Ficamos nos encontrando sem haver nenhuma relação amorosa, mamãe havia feito uma cirurgia e não podia ter contrariedade nenhuma e papai coitado continuava no sítio e eu com a responsabilidade na barraca porque ficava lá pela manhã e a tarde era papai.             
          Nesse período só éramos três. Ilna ainda pequena, mas o cão de ruim sempre me tocaiando, Iara também era outra não me davam sossego e eu sofria muito calada até que a segunda filha de Jaime nasceu. Aí piorou a situação, ele já tinha duas filhas, eu não poderia destruir o lar dele. Esta menina era especial e sempre tinha que ser internada. Nosso encontro agora era noturno. Ele havia comprado um carro Aerowilles vermelho e mandou escrever no para choque SESSÃO BACURAU só eu e ele sabíamos o significado daquela frase. A noite tomava meu banho e dormia no quarto da frente que tinha uma janela que dava pra rua. Ficava aguardando o sinal, nesse caso era uma folha de mangueira que ele colocava pela fresta da janela.
            Bem sutil me levantava abria a janela escorava e saia ao encontro dele e muitas vezes mamãe estava assistindo televisão porque ela tinha muita insônia, lá pelas 3 horas da madrugada era que eu chegava. Lembro-me que um dia, ou seja, numa sexta-feira eu saí e fui dormir na casa dele porque a mulher estava no hospital com a filha doente, nesta noite perdemos a hora, o dia já estava amanhecido. Como eu iria chegar em casa agora?  Nessas alturas papai já estava acordado para ir à feira porque ele vendia batata e cará e iria me flagrar. Entrei bem devagar e quando me deito escuto a voz de papai: 
Já vou Dos Anjos, daí eu falei aliviada: dessa vez eu escapei por um tris.